Aftosa – passando a crise a limpo
18 de novembro de 2005
IBAMA – TCFA Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, nova arbitrariedade
22 de novembro de 2005

Katia Nogueira: certificação para manter mercados

Em palestra no 6o Congresso Brasileiro de Raças Zebuínas, Katia Leal Nogueira, gerente de desenvolvimento de negócios da SGS do Brasil abordou a valorização da certificação sob a ótica do consumidor. Segundo ela, a necessidade crescente de certificação, especialmente para o mercado europeu, é importante para a manutenção e expansão das exportações brasileiras em função de um mercado consumidor cada vez mais exigente e do grande volume de informações – nem sempre de qualidade – disponíveis.

A União Européia representa cerca de 37% das exportações de carne brasileira em valor e 24% em volume. O mercado europeu é um mercado estável, maduro e altamente protegido. Kátia alerta que para continuar atendendo esse mercado e aumentar a participação no mesmo, é necessário estudar seus desejos e necessidades.

Para ela, as informações que chegam ao consumidor levam uma imagem muito negativa da carne bovina, enfatizando problemas como a EEB (ou doença da vaca louca), resíduos de pesticidas e hormônios, possibilidade de desenvolvimento de câncer, antibióticos que podem causar resistência em humanos, etc. A resposta do consumidor a esse tipo de notícia de risco à saúde é rápida, reduzindo o consumo.

Além disso, Kátia acredita que ações por parte dos concorrentes, como o Reino Unido que, por preocupação com a atuação e desempenho do Brasil nas redes britânicas divulgam internacionalmente os problemas da carne brasileira, afetam o consumo da nossa carne.

O cenário atual no mercado europeu, segundo a gerente é de um consumidor inseguro, que deseja informação, garantia de alimentos seguros e saudáveis.

No Reino Unido, as redes varejistas são altamente rentáveis e possuem participação importante na economia. Kátia alerta que os varejistas possuem responsabilidades sobre a segurança do alimento, já que no Reino Unido, por exemplo, a maioria dos produtos são de marca própria, gerando maior responsabilidade já que é o nome da rede, não o do fabricante, que está em jogo. Os programas de avaliação e qualificação de fornecedores se expandem para qualquer país fornecedor de alimento.

O consumidor preocupado demanda ações para garantir melhor qualidade, geram necessidade de mostrar para o consumidor a garantia de que as ações estão sendo tomadas. Por isso, segundo Kátia, é crescente a demanda por programas de certificação.

A certificação pretende assegurar atributos intrínsecos dos produtos, como padrão que o bovino foi criado, contaminação microbiológica, etc…

No caso dos produtores, ela ressalta que é crescente a necessidade de adotar medidas como BPA (boas práticas agrícolas), garantir utilização sustentável e planejada de defensivos e medicamentos; normas e regulamentos para redução de resíduos, alimentação de qualidade, sanidade (livre de doenças como BSE e aftosa), bem estar animal e cuidados com o meio ambiente, como o EurepGap.

Os frigoríficos/abatedouros também precisam se adequar às novas demandas do consumidor. Para isso, Kátia defende que é necessário que adotem medidas como BPF (Boas Práticas de Fabricação), controle microbiológico efetivo, implementação do sistema HACCP, BRC e bem estar animal. Para atender a mercados consumidores e redes varejistas precisam se enquadrar ao EurepGap.

Os principais programas disponíveis para o setor de carne bovina são:

1) EurepGap: as principais redes varejistas da Europa definem um padrão de qualidade para os fornecedores de alimentos. Nesse programa, é necessário que a empresa certificada tenha o ISO 65 fornecido por um organismo credenciado pelo Inmetro.

2) BRC (British Retail Consortium): é um programa de avaliação de fornecedores de alimentos que tem como requisitos: adoção de princípios HACCP pelos frigoríficos, sistema de gerenciamento da qualidade, controle do ambiente fabril, processos, produtos e pessoal. Essa é a norma mais requisitada entre os frigoríficos. Este é um exemplo de norma aplicável para frigoríficos e processadores de alimentos para fornecimento para varejistas do Reino Unido e outros países da Europa (como Alemanha e Suíça).

Segundo Kátia, esses programas vão de encontro às expectativas e necessidades dos consumidores, como segurança do alimento, bem estar animal, garantia das informações genéticas dos animais.

Fonte: Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.