O fator de maior importância para o sucesso de um programa de suplementação é a oferta adequada de forragem. A qualidade, bem como a oferta das forragens, além de ser dependente dos fatores climáticos, sofre grande influência da disponibilidade de nutrientes no solo e do “manejo” de pastejo adotado (taxa de lotação, intervalo entre pastejos etc.). Sendo que estas duas últimas situações podem ser modificadas, diminuindo os efeitos negativos da primeira situação.
Em função das estações bem definidas de águas e seca no Brasil, as taxas de crescimento das plantas ao longo do ano são variáveis e a adoção de estratégias erradas de manejo afeta a quantidade e qualidade de forragem na estação subseqüente. Durante o período das águas, em geral, usa-se grandes lotações com taxas de desfolha severas e freqüentes, não sobrando massa de forragem suficiente no período da seca para sustentar o peso dos animais, mesmo quando suplementados.
Desta forma torna-se importante o uso de estratégias de manejo para que a oferta não seja o ponto crítico do programa. Neste tópico vamos abordar de maneira rápida alguns aspectos importantes a ser considerados sobre o manejo de pastagens antes da adoção de um programa estratégico de suplementação protéico-energética.
O Brasil, principalmente nas regiões centro-oeste, sudeste e sul apresentam duas situações climáticas bem definidas, águas e seca. A primeira é a estação chuvosa, caracterizando-se por temperaturas mais elevadas e maior fotoperíodo, enquanto que a estação da seca apresenta baixa pluviosidade, temperaturas mais amenas, e baixo fotoperíodo (Figura 1). No entanto, com relação à estação seca, quando se fala nas regiões Norte e Norteste, ou seja, quanto mais próximo da linha do Equador, o maior limitante é a chuva, já que estas regiões apresentam menores oscilações de temperatura e de foto período.
Em função destas diferenças climáticas, as taxas de crescimento das plantas forrageiras (kg MS/ha/dia) são maiores nos meses de verão, intermediários nos meses de primavera e outono e muito baixas nos meses de inverno (figura 2). No período de inverno, associado ao déficit hídrico, as menores temperaturas e principalmente a baixa incidência luminosa (figura 1) e o tempo de exposição à luz (fotoperíodo), são responsáveis pela baixa produção de matéria seca.
A linha reta na figura acima está apontando para uma demanda de 22 Kg de MS/ha/dia para alimentar 1,20 UA/ha (2,5%PV) com as perdas de forragem já incluídas (40%). Durante o período das águas há uma produção excedente de forragem, porém, durante o período seco, a produção de forragem diária é insuficiente para atender às necessidades diárias para a taxa de lotação estabelecida. A produção relativa de matéria seca na época das águas é, em média, 75 a 90 % da produção anual, sendo que a estacionalidade de produção forrageira torna difícil o manejo das pastagens, gerando excedente de produção nas águas e produção restrita na seca.
Referências bibliográficas
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