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Inflação: agora o foco está nos alimentos

Em apenas trinta dias, o antes tranquilo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) dobrou, atingindo 0,99% na primeira prévia de setembro, o resultado mais salgado desde a primeira prévia de junho, quando a inflação iniciou trajetória de queda. Os sinais são claros: a pressão de preços está concentrada em alimentos.

Em apenas trinta dias, o antes tranquilo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) dobrou, atingindo 0,99% na primeira prévia de setembro, o resultado mais salgado desde a primeira prévia de junho, quando a inflação iniciou trajetória de queda. Composto principalmente por preços no atacado, o IGP-M serve de termômetro do que pode acontecer com a inflação ao consumidor, que está em quase zero há três meses. Os sinais, contudo, são claros: a pressão de preços está concentrada em alimentos.

Enquanto na primeira prévia de agosto os preços dos produtos agrícolas registraram deflação de 0,53%, na primeira prévia de setembro, que compreende o período entre os dias 21 e 31 de agosto, a alta foi de 2,3% – a maior variação desde março. Puxados pelas fortes elevações nos preços do algodão em caroço e do milho em grão, de 28% e 8,7%, respectivamente, os produtos agrícolas devem continuar a pressionar os índices de preços ao longo do ano, especialmente porque os preços dos principais grãos estão pressionados no exterior.

No Brasil, os produtos agrícolas no país devem passar por “contágio” externo. Um dos principais mercados produtores de trigo, a Rússia, passa por sua estiagem mais rigorosa em 150 anos. A alta do trigo acaba influenciando outros grãos, como milho e soja, utilizados como substitutos imediatos.

“Esta primeira prévia do IGP-M de setembro demonstra que os movimentos de preços de commodities no mercado internacional são muito importantes na determinação dos preços internos. Não tem como fugir disso”, avalia Fabio Silveira, sócio diretor da RC Consultores, para quem o desafio, agora, está em estimar quando as elevações percebidas no atacado atingirão os consumidores.

Para Fabio Ramos, economista da Quest Investimentos, a transmissão do IGP-M para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação ao consumidor do país, ocorrerá já neste mês. Ramos aposta que a deflação de 0,24% registrada pelos alimentos no IPCA de agosto será revertida para uma alta de até 1% em setembro, o que deve levar o IPCA como um todo para um patamar de 0,4% no mês – deixando, assim, o terreno do 0,0% registrado nos últimos três meses. “O minério de ferro, que assustou muito no começo do ano e ainda veio forte nesta primeira prévia não é mais o foco das atenções. O foco agora está nos alimentos”, aposta Ramos.

A matéria é de João Villaverde, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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