Ao longo do mês de julho, o mercado do boi gordo se mostrou menos ofertado e diante da dificuldade em comprar animais para o abate e completar suas escalas, os frigoríficos reajustaram os preços pagos pela arroba. Este é o primeiro panorama mensal do mercado do boi gordo, em que procuramos avaliar o movimento de alguns indicadores da pecuária de corte e os principais fatos que influenciaram o setor durante o mês de julho.
Ao longo do mês de julho, o mercado do boi gordo se mostrou menos ofertado e diante da dificuldade em comprar animais para o abate e completar suas escalas, os frigoríficos reajustaram os preços pagos pela arroba. Até o momento, o volume de animais negociados a termo e de animais terminados em confinamento parece não ser suficiente para atender à demanda e causa dificuldades para os compradores. Resta saber como esta situação vai se desenvolver até o fim do semestre.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo
No dia 30 de julho, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 85,98/@, registrando variação positiva de 2,27% durante o mês passado. A média mensal deste indicador, levantado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/USP), foi de R$ 84,15/@.
O indicador a prazo foi cotado a R$ 86,76/@ no último dia útil de julho passado, acumulando valorização de 2,09% durante o mês. Esta foi a maior cotação desde 08 de janeiro de 2009, a partir daí os preços continuam em alta, impulsionados pela reduzida oferta de animais para o abate. Em relação ao mesmo período do ano passado, o valor apurado no último dia 30 é 6,66% superior.
Tabela 1. Principais indicadores
Oferta deve continuar reduzida
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) divulgou no início de julho, um balanço da oferta de gado no Estado, resultado de um trabalho elaborado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), que aponta que o Estado tem apenas 1,54 milhão de cabeças de gado na idade de 36 meses para abate neste ano.
O problema é que os abates avançam em ritmo acelerado e 1,17 milhão desses animais já foi abatido de janeiro a maio. Os abates de machos com idade superior a 36 meses neste ano já superam em 20% os de igual período de 2009.
A oferta de gado em Mato Grosso é importante porque o Estado tem o maior rebanho nacional, somando 27 milhões de cabeças. A capacidade de abate de Mato Grosso é de 5 milhões de cabeças por ano. Em 2009, foram abatidos 4,2 milhões de animais. Essa redução na oferta de boi ocorre devido ao descasamento dos preços no setor. O preço do bezerro, que caiu muito há quatro anos, fez os pecuaristas aumentarem o abate de fêmeas, o que reflete atualmente na oferta reduzida.
Reposição
Diferente do que vem acontecendo no mercado do boi gordo, que segue aquecido, na reposição os preços do gado magro apresentaram acomodação durante o mês de julho e começam a apresentar recuos significantes. O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 668,54/cabeça, em 30 de julho, apresentando variação negativa de 5,61% durante o mês passado.
Com o preço do bezerro (-5,61%) e do boi gordo (+2,27%) andando em sentidos opostos, a relação de troca melhorou, saindo da casa dos 1,9 onde se encontrava no começo do mês e pulando para 1:2,12.
Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista (R$/cabeça) x relação de troca (boi gordo de 16,5@ por bezerros)
Outro indicador que evidencia que a reposição está mais atraente no momento é a margem bruta na reposição – representando a diferença da venda de um boi gordo de 16,5@ e compra de um bezerro de reposição e será utilizado para investimentos, pagamento de contas e salários e lucro -, que no dia 30 de julho foi calculada em R$ 750,13, o maior valor desde 4 de fevereiro de 2009. Durante o mês este índice acumulou alta de 10,49%.
Gráfico 3. Margem bruta na reposição
Atacado
No atacado da carne bovina, os três cortes primários apresentaram valorização durante o período analisado. O equivalente físico foi calculado em R$ 82,82/@, no último dia útil de julho, acumulando valorização de 4,27% durante o mês. Vale atentar que o equivalente físico apresentou uma alta bem maior que o preço pago pela arroba. Somado a oferta reduzida, esse é um dos fatores que estão estimulando os frigoríficos ofertarem valores mais altos pelos bois dos pecuaristas nos últimos dias. No mês a média do equivalente físico foi de R$ 80,20/@.
Gráfico 4. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Mercado Futuro
Na BM&FBovespa, os contratos de boi gordo negociados durante o mês de julho também apresentaram variação positiva. O vencimento julho/10 foi liquidado no dia 30 com média móvel de 5 dias de R$ 85,34/@.
Gráfico 5. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 30/06/10 e 30/07/10
Outros indicadores e índices
No dia 30 de julho a moeda americana era cotada a R$ 1,7564, registrando variação negativa de 2,46% no mês. No final do mês passado, a revista britânica The Economist publicou mais uma edição de seu tradicional Índice Big Mac, que compara os preços do sanduíche em diversos países para avaliar a situação do câmbio em relação ao dólar nas economias pesquisadas. A publicação aponta que o Brasil é um dos poucos países emergentes onde o câmbio aparece sobrevalorizado no índice. A revista conclui que o real está sobrevalorizado em 31% em relação ao dólar. Ou seja, levando-se em conta o índice utilizado pela Economist, o Dólar deveria atualmente estar cotado em R$ 2,33.
A queda rápida da inflação, a desaceleração da economia doméstica e a fragilidade da economia internacional representaram uma mudança “dramática” no balanço de risco inflacionário e levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a rever, também, a dosagem do aumento dos juros. No dia 21 de julho, o Copom decidiu por unanimidade elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano.
Exportação de carne bovina in natura
Durante o mês de julho passado, os exportadores brasileiros enviaram ao exterior 101.700 toneladas de carne bovina in natura, responsáveis pela geração de uma receita de US$ 407,8 milhões.
Na comparação com o mesmo período de 2009, a receita das exportações de carne bovina in natura aumentou 46,84%, enquanto o volume embarcado teve um aumento de 23,80%. Se olharmos os últimos 24 meses, esse volume só fica abaixo do embarcado em setembro de 2008, quando foram enviadas ao exterior 103.704 toneladas de carne bovina in natura.
Gráfico 6. Exportações brasileiras de carne bovina in natura
Tabela 2. Exportações brasileiras de carne bovina in natura
O que aconteceu em julho?
Veja abaixo uma seleção de artigos publicados no BeefPoint que nos ajudam a entender quais foram os principais temas discutidos pela cadeia produtiva da carne bovina durante o mês de julho.
Abiec: recuperação está sendo melhor que o esperado
Ministro garante maior agilidade na habilitação das propriedades aptas a exportar para UE
Técnicos da UE aprovam sistemas de rastreabilidade e inspeção brasileiros
UE afirma que não pretende flexibilizar regras de rastreabilidade
Vacari: aumento da lista Traces depende de processo mais simples e prêmios mais altos
Setor questiona estratégia de financiamento do BNDES
Estratégias do BNDES voltam a ser criticadas
BNDES deve investir mais R$ 2,5 bilhões no Marfrig
MT: frigorífico Pantanal suspende abates
Frigol pede recuperação judicial
Frigol critica política de financiamento do BNDES
MT: pecuaristas reclamam da falta de concorrência
Frigoríficos avançam no monitoramento de fornecedores
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Muito bom André!
No mercado de boi futuro,reposição e preço no físico,no meu entender a tendência é de alta no curto prazo,com reservas.
1) Porque a reposição é mais cara hoje,
2) Porque o abate de fêmeas ainda é maior do que o desejado,
3) Pela insegurança dos pecuaristas em relação à saúde financeira dos frigoríficos,
4) Porque o consumo interno tem contra balanceado a diminuição das exportações.
O contra ponto na subida das @s é justamente o menor numero de frigoríficos atuando,muitos em recuperação,outros apenas fechando.
1) Os preços ao consumidor,considerando as margens dos supermercados aparentemente se demonstram no limite.
2) As exportações tendem a ficar apenas como estão,ou seja,longe do que era no pré – crise,
3) Os consumidores já encontram problemas com seus cartões de créditos,inicio de inadimplência neste setor,acende à luz amarela,
4) A volatilidade das commodities,e a falta de lógica do mercado,para os frigoríficos dão o tom,se não houver mudança na forma comercialização,não se pode afirmar que o valor das @s valorizam ou não,é uma incógnita.
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.