O frigorífico Goiás Carne admitiu ontem que pode interromper o abate de animais a partir da próxima segunda-feira (22), caso continue a greve dos fiscais federais agropecuários.
O representante do Goiás Carne para o Mercado Externo, Jorge Jonas Zabrocks, afirma que a empresa já está com suas câmaras frias lotadas, além de 20 carretas frigoríficas que se encontram no pátio à espera de certificação das cargas para exportação. “Amanhã (hoje) esgotaremos toda a nossa capacidade de estocagem de carne e não teremos outra alternativa senão interromper o abate”.
Segundo Zabrocks, o frigorífico exporta, mensalmente, 2,5 mil toneladas de carnes para vários países, mas os embarques diários vêm atrasando desde o início da greve devido às dificuldades na expedição dos certificados para exportação. Embora evite dar números, o representante diz que os prejuízos da empresa são elevados e tendem a agravar-se na medida em que se prolonga a greve. Ele admite também que esse tipo de situação pode levar à perda de mercado pela empresa, “pois o cliente que precisa da carne vai comprá-la onde o produto estiver disponível”.
Para o executivo, a expectativa da empresa é de que o governo procure uma solução rápida para o problema, até porque a greve não foi uma surpresa, tendo em vista que desde 2001 os fiscais agropecuários vêm reivindicando equiparação salarial com outras categorias similares.
O presidente da Associação dos Fiscais Federais Agropecuários do Mapa em Goiás (Affama-GO), Aderivaldo Alves Vilela, diz que a situação do Goiás Carne é mais ou menos semelhante a de todos os frigoríficos exportadores do estado. Segundo ele, a greve mobiliza praticamente 100% dos fiscais, que mantêm apenas 30% das suas atividades, em cumprimento ao que determina a legislação em vigor. Pela primeira vez, desde o início do movimento, Vilela reclamou de pressões do delegado federal da Agricultura em Goiás, Helvécio Magalhães, que admitira a hipótese de contratar profissionais para substituir os servidores em greve.
O delegado afirma, entretanto, que as atividades dos fiscais no interior estão praticamente normais, razão pela qual não foi preciso ainda contratar serviços de terceiros. Segundo ele, tais contratações são permitidas pela Lei 7.783/89, sempre que houver risco de prejuízos irreversíveis, deterioração de bens etc., em função de greve.
Magalhães encaminhou à direção do ministério, em Brasília, um relatório da atividades de inspeção desde o início da greve atestando a relativa normalidade do serviço em Goiás. Consta do relatório, por exemplo, que nos dias 15, 16 e 17 o frigorífico Friboi abateu, respectivamente, 1.514, 1.537 e 1.536 bovinos. Nesses mesmos dias, a Perdigão abateu 292 mil, 100 mil e 253 mil aves; e 3.795, 3.407 e 3.275 suínos. O Goiás Carne, por sua vez, abateu 824, 762 e 828 bovinos.
Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint