Pedro Eduardo de Felício, professor da FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos) da Unicamp, nos envio uma carta, onde faz comentários sobre a abertura das exportações, anunciada pela UE na semana passada. Em sua carta o professor comenta que com essa restrição dificilmente os frigoríficos conseguiram fechar negócios e embarcar carne para a Europa no curto prazo. Mas ressalta que esse é um começo e a aprovação da lista marca uma retomada nas negociações.
Pedro Eduardo de Felício, professor da FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos) da Unicamp, enviou uma carta para o artigo da seção Panorama do mercado, onde faz comentários sobre a abertura das exportações, anunciada pela UE na semana passada.
Em sua carta o professor comenta que com essa restrição dificilmente os frigoríficos conseguiram fechar negócios e embarcar carne para a Europa no curto prazo. Mas ressalta que esse é um começo e a aprovação da lista marca uma retomada nas negociações.
“Dizer que a União Européia volta a comprar carne brasileira pode passar uma idéia equivocada, porque na verdade com essas 106 fazendas, a maior parte delas em Minas Gerais (87propriedades) que, se não me falha a memória tem três ou quatro matadouros-frigoríficos habilitados para a UE, podem até estar habilitadas, mas retomar exportações é uma outra coisa.
É preciso que haja volume para carregar os containeres e não se deve esquecer que de cada boi de 500 kg o rendimento em cortes para a Europa será de 33 (3 cortes: filé, contrafilé e alcatra) a 78 kg (7 cortes: esses 3 mais 4 do coxão).
Quantos bois terão que ser abatidos para uma venda de carne para a UE? Uma porção, não é? E aí acabam os bois de Minas, das 11 fazendas do RS, das 4 do MT e 2 de Goiás, ah! sim, como pude esquecer que tem 2 fazendas aprovadas no Espírito Santo, não é mesmo?Desculpem-me a ironia, mas ela não é minha, é da missão técnica européia.
Portanto, o máximo que se pode dizer é que a aprovação das fazendas representa uma retomada das negociações.
Terem aprovado essas fazendas é melhor do que nada, mas continua sendo uma ofensa o que fizeram e continuam fazendo ao Brasil. Chego a pensar que o Itamaraty está certo querendo cobrar explicações com muita firmeza, pelas vias diplomáticas internacionais, ou vamos todos usar bolinhas vermelhas no nariz.
Penso que o sr. ministro ainda não compreendeu o que de fato está acontecendo”.
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Prezado professor, é louvável suas palavras.
Ressaltamos que é uma retomada no caminho das exportações para o mercado que mais paga bem pelo nosso produto.
Devemos manter em mente que é um mercado que forma opinião para o mundo !
Querendo ou não, precisamos e muito dele.
Esse mercado, consegue impor multas milionárias para a maior empresa de software da atualidade.
É um cliente que merece respeito e atenção diferenciada.
Isso é a globalização.
Europa, paga seis vezes mais pelo preço da tonelada da carne, precisamos de mercado! Quem realmente precisa desse mercado?
A diferença de valor da tonelada exportada pro Chile e exportada para Europa, não chega aos bolsos do pecuaristas, mas sim nas mãos das industrias frigorificas, que são as que mais crescem hoje no país e a cada dia que passa incorporam mais e mais plantas aos seus patrimonios. Repassem esses valores para os produtores de carne e ai o governo ganha apoio e eficacia na certificação de propriedades rurais.
O pecuarista precisa se preocupar com o custo de produção, onde uma bola de arame passa de R$ 350,00 e um saco de sal mineral (80 g) chega a R$ 50,00, as favas com a Europa, que é para poucos interessados que realmente tem retorno.