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Incêndios no Pantanal assombram pecuaristas mais uma vez

O avanço acelerado dos incêndios no Pantanal colocou, mais uma vez, os pecuaristas que atuam na região em alerta. O número de focos de calor no bioma praticamente quadruplicou em 2023 em relação ao ano passado. São quase cinco mil neste ano, indicam dados da plataforma Terra Brasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Os pecuaristas estão se organizando para tentar responder rapidamente caso o fogo, que muitas vezes tem origem em áreas de vegetação nativa de reservas e parques, invada as fazendas.

Incêndios são comuns nesta época do ano no Pantanal, mas o El Niño piorou o quadro. Isso porque o fenômeno está intensificando o clima seco, o que favorece os focos de calor em boa parte do Mato Grosso do Sul, onde se localiza a maior parte do bioma.

“A situação é crítica. Estamos com todas as condições propícias para que o fogo se alastre”, afirma o presidente da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), Eduardo Cruzetta.
Hoje, há mais de 200 brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) trabalhando para conter incêndios em trechos da BR-262, no entorno do Parque do Rio Negro e na Terra Indígena Kadiwéu. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitou reforço ao governo federal, e um grupo de brigadistas do Paraná deve chegar ao Estado até o fim de semana.

“Está queimando há quatro dias. O fogo vem de longe, mas viaja muito durante o dia”, diz João Marson, de Miranda (MS). A equipe da fazenda apagou um incêndio nas margens da BR-262 recentemente. “Mas, às vezes, não tem quem possa controlar, a temperatura e a fumaça ficam muito altas”.

Segundo Cruzetta, o fogo geralmente começa em áreas com excesso de biomassa, onde não há presença dos bovinos. Além das áreas públicas, há também focos em fazendas abandonadas no Pantanal de Mato Grosso.

Na semana passada, o presidente da ABPO visitou uma propriedade na divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul atingida por um incêndio vindo de uma propriedade ao norte. Nem o rio São Lourenço, cujas margens chegam a 200 metros, foi capaz de limitar o alcance das chamas. “Sobe aquela coluna de calor, que leva brasa, e o incêndio atravessa”, descreve.

Manejo com fogo

Segundo Cruzetta, resta aos pecuaristas afastar o gado das áreas de risco e tentar conter o fogo. Ele diz que um mecanismo anti-incêndios importante era a queima controlada da biomassa, que foi proibida este ano.

Os produtores usavam o fogo para diminuir o volume de biomassa em épocas com grande umidade no solo quando não há risco de o fogo se espalhar. “O pantaneiro fazia isso há duzentos anos, mas virou assunto polêmico e proibiu-se”, afirma.

Joanice Battilani, superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, afirma que o órgão é favorável ao manejo integrado do fogo nos períodos em que não há risco de as chamas se alastrarem. “A prática é recomendada para o desenvolvimento da pecuária extensiva no Estado”, observa.

Em julho, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), responsável por liberar o manejo com fogo, suspendeu a emissão de autorizações até o fim de 2023, devido à tendência de aumentos de focos de calor no terceiro trimestre do ano.

Segundo o cabo Marcos Felipe Rocha, do Corpo de Bombeiros, não está chovendo em novembro como de costume. “As condições climáticas estão extremas: calor chegando a 46°C e ventos de mais de 50 km/h, o que facilita a propagação das chamas”, afirma.

Ele é responsável pela comunicação da Operação Pantanal, uma brigada especializada em combater focos de incêndio no bioma. A equipe monitora focos de calor usando imagens de satélite e, quando identifica um princípio de incêndio, contata pecuaristas ou gestores das áreas públicas para entender a situação. Se o fogo sai de controle, entra em ação.

Os riscos de incêndio devem continuar altos. Segundo a coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), Valesca Fernandes, as precipitações devem ficar abaixo da média nos próximos três meses. No curto prazo, devido a uma massa de ar quente e seca, as temperaturas máximas em Mato Grosso do Sul podem chegar a 44°C.

Ontem, o Estado decretou situação de emergência, pelo prazo de 90 dias, nos municípios de Ladário, Miranda, Corumbá, Aquidauana e Porto Murtinho. Essas três últimas cidades concentram 97,6% dos focos de calor no Pantanal, segundo dados do Inpe.

Fonte: Globo Rural.

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