Rodrigues pede R$ 78 mi para reforçar combate à aftosa
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17 de outubro de 2005

Lula nega falta de verba para combater aftosa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não faltaram recursos para o combate à febre aftosa, culpou em parte os fazendeiros pelo foco da doença em Mato Grosso do Sul, mas também afirmou que não isentaria o “Brasil de responsabilidade”.

“Além da responsabilidade de o governo fiscalizar, o primeiro responsável pela vacinação do rebanho é o proprietário. Ele sabe que precisa fiscalizar [vacinar] porque aquilo é seu patrimônio, seu ganha-pão. Portanto, ele tem de cuidar. Quem age com irresponsabilidade é o proprietário”, acusou.

Preocupado com a repercussão internacional negativa do foco de aftosa, Lula pediu ajuda ao primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, para que intercedesse na União Européia a fim de suspender o veto à compra de carne bovina do Brasil. “Não falei ao primeiro-ministro com o objetivo de convencê-lo”, afirmou.

Lula também deu um puxão de orelhas no ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que chegou a falar em falta de verba para a vigilância sanitária. “Não faltou recurso”, repetiu diversas vezes. Ele prometeu apurar a causa do foco. Disse que não queria acusar sem averiguar, numa menção velada à suspeita de que gado do Paraguai tenha infectado o rebanho do Mato Grosso do Sul.

Lula lembrou que grandes criadores pediram que o governo tente acelerar a aprovação no Congresso de um projeto de lei que pune “de forma exemplar” o proprietário que não vacinar seu gado. A pena é ficar sem financiamento público para o negócio por três anos.

“Falei ao primeiro-ministro com a intenção de esclarecê-lo”, afirmou Lula, em entrevista a jornalistas portugueses e brasileiros após a assinatura de uma série de convênios. O brasileiro disse que o esclarecimento permitiria ser “muito mais fácil tomar as decisões”.

Logo após, Sócrates respondeu: “de suas explicações, tomei boa nota. E transmiti-las-ei à União Européia. Em particular, as explicações que diziam respeito à dimensão do problema. E também, e principalmente, a todas as iniciativas e providências que o governo brasileiro tomou”. Os europeus embargaram na terça a compra de parte da carne do Brasil.

Em tom de contrariedade, Lula disse que o problema com a carne não pode ser atribuído à falta de recursos. Afirmou que o foco de aftosa atingiu um rebanho de 582 cabeças de uma única fazenda e que não se poderia alegar falta de recursos. Segundo ele, com R$ 0,80 por vacina, seria barato vacinar um rebanho desse tamanho.

“Queremos mostrar à União Européia e ao mundo inteiro que nós, no final de semana, tomamos todas as providências [para impedir a propagação do foco]”, disse.

“É muito fácil jogar a culpa nos outros, dizer que as vacas foram contrabandeadas. Nós não queremos agir de forma irresponsável. O Brasil não é qualquer um quando se trata de produzir carne. É o primeiro, é o principal [exportador mundial]”, disse Lula.

Fonte: Folha de São Paulo (por Kennedy Alencar), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. ALEXANDRE ELIAS JUNIOR disse:

    Meu Deus do céu! Estou cansado de ser brasileiro e ler mais uma vez uma barbaridade de nosso “presidente”.

    Na cabeça do Lula a verba é pra comprar vacina, talvez comprar seringas e quem sabe até a mão de obra para a vacinação.Cada um tem que fazer a sua parte. O pecuarista vacinar e o governo disciplinar a questão e fiscalizar.

    O que na verdade toda a nação, e principalmente a comunidade internacional, está aclamando são as verbas para um programa de fiscalização com barreiras físicas eficientes, que emanem seriedade, firmeza e principalmente credibilidade.

    Pela falta de critérios, fiscalização e credibilidade 580 cabeças de gado prejudicaram 130 milhões de cabeças e toda a sua cadeia produtiva.

    O País já passou e está passando vergonha por não ter dedicado o tempo de nossos tecnocratas juntamente com a participação da representação dos pecuaristas a elaborarem este maldito plano. Com certeza tem que se disciplinar a forma das prevenções da doença e principalmente os planos de ação previamente determinados caso elas venham ocorrer e submeter este plano a todo o mercado, principalmente o internacional, para que possam avaliar e criticar, pois serão destas críticas que virá o aperfeiçoamento do mesmo.

    Ressalto que esta “comissão” de elaboração tem obrigatoriamente de ser composta também por efetivos pecuaristas, pois se não vão sair regras como a da rastreabilidade que, com certeza absoluta, foi criada por elementos que nunca sentiram o cheiro de estrume de boi.

    Nosso país é pequeno perante os interesses internacionais. Fazendo tudo certo é difícil vencermos as barreiras, porém da maneira como não estamos enfrentando nossas fragilidades fica impossível nos impor sobre esta comunidade.

    Não é sendo o maior exportados (volume) que vamos nos impor, mas sim com regras sólidas, transparentes e com total credibilidade é que vamos conseguir e é neste campo que vem o total desilusão pois as soluções são tecnico-politicas (pecuaristas-governo).

    Nós estamos vacinando. E o governo, o que está fazendo? Aprovando verba e só. Não seria competência dele também liberá-las? Fiscalizá-las? Discipliná-las? Etc, etc, etc….

    Vamos sair do palanque e sujar as mãos, os pés, para que não passemos mais tanta vergonha.

  2. Alison Seganfredo Cericatto disse:

    É vergonhoso um presidente dizer que não faltou verba para a defesa sanitária animal. Ou está mal informado (assessorado), ou não sabe o que acontece no seu País.

    O próprio Ministro do Planejamento, afirmou que havia R$ 87 milhões contingenciados do Mapa, isto é, indisponíveis.

    Os governos Estaduais estão cumprindo sua parte investindo na sanidade do rebanho, bem como os produtores através dos fundos emergenciais. Se alguém não faz sua parte é o governo federal, que ainda se orgulha de que o agronegócio é o responsável pelo superávit da balança comercial.

    Se estes resultados são conseguidos, é devido ao espírito empreendedor dos pecuaristas e governos estaduais, e não devido a investimentos do Governo Federal que, diga-se de passagem, são irrisórios.

  3. Arnaldo Barin disse:

    É digna de comentários a eloqüência e o intelecto do mandatário do poder supremo da nação ao apontar os pecuaristas como responsáveis pelo foco de aftosa detectado em Eldorado – MS.

    A velocidade de raciocínio somada a todo o embasamento técnico e prático sobre o assunto em questão, aliado ao caráter e lisura fazem de nosso presidente um baluarte da pecuária nacional.

    Todos nós pecuaristas, podemos ficar “tranqüilos”, sabendo que nossos interesses estarão “muitíssimo bem representados” por uma pessoa tão capaz e distinta quanto é o nosso excelentíssimo senhor presidente da república.

    Fico até me perguntando:

    – Como é que a pecuária nacional pôde existir e desenvolver-se aos níveis atuais sem que nunca tenhamos tido um presidente assim?

    A resposta deixo para cada um dos senhores…