A ameaça de greve dos caminhoneiros que circula nas redes sociais não parte das lideranças que organizaram a paralisação de maio de 2018. Uma dessas lideranças, Wallace Landim, presidente da Abrava e da BrasCoop, associações que representam caminhoneiros, afirma inclusive que é totalmente contra o movimento programado para o dia 30 deste mês.
Conhecido como Chorão, Landim esteve em Brasília na semana passada e afirmou ao Valor que o “governo continua mantendo diálogo com a categoria e tentando aparar as arestas para resolver questões que afligem os motoristas”.
Segundo Chorão, as ameaças de paralisação no próximo dia 30 partem de grupos de WattsApp criados por números desconhecidos da categoria. “Em um deles aparece o nome de ‘volta Monarquia’ e os outros ninguém sabe quem são. Querem usar a categoria para movimentos políticos”, disse. Mas ele reconhece que há muitos caminhoneiros insatisfeitos e que “uns poucos podem aderir à ideia de greve”.
Chorão disse que as principais reclamações, agora, são que a tabela de preços mínimos de fretes para o transporte de cargas em geral não está sendo cumprida e que o preço do óleo diesel está invialibizando a atividade. Os caminhoneiros querem que o governo estabeleça algum mecanismo para que o aumento dos combustíveis, baseado no dólar, seja feito apenas uma vez por mês, e não mais diariamente.
Na semana passada, em Brasília, Chorão participou de reuniões com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e com a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Além disso, na sexta-feira, também na capital federal, esteve no Fórum dos Transportadores Rodoviários de Carga com o secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio. “Estão todos atentos aos nossos pedidos e passando as informações ao presidente Jair Bolsonaro”.
A ANTT prometeu intensificar a fiscalização sobre o cumprimento dos valores previstos da tabela e afirmou que meios eletrônicos estão sendo criados para facilitar o trabalho. Sobre os combustíveis, Chorão ouviu de Sampaio que a equipe econômica do governo quer resolver a questão.
Essas promessas fazem com que Chorão considere inadequada qualquer paralisação no momento. Além disso, no dia 10 de abril deverá ser publicada uma tabela prévia com novos valores para o piso mínimo do transporte, elaborada pela EsalqLog. O grupo da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz”, da Universidade de São Paulo (USP), foi contratada pela ANTT para elaborar uma tabela mais assertiva. Por lei, a nova publicação de preços terá de ser feita em 20 de julho.
Em nota, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) também reconheceu que grupos de WattsAp mencionaram nos últimos dias a possibilidade de paralisação no dia 30, mas que “não pareceu [nas mensagem] que haja apoio ao movimento”.
Membros da Abcam participaram na sexta-feirado Fórum TRC, e a entidade, como Abrava e BrasCoop, disse que também pretende esperar os resultados dos estudos da EsalqLog sobre a tabela antes de adotar “qualquer medida intempestiva”.
Fonte: Valor Econômico.