Os frigoríficos brasileiros estão com dificuldades de renovar as exportações de carnes. Após um ”boom” nas vendas para o mercado externo no ano passado, os frigoríficos começaram a sentir que a taxa de câmbio atual pode levar o setor a ter prejuízos daqui para frente. Além do câmbio, a retomada do Uruguai e Argentina no mercado externo acirra a competitividade nas vendas de carne.
Para o analista da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz, as exportações de carnes em geral devem recuar este ano. Ao contrário do ano passado, quando as exportações de carne bovina somaram 503 mil toneladas e o faturamento atingiu US$ 1 bilhão, a previsão para este ano é de queda nas exportações, prevê.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Carne do Paraná (Sindicarnes), Péricles Salazar, após os investimentos feitos na área sanitária para a conquista do mercado externo, a queda no valor do câmbio mostra que daqui para frente a guerra será comercial. ”A barreira sanitária foi vencida, agora temos que vencer a guerra no mercado”, salienta.
E essa guerra já começou. Em São Paulo os frigoríficos estão pagando US$ 19 a arroba do boi ao pecuarista. Ocorre que a Argentina, que entrou há três semanas no mercado externo, está oferecendo a carne a US$ 13 a arroba. O problema é que a Argentina já tinha mercado cativo antes de suspender as exportações em função de focos de febre aftosa. ”Com tradição no mercado e preços atraentes, a tendência dos argentinos é retomar antigos mercados”, prevê Salazar.
Já o consultor acredita que não será tão fácil assim para os argentinos conquistarem antigos clientes de imediato em função da desorganização da economia do País. Mas ele não descarta que, no segundo semestre deste ano, a Argentina possa recuperar mercados que hoje são ocupados pelos frigoríficos brasileiros.
Para enfrentar a guerra comercial e estimular as exportações o presidente do Sindicarnes defende a formação de uma agência paranaense formada pelo poder público e iniciativa privada.
Preço deve cair no varejo
Com a queda nas exportações de carnes, os frigoríficos devem desovar a produção no mercado interno. O aumento da oferta de produto deve resultar em queda nos preços das carnes de boi, aves e de suínos, prevê José Vicente Ferraz. Ele não descarta a volta de promoções de carnes até o mercado atingir o equilíbrio entre a produção e oferta.
A queda nas exportações já está refletindo no mercado do boi. Em São Paulo, onde a arroba já chegou a ser negociada até a R$ 47,00, ontem os negócios foram fechados em R$ 43,00. No Paraná a arroba foi cotada a R$ 43,00. Segundo o Sindicarnes, em algumas praças os preços chegaram a cair até R$ 38,00 a arroba no Estado do Paraná.
Fonte: Folha de Londrina (por Vânia Casado), adaptado por Equipe BeefPoint