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Lucro da Minerva caiu 33,3% no 3º trimestre; Ebitda e receita bateram recorde

Foto: Divulgação Minerva

A Minerva encerrou o terceiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 94,1 milhões, queda de 33,3% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme balanço divulgado hoje (06/11). Já a receita e a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, alcançaram resultado recorde, com cenário de firme demanda externa por carne bovina e alavancagem quase estável.

O diretor financeiro da companhia, Edison Ticle, explicou que a redução no lucro se deu porque a dívida bruta da empresa aumentou para fazer frente aos pagamentos das unidades da Marfrig que estavam sendo adquiridas pela Minerva.

“Aumentei a minha dívida bruta e ainda não estou tendo benefício nenhum. Isso gera um custo operacional e, começando a gerar resultados com as novas unidades, a gente começa a ajustar essa métrica”, afirmou o executivo a jornalistas.

No dia 28 de outubro, a Minerva concluiu o processo de aquisição de 13 plantas produtivas e um centro de distribuição da Marfrig localizados no Brasil, Argentina e Chile.

O investimento total nos ativos foi de R$ 7,2 bilhões, dos quais R$ 1,5 bilhão foram desembolsados antecipadamente, no terceiro trimestre de 2023, e o montante de R$ 5,7 bilhões foi pago agora ao final de outubro de 2024, conforme as correções e ajustes de preço previstos em contrato.

Os números não consideram as três unidades de abate localizadas no Uruguai que ainda aguardam aprovação das autoridades locais.

Apesar da queda no lucro líquido do terceiro trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 813 milhões, aumento de 13,9% no comparativo anual e um recorde.

A receita líquida da companhia cresceu 20,3% no terceiro trimestre, para R$ 8,5 bilhões, atingindo também máxima histórica para um trimestre.

Ticle destacou que a geração de caixa livre de R$ 667,3 milhões ocorrida durante o terceiro trimestre ajudou a reduzir o endividamento da companhia. Com isso, a alavancagem – medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado – se manteve controlada e baixou de 2,8 vezes para 2,6 vezes.

O volume de abates aumentou 16,9%, para 1,096 milhão de cabeças, enquanto as vendas de carne subiram 15,2% para 384,4 mil toneladas.

Exportações

“Nesse terceiro trimestre de 2024, cerca de 60% da nossa receita foi proveniente do mercado externo, os volumes recordes de exportação refletem o apetite do mercado global por carne bovina e com destaque para importantes mercados como Estados Unidos e China”, disse o presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz.

Segundo ele, o mercado americano, segue em destaque devido às dificuldades no ciclo pecuário local de baixa oferta de gado. Aliado a isso, existe a crescente retomada de compras da China, ampliando volumes e acelerando preços, propiciando assim um cenário bastante positivo para os exportadores sul-americanos.

“Nesse terceiro trimestre de 2024, os EUA e a China alcançaram 15% cada um na participação em nossa receita de exportação”, pontuou.

O presidente destacou que, com as novas plantas adquiridas da Marfrig, a fatia da Minerva nas exportações de carne bovina da América do Sul passará de 20% para 33%. Atualmente, a Minerva já lidera os embarques da proteína no continente.

Mercado interno

Queiroz disse que o mercado interno também entregou boa performance para a empresa, com uma receita de R$ 3,6 bilhões no terceiro trimestre e que, com o efeito da sazonalidade de fim de ano, deve seguir com tendência positiva ao longo dos próximos períodos.

O diretor financeiro acrescentou que a alta nos preços da arroba bovina no Brasil está mais relacionada com a entressafra e a seca, do que com uma virada de ciclo pecuário. “O ciclo ainda é positivo para o ano que vem”, estimou.

Vitória de Donald Trump

A vitória de Donald Trump nas eleições para Presidência dos Estados Unidos pode representar uma escalada no protecionismo americano. No entanto, a Minerva acredita que eventuais tensões entre os EUA e a China tendem a beneficiar países neutros, como os sul-americanos.

“O que pode acontecer é os Estados Unidos retaliarem a China, e a China contra os Estados Unidos. E essa retaliação da China pode ser na área de alimentos”, disse Edison Ticle.

Caso este cenário se confirme, o executivo acredita que os fornecedores da América do Sul são um caminho natural para a demanda chinesa.

Na visão do presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, outra possibilidade é um alinhamento entre países com ideologia similar. Um exemplo é os EUA e a Argentina, com governos de direita.

“Se esse alinhamento ideológico se traduz em queda de barreiras e maior acesso, maior fluxo comercial entre os países, a gente pode aproveitar”, comentou.

Independentemente do cenário, os dois executivos ressaltaram que, por enquanto, ainda existem muitas especulações no mercado e é necessário aguardar o que, de fato, irá se confirmar na postura do novo governo americano.

Fonte: Globo Rural.

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