O Brasil conseguiu que o Grupo de Ottawa, uma aliança de países que defendem o fortalecimento e a modernização da Organização Mundial do Comércio (OMC), pela primeira vez se manifestasse sobre agricultura, na prática legitimando a inclusão do tema em qualquer reforma na entidade global.
O Grupo de Ottawa foi criado em outubro de 2018, em contraposição a movimentos dos EUA de asfixiar a OMC, uma entidade chave para a estabilidade da economia mundial. Em reunião ministerial virtual, os 13 membros da aliança, incluindo a União Europeia (27 países), se comprometeram com ações em seis áreas para abordar os desafios enfrentados no comércio internacional por causa da pandemia.
Segundo fontes, a diferença, desta vez, é que o Brasil obteve dos parceiros a inclusão do sensível tema agrícola na pauta. Outros exportadores, como Austrália, Nova Zelândia e Canadá, apoiavam a iniciativa, sem muito esforço. Do outro lado, importadores como Japão e Suíça resistiam a ações nessa área.
Os ministros concordaram em instruir os negociadores a preparar uma declaração pela manutenção de um mercado aberto e previsível para o comércio agrícola e de produtos agro-alimentares; liderar pelo exemplo, com retirada ou eliminação o mais rapidamente possível de qualquer medida emergencial introduzida em resposta à covid-19 que possa ter afetado o comércio agrícola internacional; e avançar na analise sobre os próximos passos que os países da OMC devem dar para, aproveitando lições da atual crise, melhorar o comércio agrícola e manter a estabilidade dos mercados agrícolas no longo prazo.
Na prática, atrás da linguagem diplomática muito cuidadosa, o Grupo de Ottawa, por pressão brasileira, “legitimou” a agricultura no processo de reformas da OMC, avaliam fontes. Ou seja, a agricultura fará parte de qualquer cenário negociador, seja em casos de emergência, como agora, seja de longo prazo.
Os ministros de Comércio do grupo também se comprometeram em “acelerar e priorizar” discussões plurilaterais sobre comércio eletrônico na OMC, na expectativa de obterem progressos até a conferência ministerial de 2021. O Grupo de Ottawa é formado por Austrália, Brasil, Canadá, Chile, UE (27 países), Coreia do Sul, Japão, Quênia, México, Noruega, Nova Zelândia, Cingapura e Suíça.
Fonte: Valor Econômico.