Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do país, corre o risco de não ter gado suficiente para o abate. É o que afirma Paulo Bellincanta, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do estado (Sindifrigo-MT).
Segundo o sindicato, a arroba do boi, com atraso de anos, atingiu os patamares dos preços internacionais e permanecerá neles. Este fato exigiu o ajuste no preço da carne para o mercado interno, o que ocorreu de maneira muito rápida em um momento em que a economia sofre com a realidade da pandemia.
Bellincanta afirma que a falta de matéria-prima tem trazido sérios problemas ao setor.
‘O desequilíbrio entre a exportação e o mercado interno tem provocado um desequilíbrio maior ainda entre empresas exportadoras e não exportadoras’, diz o presidente.
O presidente do sindicato aponta que, do outro lado do consumo está o produtor do “boi”, concorrendo com o produtor de grãos que fatura 5 ou 6 vezes mais que ele e que não perde oportunidade de ‘assedia-lo’ para alugar suas terras.
Em meio a estes ajustes cíclicos do setor, agravados por contextos externos, está a indústria frigorífica, e como outra qualquer com seus custos fixos, normalmente altos, e depende de um grau mínimo de utilização para cobrir essas despesas.
As 33 indústrias frigoríficas instaladas em Mato Grosso trabalharam em 2020 com apenas 58,57% de capacidade.
Do ano de 2018, os frigoríficos abateram cerca de 5.310.000 animais, arrecadando R$ 297 milhões, saltando no ano de 2020 para R$ 432 milhões, com apenas 5.126.000 animais abatidos.
Paulo explica que, “mesmo com a redução no número de abate, a arrecadação aumentou em 45%, em decorrência dos preços maiores. Bons números a serem comemorados, se não fossem os problemas que atingem a indústria no estado”.
A falta da matéria prima traz uma concorrência entre as indústrias com difícil solução no curto prazo. A indústria exportadora que vende em dólar seus produtos tem uma margem de ajuste muito superior àqueles que dependem apenas do mercado nacional.
A volta da oferta, a níveis em que as empresas retomassem sua capacidade instalada entre 75% a 80%, poderia tornar a concorrência mais equilibrada.
Conforme o sindicato, a maioria das empresas que não são exportadoras têm sua folha de pagamento com valor abaixo do que é recolhido no ICMS. Levando em consideração que a indústria frigorífica tem elevado número de colaboradores, não seria normal esta situação.
A indústria frigorífica emprega hoje no estado 25.560 colaboradores diretos e movimenta um número incontável de atividades paralelas. Algumas cidades no interior têm no frigorífico sua maior renda e emprego, girando em torno dele comunidades inteiras.
Fonte: G1.