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Insumos nas alturas

O PIB do agronegócio brasileiro cresce a taxas chinesas. A produção animal e vegetal batem recordes, o emprego no campo aumenta, as exportações avançam a passos largos e as indústrias não param de investir.

Tudo parece que vai muito bem. O mundo está de olho no Brasil, na competitividade da agropecuária nacional. É aqui, realmente, o celeiro do mundo.

Mas apesar do ambiente extremamente favorável, a verdade é que o pecuarista teve que trabalhar bastante ajustado ao longo do último ano. Isso porque os custos de produção subiram consideravelmente, puxados pela valorização dos principais insumos agrícolas, conforme pode ser observado na tabela 1.


No mesmo período, a inflação apurada pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas foi de aproximadamente 8%. Portanto, observem que, para o gado jovem, houve inclusive desvalorização real. Tempos difíceis para o criador.

Nas atividades de recria e engorda, os próprios animais são responsáveis pela maior parte dos custos de produção. Assim, a melhoria da relação de troca na aquisição de bezerros reduziu um pouco o impacto do aumento dos preços dos insumos.

E já nesse início de ano o produtor topa novamente com números bastante desanimadores, como demonstrado na tabela 2.


Novamente os preços de insumos e, consequentemente, o custo de produção de volumosos, subiram. Já a cotação do boi gordo, em função do aumento da oferta (safra), caiu. Para os animais de reposição, a demanda fraca deixou os preços praticamente estáveis.

Fica difícil convencer o pecuarista a aplicar tecnologia, intensificar a produção. Pastejo intensivo? Adubação?

Só para citar o exemplo da uréia, em março do ano passado o produto era comercializado a R$ 700,00/tonelada. Em março deste ano bateu R$ 855,64/tonelada, alta de 27%. A relação de troca entre a @ do boi gordo e a tonelada de uréia (com base no mercado paulista) saiu de R$ 12,14 @/t. para 14,50@/t. (figura 1).


A demanda elevada, o reajuste da Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) e o aumento dos fretes marítimos fizeram o preço do adubo disparar. O poder de compra do produtor despencou 16%. Só não foi mais, em função da valorização do boi gordo no período.

É incontestável a pressão que os pecuaristas sofreram em 2003, e continuam sofrendo agora em 2004. O valor da produção cai, mas o custo de produção sobe. Tal fato tem gerado desestímulo, principalmente para o criador, que já enfrenta o terceiro ano de um ciclo de baixa.

A agricultura, incontestavelmente, vive um melhor momento, mas é importante frisar que os custos de produção também aumentaram para o agricultor. Além do mercado favorável, a aplicação de tecnologia atua de forma decisiva para a boa rentabilidade obtida hoje com a produção de grãos.

O mercado para a carne bovina é tão ou mais promissor quanto o do milho e o da soja, por exemplo. Além do mais, como já foi discutido em outras oportunidades, a pecuária de corte também responde bem à aplicação de tecnologia, com ganhos crescentes à medida que se intensifica a produção.

Para quem pensa em mudar de ramo, seria interessante avaliar antes se a realização de investimentos na própria atividade não traria resultados satisfatórios. Outra coisa, ao abandonar a pecuária o produtor deve estar ciente que, caso resolva retornar, o reinvestimento futuro deve exigir capital elevado (mercado em alta).

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