O governo brasileiro, em parceria com a iniciativa privada, iniciará imediatamente uma forte ofensiva em busca de mercados para a carne bovina brasileira a partir das novas oportunidades de negócios criadas com a confirmação de um caso de “vaca louca” (Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB) nos Estados Unidos.
A informação foi divulgada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, após presidir ontem uma reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina.
Como potenciais novos mercados, Rodrigues destacou o Japão, a Coréia e Taiwan, que estão entre os principais compradores da carne bovina norte-americana. O Brasil também pretende intensificar as negociações com o governo russo para revisão das cotas fixadas para importação de carne suína e de frango.
Ainda neste mês, uma missão brasileira desembarca na Rússia para tentar ampliar a cota estabelecida. Segundo o ministro, uma eventual queda no consumo de carne bovina pode beneficiar as cadeias produtivas de carnes de frango e suína, considerando também um possível aumento do consumo de ração de proteína vegetal, como soja e milho.
A ofensiva para buscar novos mercados inclui a criação, no âmbito da Câmara Setorial, de três grupos de trabalhos para tratar especificamente das questões emergenciais que envolvem o assunto. O primeiro grupo preparará um conjunto de recomendações técnicas para prevenção da doença; outro será encarregado de elaborar um plano de ação de marketing para divulgar aos mercados consumidores as vantagens competitivas da carne brasileira; e o terceiro grupo cuidará do planejamento estratégico para a defesa sanitária, discutindo, inclusive, a necessidade de mais recursos.
O ministro negocia um aporte adicional de R$ 60 milhões no orçamento para a defesa sanitária em 2004, além dos R$ 68 milhões já definidos.
Até quinta-feira (08), Rodrigues deverá receber um relatório com as propostas da Câmara Setorial. Com o resultado dos trabalhos, o governo definirá quais ações de mercado e de defesa sanitária serão desenvolvidas para a conquista de novos mercados. Na avaliação do ministro, há possibilidade de crescimento de até 15% nas exportações.
Ele reiterou que o Brasil fará um trabalho forte de prevenção à “vaca louca”, mas destacou que não há risco para o consumidor brasileiro. “Não existe ‘vaca louca’ no Brasil. Nosso gado é criado a pasto, o chamado ‘boi verde’, que não consome ração animal”.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, com receita estimada em US$ 1,5 bilhão no ano de 2003, com embarque de 1,2 milhão de toneladas. Apesar do resultado, o país só tem acesso a 50% dos mercados importadores.
Encontro
Um grupo de onze parlamentares americanos, liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Dennis Hastert, reúne-se hoje, em Brasília, com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, para discutir assuntos comerciais de interesse bilateral.
Um dos temas em pauta deverá ser a possibilidade de o Brasil vender carne bovina in natura para o mercado americano, negócio que volta a ganhar força com o surgimento do caso de “vaca louca” nos EUA.
Além de Rodrigues, devem participar da audiência com os americanos o secretário-executivo do ministério, José Amauri Dimarzio, e o secretário de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano, entre outras autoridades.
Fonte do Ministério disse que é esperada para este início de ano uma nova missão do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) encarregada de vistoriar frigoríficos que exportariam carne in natura para os Estados Unidos, mercado para o qual o Brasil só vende carne industrializada. Atualmente, está em curso o processo de análise de risco para aftosa do rebanho brasileiro.
Fonte: Mapa e Valor OnLine (por Francisco Góes), adaptado por Equipe BeefPoint