O Fórum Nacional da Pecuária de Corte encaminhou ofício ao ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, solicitando a implantação de um sistema nacional de classificação de carcaças bovinas. O assunto, sempre recorrente na cadeia produtiva da carne, voltou ao topo das discussões na semana passada, quando diversos frigoríficos goianos rebaixaram a cotação do boi cruzado e até recusaram a oferta desses animais para abate, alegando que, na desossa, não apresentam o mesmo rendimento de raças específicas para corte, como é o caso do Nelore.
“Não estamos inventando nada de novo, mas apenas pedindo que seja implementado um programa que já está definido legalmente em portaria do próprio Ministério da Agricultura”, diz o coordenador do fórum, Antenor Nogueira. Segundo ele, a classificação de carcaça representará mais um passo na modernização da nossa pecuária de corte e evitará que a indústria frigorífica continue praticando abusos no mercado de boi gordo, com graves prejuízos para os pecuaristas.
Reivindicação
Antenor Nogueira admite que os frigoríficos goianos voltaram atrás na decisão de depreciar o boi cruzado, mas argumenta que isso não deve desmotivar os pecuaristas a continuar reivindicando o sistema de classificação. “A indústria retirou a restrição agora, mas nada nos garante que não venha a adotar a mesma prática no futuro, talvez em momento até mais crucial para o produtor”, diz.
“Sempre que as coisas não vão bem para o pecuarista, a indústria não só deixa de prestar-lhe qualquer solidariedade como procura tirar algum proveito da situação, como foi o caso agora, em que reduziu a cotação do boi cruzado porque havia excesso na oferta de animais e o mercado sinalizava queda nos preços da arroba”, ressalta Nogueira, argumentando que a depreciação do boi cruzado atinge com maior rigor o pequeno e o médio pecuarista, que em geral possuem rebanhos mestiços da raça holandesa porque também produzem leite.
O coordenador do fórum diz que também encaminhou expediente ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, solicitando apoio à implantação de um Programa de Classificação do Couro. Segundo Antenor Nogueira, a indústria de curtumes perde anualmente cerca de R$ 1 bilhão devido a defeitos na matéria-prima, o que pode ser resolvido com medidas que premiem a boa qualidade do couro produzido no País. Em seu ofício, o coordenador do fórum agradece ao ministro o esforço para eliminar o imposto sobre exportação de couro, que ao reduzir a competitividade do produto nacional no exterior, faz aumentar a oferta interna, determinando a queda dos preços.
Fonte: O Popular / GO, adaptado por Equipe BeefPoint