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JBS entrega balanço em linha no 3º tri, mas XP mantém cautela; veja a análise completa

O balanço da JBS no terceiro trimestre de 2025 veio, em grande parte, em linha com o estimado da XP. Contudo, a corretora mantém tom cauteloso em razão do fluxo de caixa livre (FCF) fraco e da ausência de gatilhos claros para valorização no curto prazo.

A JBS registrou lucro líquido de US$ 581 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 16,2% ante igual período de 2024, conforme balanço divulgado nesta quinta-feira. O Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) ajustado totalizou US$ 1,835 bilhão, recuo de 14,8% na comparação anual, com margem de 8,1%, retração de 2,7 pontos porcentuais. A receita líquida atingiu US$ 22,597 bilhões, recorde para um trimestre, com avanço de 13,4% na mesma base.

“O trimestre comprova a força e a consistência da nossa plataforma global multiproteína e, mais importante, como a operamos com disciplina, agilidade e resiliência”, afirmou o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni. “Nosso modelo multiproteína e multigeográfico é a base que sustenta a estabilidade da companhia e nossa capacidade de gerar valor de forma contínua”, acrescentou.
Segundo os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, a companhia voltou a consumir capital de giro e gerou FCF de R$ 2,2 bilhões, bem abaixo dos R$ 3,8 bilhões esperados pela corretora. Apesar de o rendimento em caixa continuar pouco atraente, a maior preocupação da equipe está no risco de revisões negativas de lucro e no cenário ainda indefinido para novos catalisadores de preço.

Os analistas apontam que a tendência de queda no preço do frango pode sinalizar enfraquecimento da demanda, o que reforça a postura conservadora da XP para 2026, embora a visão da corretora de curto prazo permaneça positiva tanto no Brasil quanto no exterior.

Entre as divisões, o destaque foi o segmento de carne suína nos Estados Unidos, que registrou margem Ebitda ajustada de 10,2%, voltando ao intervalo histórico de 8% a 10%. O bom resultado, aponta a XP, decorreu do repasse dos custos em meio aos preços elevados da carne bovina, mas, na avaliação da corretora, essa vantagem competitiva tende a diminuir rapidamente.

O negócio de carne bovina nos Estados Unidos também surpreendeu o trio de analistas, com margem negativa de 0,6%, 40 pontos-base superior ao previsto. A XP observa que a demanda doméstica mostrou resiliência até o início do quarto trimestre, mas já não compensa a baixa oferta de gado, fenômeno estrutural que deve perdurar até 2026.

Na Austrália, a margem de 10,4% ficou estável em relação às projeções, sustentada, diz a casa, pela operação local de bovinos e pela firme procura norte-americana, mesmo com a escalada dos preços do gado prevista para os próximos anos.

No Brasil, a divisão de bovinos entregou margem de 7,4%, 92 pontos-base aquém do esperado. Melhor demanda interna e exportações robustas garantiram o resultado, afirmam os analistas, compensando a alta do boi. Já a Seara, braço de aves e suínos no País, apurou margem de 13,7%, 50 pontos-base abaixo da projeção.

A XP considera o desempenho da JBS (JBSS32) sólido apesar das restrições impostas pela União Europeia e pela China durante o trimestre e enxerga espaço para surpresa positiva nos números do quarto trimestre.

Fonte: Einvestidor, Estadão.

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