A Marfrig suspendeu os abates de bovinos em sua unidade localizada em Alegrete (RS) e concedeu férias coletivas aos funcionários pelo período de dez dias. Parte dos empregados começou o recesso na última segunda-feira (4/3) e, para outra parcela, as férias tiveram início ontem.
“As férias coletivas de dez dias — conforme já ocorridas em anos anteriores — foram motivadas para realização de ajustes operacionais na unidade de Alegrete”, disse a empresa à reportagem, em nota. A companhia acrescentou que suas demais plantas no Rio Grande do Sul seguirão operando normalmente. Entretanto, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Alegrete, Marcos Rosse, afirmou que a justificativa recebida pelos funcionários da empresa para a paralisação foi a escassez de gado bovino para abate. “Alegam que não têm matéria-prima”, disse.
Segundo Rosse, os abates já vinham em patamares baixos na unidade dias antes do início das férias coletivas. Além disso, ele acredita que, de fato, a Marfrig colocará manutenções em prática neste período, e citou que houve um problema recente em uma câmara fria da planta.
A unidade de Alegrete tem cerca de 650 funcionários e é a maior empresa do ramo de alimentação na cidade gaúcha. Por isso, a suspensão das atividades, mesmo que temporária, é motivo de preocupação para a população afetada direta ou indiretamente pela decisão, segundo Rosse.
Movimentações ocorridas em outras unidades da empresa que ficam em municípios próximos também estão no radar.
“Demitiram 80 funcionários na Marfrig de Bagé desde a semana passada. É preocupante”, afirmou o presidente do sindicato. Por meio de uma comissão nacional, ele também representa funcionários das unidades da companhia em Bagé e Hulha Negra, no Rio Grande do Sul, que ficam próximas a Alegrete.
“A [unidade] de Hulha Negra é de carne in natura. Eles recebem a carne pronta e fazem outros produtos, como enlatados. Nas outras há abate e desossa, dependem da matéria-prima que é o boi”, disse.
De acordo com Rosse, há ainda a percepção de que o custo com o gado está caro na região. Ele não detalhou os preços que estão sendo praticados nos arredores para a arroba bovina.
A unidade de Alegrete é uma das 16 plantas da Marfrig que estão em processo de venda para a concorrente Minerva.
Fonte: Globo Rural.