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MT: confinamento recua 11,3% em 2014

Ao longo do mês de outubro de 2014 foi realizado o último levantamento da intenção de confinamento no Estado de Mato Grosso. A pesquisa foi conduzida por meio de ligações aos técnicos, gerentes e proprietários de unidades confinadoras do Estado. Ao todo foram entrevistados 60% dos confinamentos de uma base de 206 unidades em todas as regiões do Estado.

Ao contrário do que foi constatado nas intenções de confinamento de julho/14, quando o total de animais destinados ao regime fechado de alimentação era de 745,58 mil cabeças, o total de animais nos confinamentos de Mato Grosso em 2014 foi de 636,66 mil cabeças. Este valor foi 11,3% menor frente às 717,82 mil cabeças apuradas em 2013.

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Esta menor quantidade de animais destinados aos confinamentos mato-grossenses vai de encontro com o cenário de menor oferta de animais que, de modo geral, tem sido relatado pelos agentes de mercado contatados pelo Imea nas cotações de preços diários e que é o principal motivo da elevação recorde no preço da arroba.

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Dentre as sete macrorregiões consideradas pelo Imea, as cinco principais apresentaram quedas consistentes no montante de animais confinados. Destaque para a região centro-sul que teve seu volume reduzido em 25,6%, passando de 122,74 para 91,28 mil cabeças entre 2013 e 2014, respectivamente. A principal região confinadora do Estado, a médio-norte, teve uma redução de 13,0% no total de cabeças fechadas no cocho frente a 2013, confinando 153,06 mil cabeças este ano. Este cenário de diminuição do total confinado se repetiu por dois anos seguidos nas principais regiões.

Imea 3

Por outro lado, as regiões menos expressivas no total de animais vêm apresentando aumentos consecutivos nos últimos dois anos, sendo elas norte e noroeste. Em expressividade a região norte surpreendeu, tendo em vista que do ano passado para cá o montante de animais mais que triplicou, passando de 11,30 para 34,80 mil cabeças. A região noroeste também apresentou aumento expressivo, passando de 4,0 para 6,4 mil cabeças, um aumento de 60,0%.

Na Tabela 2 estão as previsões feitas nos levantamentos de abril/14 e julho/14 e o fechamento realizado em outubro/14. Diante dos preços crescentes da arroba do boi no fim do primeiro semestre, a expectativa era de confinar mais animais que o ano passado, porém, devido às circunstâncias de mercado do segundo semestre, quando os preços da reposição ficaram cada vez maiores, os confinadores “frearam” seus investimentos, o que ocasionou a diminuição dos animais no cocho, tendo em vista que a oferta esteve e continua restrita. Isso só comprova a maturidade dos confinadores estaduais em relação a estratégia de confinar ou não a boiada no cocho.

Essa menor quantidade de animais confinados constatada na pesquisa implicou em uma menor utilização da capacidade estática dos confinamentos do Estado, de forma que em 2014 a utilização foi de 75,0%, ao passo que em 2013 havia sido de 81,0%. As principais regiões, elencadas anteriormente, foram as que mais contribuíram para esta queda de 6,0 pontos percentuais, já que tiveram queda nos animais confinados e é onde está concentrada a maior capacidade estática de Mato Grosso.

Imea 4

A utilização foi menor mesmo com a capacidade estática tendo diminuído. Alguns confinadores tomaram a decisão de abandonar a atividade por motivos diversos, mas de uma forma geral os grandes confinamentos tiveram problemas ambientais ou trocaram o sistema de produção para a engorda em pasto. Em 2014 a capacidade estática foi de 846,7 mil cabeças, valor 5,0% menor que 2013, que era de 891,4 mil cabeças. Esta capacidade fica abaixo, inclusive, do ano de 2012 quando o Estado era capaz de suportar 850,5 mil cabeças.

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Devido às condições de mercado adversas no início do planejamento do confinamento, quando os custos com alimentação e reposição estavam elevados e as perspectivas de preço do boi gordo não eram das melhores, os confinadores atrasaram o primeiro giro do confinamento e muitos deles acabaram por fazer somente um giro. Este fato acabou concentrando a maior parte dos abates de animais provenientes de confinamento no mês de outubro com 27,0% dos animais sendo entregues nesse período. Este movimento foi bem diferente do ano passado, quando a concentração de entregas foi maior nos meses de setembro e outubro (28,3% e 25,8%, respectivamente), como pode ser visto na Figura 3.

Em relação aos animais entregues à indústria, a participação dos animais provenientes dos confinamentos mato-grossenses foi relativamente maior que o ano passado, porém, esse fato se deve principalmente à menor quantidade total de animais encaminhados aos frigoríficos. Neste segundo semestre (no acumulado de julho a setembro), para se ter uma ideia, o volume de cabeças na linha de matança já foi 10,7% menor que no mesmo período de 2013.

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Outro ponto interessante esse ano diz respeito à variação entre o total de cabeças confinadas em 2014 e as intenções de julho/14 por estrato da capacidade estática. Aqueles confinadores que tem capacidade estática até 1.000 cabeças praticamente cumpriram com a intenção relatada no levantamento de julho/14. Já aquelas unidades que tem capacidade de 1.000 a 5.000 cabeças, acabaram por confinar mais animais do que haviam planejado anteriormente, com destaque para o estrato de 1.000 a 2.000 que confinou quase 60,0% a mais que o planejado, como pode ser visto na Tabela 3.

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O destaque negativo ficou por conta dos confinadores acima de 5.000 cabeças, que fecharam bem menos animais que o planejado no meio do ano. Para se ter uma ideia, as unidades com capacidade acima de 10.000 cabeças confinaram cerca de 20,0% a menos que o constatado no levantamento de julho/14. Este dado é representativo porque explica tamanha queda no volume deste ano, tendo em vista que os confinamentos acima de 5.000 cabeças representam juntos 63,9% o total confinado no Estado (Tabela 3).

Uma das explicações para este quadro diz respeito à compra da reposição. Os grandes confinadores, de forma geral, dependem da compra de animais para a engorda e, mesmo com a queda nos preços dos ingredientes do concentrado no segundo semestre, os preços elevados da reposição desestimularam esta classe de confinadores. Já os confinadores médios (1.000 a 5.000 cabeças) aproveitaram a elevação do preço da arroba no segundo semestre utilizando, grosso modo, boa parte dos próprios animais de reposição, ou seja, não precisaram investir tanto na compra de animais de outros recriadores.

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Dessa forma, para entender a percepção dos confinadores sobre a conjuntura da atividade este ano, foi questionado aos agentes a sua avaliação para o ano de 2014. A grande maioria dos entrevistados (81,3%) disse que o ano foi bom, já 8,8% relataram que o ano foi ruim para a atividade e 6,3% definiram o ano como regular, ou seja, nem bom nem ruim. Outros 3,8% disseram não saber.

Os motivos elencados pelos agentes que definiram o ano como bom foram: Preço da arroba (59,6%), custo com alimentação (31,9%), preço da reposição (3,2%) e contrato futuro fechado (1,1%). Não há dúvidas de que aqueles confinadores que fizeram uma boa compra na reposição tiveram bons resultados econômicos, tendo em vista que os preços da arroba e da alimentação foram muito bons, principalmente no segundo semestre.

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Já os entrevistados que avaliaram o ano de 2014 como ruim para o confinamento elencaram somente dois motivos para tal: preço da reposição (71,4%) e preço da arroba (28,6%). Este dado vai de encontro com a diminuição da quantidade de animais fechados em 2014, já que o sucesso da atividade não depende somente do preço da arroba (receita). A compra de animais para o confinamento representa a principal fatia das despesas de um confinamento, ou seja, por mais que os preços do concentrado estejam baratos e o preço da arroba alcance preços recordes, não se deve dispensar a realização de uma boa compra da reposição. Portanto, quem não comprou bem o boi magro não obteve tanto sucesso assim com o confinamento, mesmo com preços altos e custos com alimentação baixos.

Imea 10

Levando em consideração toda a conjuntura da cadeia, foi questionado aos agentes se existe a intenção de confinar em 2015. A maior parte garante que continuarão na atividade (79,4%) ano que vem, já que os preços deverão continuar em bons patamares e existe tendência de custos baixos com alimentação para o próximo ano. Por outro lado, 10,8% ainda não sabe se irá confinar ano que vem e 9,8% já garantiram que não irão trabalhar com engorda no cocho em 2015. Dentre os motivos citados pelos indecisos e aqueles que sairão da atividade está o elevado preço da reposição e também problemas relativos ao licenciamento ambiental, que onera demais os custos em Mato Grosso, principalmente dos grandes confinamentos. Outro movimento constatado é que muitas unidades estão substituindo a engorda no cocho pela engorda em pasto, sendo que o investimento em estrutura acaba sendo menor.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

– A menor oferta de animais provenientes dos confinamentos este ano corrobora com a elevação vertiginosa dos preços da arroba em Mato Grosso no segundo semestre de 2014.

– As principais regiões confinadoras (que detém a maior parte do rebanho confinado) diminuíram a quantidade de animais confinados e esta diminuição é decorrente principalmente dos grandes confinamentos (acima de 5.000 cabeças).

– O preço da arroba e o custo com alimentação foram elencados como os principais motivos pelos entrevistados que avaliaram a atividade como boa em 2014.

– O alto custo da reposição foi o principal motivo relatado pelos confinadores que avaliaram o confinamento como ruim este ano. Esse também foi o principal motivo da diminuição da quantidade de animais confinados, tendo vista que a oferta esteve e continua restrita.

– Cerca de 20,0% dos entrevistados ou está indeciso ou não confinará em 2015. Dentre os motivos estão o preço da reposição, problemas ambientais e a troca do confinamento pela engorda em pasto.

Fonte: Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).

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