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Marfrig tem melhor resultado anual de sua história

Cash is king. No ano em que gerou caixa como nunca – beneficiando-se do momento excepcional no negócio de carne bovina nos Estados Unidos –, a Marfrig conseguiu conciliar retorno aos acionistas, pagamento de dívidas e um apetite bilionário para montar uma posição na BRF. 

A companhia reportou na noite de hoje o resultado de 2021, o melhor de sua história. Com 95% da geração de caixa no mercado americano, a empresa de Marcos Molina lucrou R$ 4,3 bilhões, salto de 31,5%. No período, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 14,5 bilhões, o que representa um aumento em relação a 2020 de mais de 50%.

Sustentada pelos EUA, a margem Ebitda atingiu um dos maiores níveis da história do grupo. Ao todo, a margem ficou em 17%, um aumento de 2,8 pontos na comparação com o ano anterior. Na América do Norte, a margem Ebitda ficou em 21,9%, pouco abaixo dos 23,4% de 2020, mas um nível bastante acima da média histórica da indústria frigorífica americana. 

Com um fluxo de caixa livre que chegou a R$ 5 bilhões no ano, a Marfrig propôs o pagamento de mais R$ 380 milhões em dividendos, o que será ratificado em assembleia pelos acionistas. “Com essa distribuição, vamos a um total de R$ 2,2 bilhões em dividendos sobre os resultados de 2021”, afirmou Tang David, principal executivo de finanças da companhia, em entrevista a jornalistas. Os dividendos da Marfrig representam um “payout” de 58,7%, destacou o executivo. Além disso, a companhia brasileira também fez a recompra de mais de R$ 650 milhões em ações.

No ano, a Marfrig também bateu recorde de receita – o dólar valorizado e os preços mais altos da carne bovina nos Estados Unidos contribuíram. Em 2021, a receita líquida somou R$ 85,4 bilhões, aumento de 26,5%. Na operação da América do Norte, a receita cresceu 28,5%, para R$ 62,8 bilhões. No negócio sul-americano, o incremento chegou a 21,4%, para R$ 22,5 bilhões. 

Não fosse a BRF, a Marfrig poderia ter registrado um resultado ainda melhor. Por causa do efeito negativo – sem efeito no caixa – da marcação a mercado do investimento na dona da Sadia, a companhia de Marcos Molina teve um lucro de R$ 650 milhões no quarto trimestre, queda de 45,7% na comparação anual. A recuo das ações da BRF afetou o resultado em R$ 1,1 bilhão no trimestre, comentou David. Sem isso, a companhia teria um lucro de R$ 1,7 bilhão no trimestre.

Operacionalmente, os EUA também ajudaram nos resultados do quarto trimestre. Ao todo, a receita líquida da Marfrig chegou a R$ 23,9 bilhões entre outubro e dezembro, um aumento de 31%. O Ebitda dobrou, chegando a R$ 4,1 bilhões, com a margem passando de 11,9% para 17,5%. 

Apenas na América do Norte, o Ebitda aumentou 141,1%, atingindo R$ 3,9 bilhões no trimestre. Com isso, a margem pulou de 13,1% para 22,2% na comparação anual. Na América do Sul, no entanto, o preço do gado ainda alto e o embargo – já retirado – da China à carne bovina do Brasil teve um impacto negativo, fazendo o Ebitda dessa região diminuir 55,9%, para R$ 213 milhões. 

Para 2022, o cenário melhorou drasticamente, com a China comprando elevados volumes de carne do Brasil. De acordo com Miguel Gularte, CEO da Marfrig, o mercado chinês apresenta preços muito remuneradores, pagando US$ 8 mil pela tonelada do dianteiro bovino. Normalmente, a China costumava ser um mercado mais fraco no início do ano, mas o consumo das festas de Ano Novo no país asiático foi bom, beneficiando as exportações nos meses seguintes, segundo o executivo.

Nos EUA, o ambiente positivo continua, com boa demanda e oferta razoável, mas as margens do negócio dificilmente conseguirão repetir os mais de 20% de 2021. De acordo com Tim Klein, que comanda o National Beef, as margens do ano passado foram um ponto fora da curva. Para 2022, a tendência é que a margem Ebitda no negócio da Marfrig na América do Norte fique mais próxima de 10% (“low double digits”, disse o americano), o que ainda é um número positivo para uma indústria que, até antes da covid-19, já comemorava muitos as margens acima de 8%. 

Fonte: Valor Econômico.

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