As principais indústrias produtoras de vacinas contra brucelose pretendem investir quase US$500 mil para ampliar sua capacidade de produção, por conta do Programa Nacional de Controle da Brucelose, a ser lançado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, nos próximos dias.
Segundo a reportagem de Neila Baldi, publicada hoje na Gazeta Mercantil, com a vacinação obrigatória, a ser feita em um prazo de três anos – num cronograma a ser definido pelos estados – estima-se que a demanda salte para 25 milhões de doses ao ano. Em 1999, foram fabricadas 5,5 milhões de doses. De acordo com dados do Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Defesa Agrícola (Sindan), apenas três empresas fabricam essas vacinas.
O programa do governo federal irá contemplar desde a vacinação, rede de diagnóstico, até a normatização do combate à doença. A entrada no programa é compulsória, de acordo com o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luiz Carlos Oliveira. “Os produtores de leite e carne precisarão participar do projeto para serem autorizados a comercializar seus produtos”, afirma. O programa terá duração de dez anos e junto com ele será feito uma campanha de esclarecimento sobre a enfermidade.
Vitor Gonçalves, gerente do programa, diz que as estatísticas oficiais indicam que entre 4% e 5% do rebanho bovino brasileiro (de 165 milhões de cabeças) está contaminado. O último levantamento em nível nacional foi realizado em 1975 e apontava a região Centro-Oeste como a segunda maior detentora de animais infectados (6,8%), atrás do Sudeste (7,5%). Em 1998, um levantamento do Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) de Mato Grosso do Sul indicava a presença da doença em 6,3% do rebanho e problemas com brucelose em 20% a 30% das propriedades rurais.
O programa federal irá obrigar a vacinação de bezerras entre três e oito meses, pois o risco de contaminação é maior nos primeiros partos. Atualmente, apenas o estado de Minas Gerais faz campanha de vacinação da contra a doença. Neste ano, foram consumidas 2,5 milhões de doses naquele estado. Além da imunização, o governo irá criar o certificado de propriedades livres da brucelose, com base em testes sorológicos e sacrifícios de animais contaminados, realizados anualmente.
A fazenda imunizada receberá um selo de qualidade. Para as grandes propriedades de gado de corte será feita a gestão de risco, ou seja, monitoramento da fazenda via amostragem anual. Gonçalves diz que a adesão é voluntária, mas que, no caso da bacia leiteira, que já exige o controle da doença, será pedida também a certificação.
Entre as empresas com investimento para a ampliação da produção está a Fort Dodge Saúde Animal. Com cerca de US$ 150 mil irá dobrar, a partir de fevereiro, a capacidade de produção de sua vacina antibrucelose. O aumento será para atender ao possível crescimento da demanda com a entrada do programa do governo. A previsão da empresa é produzir três milhões de doses em 2001, mantendo a taxa de 20% do total disponível no mercado.
Por Neila Baldi, para Gazeta Mercantil, 05/01/01