O grupo brasileiro JBS demitiu nesta semana 100 trabalhadores muçulmanos que reivindicavam jornadas de trabalho mais flexíveis para conciliar suas obrigações religiosas com o serviço, em uma tentativa de liquidar uma disputa que durante vários dias agitou a principal planta de processamento de carne bovina do grupo nos Estados Unidos.
O grupo brasileiro JBS demitiu nesta semana 100 trabalhadores muçulmanos que reivindicavam jornadas de trabalho mais flexíveis para conciliar suas obrigações religiosas com o serviço, em uma tentativa de liquidar uma disputa que durante vários dias agitou a principal planta de processamento de carne bovina do grupo nos Estados Unidos.
O problema surgiu no começo deste mês, quando os muçulmanos do mundo inteiro celebram o Ramadã. Neste período do ano, os fiéis devem ficar em jejum entre o nascer e o pôr-do-sol e só podem comer depois de uma oração que precisa ser feita durante o crepúsculo. Os horários estabelecidos pela JBS para os trabalhadores da fábrica do grupo em Greeley, no Estado do Colorado, tornam impossível o cumprimento dessas obrigações.
Depois de várias reuniões com o sindicato e representantes dos trabalhadores muçulmanos, a empresa concordou em antecipar a pausa de meia hora para alimentação durante o Ramadã, das 21h15 para as 20 horas. Mas não adiantou, porque nesta época do ano o sol se põe antes das 19h30 em Greeley e os muçulmanos precisam fazer suas orações antes disso se quiserem cumprir os rituais do Ramadã.
Na sexta-feira da semana passada, 220 trabalhadores abandonaram a linha de produção e saíram da fábrica em protesto contra a decisão da empresa. A JBS considerou a iniciativa uma violação do acordo coletivo e suspendeu os trabalhadores. Cerca de 120 voltaram ao trabalho na terça-feira. Os outros foram demitidos no dia seguinte.
Em comunicado distribuído na quarta-feira, a empresa disse que “trabalha junto com todos os empregados e seus representantes sindicais para acomodar práticas religiosas de forma razoável, segura e justa para todos os envolvidos”. A JBS tem cerca de 3,4 mil funcionários em Greeley. Cada turno de trabalho na planta emprega 1,5 mil pessoas.
O conflito com os muçulmanos é uma amostra das dificuldades que o grupo brasileiro tem encontrado para recrutar e reter a mão-de-obra necessária para processar as milhares de cabeças de gado que são abatidas diariamente em suas fábricas. A JBS chegou aos Estados Unidos há pouco mais de um ano, quando adquiriu o controle da Swift, terceira empresa do setor de carne bovina no país.
A matéria é de Ricardo Balthazar, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe BeefPoint.
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Acredito que o JBS “pisou na bola”, nós brasileiros precisamos nos acostumar com o fato de que o Brasil é um “oásis” no mundo.
A decisão foi jurídicamente perfeita e correta (uma atitude de “senso comum”) conforme a legislação americana, a empresa deve possuir uma bateria de advogados americanos, entretanto o poder da lei nem sempre deve ser usado por uma questão de “bom senso”, afinal estamos em pleno século XXI, o século das negociações onde devem prevalecer as soluções “ganha-ganha”.
Somos um povo, apesar dos detratores, maravilhoso e tolerante, não temos problemas com religiões (o máximo que acontece é alguns fiéis e pastores de algumas religiões chamarem as demais de “endemoniadas”, ainda não passa disso), não temos problemas com estrangeiros (a não ser chamá-los de “gringos” e outros epítetos, também não passa disso) e o nosso racismo está restrito a momentos de raiva, com desonrosas exceções, (seu branquelo aguado, preto safado, português burro e por aí vai), nas quotas para negros nas universidades e etc.
Já os outros países são muito complicados em termo de raças, religiões, cor e imigração.
O JBS não se deu conta que está na “casa alheia” e nos Estados Unidos o assunto muçulmano é muito sensível, principalmente na semana do aniversário do “onze de setembro” (que momento infeliz para essa decisão).
Os executivos do JBS tem que aprender duas grandes verdades:
1a. A sensibilidade faz parte da atividade do executivo.
2a. Demissão nunca foi, não é e jamais será instrumento de administração.
Este assunto ainda dará “panos prás mangas”, o JBS está “pagando pra ver” e, provavelmente, o que verá não será nada agradável.
Quem tem “bom senso” sabe voltar atrás nas decisões erradas antes que o assunto se converta em questão de honra.