A JBS comprou 8.785 cabeças de gado de três fazendas que desmataram a Amazônia de forma ilegal, em Rondônia, segundo uma investigação feita pela organização não-governamental Repórter Brasil, em parceria com o Greenpeace Brasil e o Unearthed, braço jornalístico do Greenpeace, e publicado no portal UOL.
Os animais foram comprados de fazendas de Chaules Volban Pozzebon, que está preso por extração ilegal de madeira. Ele enfrenta acusações de desmatamento ilegal e já foi condenado por trabalho escravo.
Em resposta ao Valor, a JBS confirmou o que havia dito à reportagem. Segundo a companhia, ela fez os pedidos à Agropecuária Rio Preto Eireli, pertencente à família Pozzebon, para comprar gado de uma fazenda em conformidade com os critérios socioambientais do setor.
“Porém, o grupo responsável pela empresa vinha, de má-fé, fraudando nosso controle para fornecer gado produzido em fazendas com irregularidades socioambientais, que não eram aprovadas por nossa due diligence socioambiental”, afirmou a JBS.
A companhia diz que, com a descoberta da fraude, bloqueou a Agropecuária Rio Preto, os sócios da empresa e todas as pessoas associadas a eles, que desligou funcionários da Friboi, que burlaram o sistema, e que vai buscar reparação. A JBS afirmou ainda que incorporou processos adicionais em sua due diligence socioambiental para tornar seu controle cada vez mais rigoroso.
A reportagem afirmou, porém, que a companhia tinha meios para checar essa informação, visto que os nomes das fazendas de origem estão registrados nas Guias de Trânsito Animal (GTAs) das transações. As guias são um documento obrigatório na compra e venda de gado e formam a base dos sistemas de monitoramento dos frigoríficos brasileiros.
A defesa de Pozzebon negou “fraude ou crime nas vendas realizadas” para os frigoríficos. “Não existe organização criminosa, mas sim um grupo empresarial regularmente constituído e com atividades lícitas e autorizadas pelos órgãos competentes”, explicou o advogado Aury Lopes Jr. à Repórter Brasil.
O representante legal da família Pozzebon e da empresa Agropecuária Rio Preto acrescentou que não houve desmatamento criminoso, “mas manejo autorizado de madeira”, e que todas as atividades são lícitas e regulares, sem qualquer fraude ou desacordo de pactos setoriais da carne.
Também segundo a reportagem, a Minerva adquiriu 672 animais de uma das fazendas com desmatamento ilegal dos criminosos. Os repasses ocorreram em 2021, embora o frigorífico tenha confirmado que a propriedade estava bloqueada em seu sistema desde 2018 “por apresentar irregularidades em 2014, 2016, 2018, 2019 e 2020 e por apresentar sobreposição de polígono de embargo do Ibama”.
A Minerva preferiu não comentar o caso e disse apenas que está “apurando o ocorrido com base nos dados que estão públicos”.
Fonte: Valor Econômico.