Para atingir a meta de embolsar R$ 6 bilhões com a venda da ativos, a JBS ainda terá de arrecadar em torno de R$ 1,8 bilhão (o equivalente a US$ 580 milhões) com a Five Rivers, que reúne as operações de confinamentos de bovinos da JBS nos EUA.
Desde setembro, fontes próximas à JBS que estão par das tratativas avaliam que a venda de Five Rivers está próxima de ser anunciada, restando acertar pendências como o modelo de fornecimento de gado para os frigoríficos da JBS nos Estados Unidos.
Ontem, a agência Bloomberg reforçou que a JBS está em “conversas adiantadas” para a venda da Five Rivers para um investidor que conhece “profundamente” essa operação. A agência não mencionou valores.
De todo modo, é possível dimensionar o valor da Five Rivers. Em 14 de junho, a JBS vendeu as operações de confinamentos que a Five Rivers detinha em Alberta, no Canadá, por US$ 40 milhões (R$ 127,5 milhões, considerando a cotação da época). No Canadá, a capacidade estática do confinamento da empresa era de 75 mil cabeças. No EUA, a Five Rivers é muito maior, sendo capaz de abrigar 980 mil cabeças de bovinos.
Portanto, se a JBS conseguir avaliação semelhante à transação feita no Canadá, a Five Rivers nos Estados Unidos renderá US$ 522,6 milhões à companhia brasileira. Com isso, a JBS ficaria próxima dos R$ 6 bilhões estimados pela diretoria em junho.
Desde que lançou seu programa de desinvestimentos, a JBS já finalizou a venda dos confinamentos no Canadá e da subsidiária irlandesa Moy Park, segunda maior produtora de carne de frango do Reino Unido.
Em um negócio “caseiro” feito no mês passado, a americana Pilgrim’s Pride, que é controlada pela JBS, assumiu a Moy Park por cerca de 1 bilhão de libras esterlinas, mas esse valor inclui também a assunção das dívidas da companhia irlandesa. Na prática, o montante que entrou no caixa da JBS no Brasil é de 790 milhões de libras, o que significa R$ 3,2 bilhões se considerada a cotação da moeda britânica em 11 de setembro – data do fechamento da transação.
Além desses ativos, a JBS também já acertou a venda da participação de 19% que tem na empresa de lácteos Vigor, por cerca de R$ 780 milhões. Também controlada pela J&F, holding dos irmãos Batista, a Vigor foi vendida ao grupo mexicano Lala.
Mas o pagamento desse negócio ainda não foi feito porque a cooperativa mineira CCPR, sócia da Vigor na Itambé, decidiu exercer o direito de preferência para assumir o controle da Itambé. Como a Lala ainda tem interesse na empresa mineira, o pagamento ainda pode demorar, mesmo porque a mexicana pagará uma quantia menor sem a Itambé, que foi avaliada em R$ 1,4 bilhão.
A CCPR vem encontrando dificuldades para obter o financiamento de R$ 600 milhões para recomprar a Itambé. Na sexta-feira, a CCPR protocolou a compra dos 50% da Itambé no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo uma fonte a par do tema, essa é uma maneira de a CCPR ganhar tempo. Enquanto o órgão antitruste avalia a transação, o que poderá levar até 40 dias, os mineiros seguem em busca do financiamento.
No pior cenário, a JBS só receberá os R$ 780 milhões entre o fim de novembro e o início de dezembro. Procurada, a JBS não comentou.
Fonte: Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.