A Agropecuária Maragogipe, de Mato Grosso do Sul, estuda investir R$ 7 milhões em pivôs centrais para produzir grãos e criar bois, em 300 hectares, no mesmo ano-safra. Atualmente, lavouras e pastagens se revezam em áreas que pertencem à empresa, trocando de lugar a cada dois anos. Além de elevar a rentabilidade do negócio, a integração lavoura-pecuária permite mitigar altas de custos de produção.
“Depois do gado, nosso grande investimento é o milho. Produzimos milho grão e milho silagem, que é importante para a dieta de confinamento. Junto com farelo de amendoim, que tem custo mais baixo, ofertamos uma dieta rica, reduzindo o custo por arroba produzida de forma interessante”, afirma Wilson Brochmann, diretor da empresa.
Estudo recente publicado pela Embrapa mostra que, apesar de a monocultura ser mais rentável, seu custo ambiental é maior. Para quem quer equilibrar os dois parâmetros, mantendo a qualidade da terra, a integração lavoura-pecuária é a melhor opção, defende a estatal.
A pesquisa, conduzida em áreas do Cerrado e da Amazônia entre 2017 e 2018, mostrou que a sucessão agrícola de soja e milho gerou lucro líquido de US$ 295 por hectare, superior aos US$ 235,69 do sistema integrado. Porém, os indicadores de sustentabilidade ficaram em 0,46 e 0,67, respectivamente – quanto mais alto o índice, mais sustentável a atividade. Já a pecuária extensiva, que usa poucos insumos e muita terra, obteve índice superior, 5,62, mas gerou prejuízo financeiro de US$ 0,58 por hectare no período.
Mato Grosso do Sul é líder nacional em integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) – no Estado, mais de 2 milhões de hectares têm alguma variação desse sistema. Pioneira na adoção de tecnologia na pecuária – seus trabalhos com melhoramento genético e cruzamento industrial começaram em 1979 -, a Maragogipe passou a apostar também na agricultura há 12 anos.
Os primeiros bois da Maragogipe ocuparam espaços deixados pela extração de peroba rosa. A grande densidade dessa árvore no sul do Estado foi o que levou o pai de Wilson, Pedro Brochmann, a se mudar para o município de Itaquiraí. Hoje, as fazendas que pertencem à companhia, em Itaquiraí e Iguatemi, têm mais Áreas de Proteção Permanente (APPs) do que o exigido pelo Código Florestal.
A mudança de mentalidade exigiu novas atitudes. Após cercar os córregos e instalar rodas d’água para abastecer os bebedouros em volume adequado, a família precisou reduzir o número de animais para o lote. Isso diminuiu a competição por água e garantiu que os animais tivessem acesso adequado.
O equilíbrio com o meio ambiente trouxe vida silvestre ao entorno. E a busca por sustentabilidade não parou. Recentemente, a empresa investiu R$ 700 mil em sistemas fotovoltaicos – além de tornarem as fazendas da Maragogipe autossuficientes, eles também permitem à companhia gerar excedentes.
Hoje, a empresa tem 20 mil cabeças de gado, criadas em ciclo completo, além de 1,4 mil hectares dedicados à agricultura. Todos os machos nelores são abatidos com até 24 meses e enquadram-se na cota Hilton, para cortes nobres e valorizados na Europa. A taxa de lotação média nas fazendas da empresa é de 1,6 unidade animal por hectare, mais do que o dobro da média nacional.
Fonte: Valor Econômico.