Depois de defender o fim das barreiras sul-coreanas à carne bovina brasileira e explicar que o Brasil é um país de grandes dimensões, com várias regiões livres da aftosa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi comunicado que não poderia organizar no Japão, próxima escala de sua viagem, um planejado churrasco para as autoridades locais com o objetivo de comprovar a qualidade da carne brasileira.
Em pelo menos dois discursos, neste ano, Lula disse que havia determinado ao embaixador do Brasil no Japão, Ivan Canabrava, a organização de um churrasco. Mas diplomatas afirmaram que a iniciativa foi cancelada, porque está proibida a entrada de carne brasileira no Japão. O país considera que o Brasil não é totalmente livre da febre aftosa sem vacinação. Assim, amostras de carne brasileira não poderiam entrar no Japão mesmo que fossem apenas para o churrasco.
Os negociadores brasileiros vêm, há muito tempo, tentando convencer os orientais a adotar o critério regional para avaliar a incidência da doença e não tomar como base o país como um todo. A Coréia do Sul e o Japão não importam carne bovina do Brasil nem de qualquer país que tenha de utilizar vacinas para controlar a febre aftosa.
O Brasil e a Coréia do Sul assinaram ontem protocolo para a criação de um comitê ministerial consultivo voltado para o setor agrícola. O comitê bilateral terá o objetivo de estimular uma aproximação nas áreas tecnológica, sanitária e comercial.
A previsão era de que Lula embarcasse ontem às 22h40 (10h40 de hoje no horário da Coréia), para Tóquio, onde inicia sua visita oficial que, com a proibição do churrasco, terá de cumprir uma programação mais protocolar. Às 16h30, no Japão, Lula inicia seu roteiro com visita ao Parlamento japonês. Mais tarde, será recebido pelo primeiro-ministro Junishiro Koizume para um jantar após reunião de trabalho. No jantar, se houver carne, será de origem australiana.
Fonte: O Estado de São Paulo, adaptado por Equipe BeefPoint
0 Comments
Com o impedimento “de fato” do gostoso e festivo churrasco, o presidente teve a oportunidade de conhecer de perto a realidade e sentir “na carne” o que poderia amplamente elevar a imagem do Brasil.
O inocente churrasco de confraternização “e vendas” que Lula e nós, gostaríamos que acontecesse e que certamente daria samba, infelizmente não pôde acontecer.
Para o churrasco, é preciso “antes” investir e remontar as estruturas de identificação única, defesa sanitária e abate fiscalizado de animais, e outras…
Quando acontecer, o legítimo churrasco brasileiro no Japão, será emblemático e muito gostoso.
Luiz Fernando Aarão Marques
Médico Veterinário
Professor da UFES