A senadora Marina Silva (PT-AC), numa carta enviada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pediu demissão do cargo. Oficialmente, a assessoria de Marina informou que a saída ocorreu por causa de uma série de desgastes provocados por ações do governo com as quais não concordava e uma seqüência de insatisfações com as atitudes do próprio presidente. Mas o que pode ser qualificado como "gota d´água" foi, de fato, a escolha de Mangabeira Unger, ministro da Secretaria de Ações de Longo Prazo, para a chefia do conselho gestor do Plano Amazônia Sustentável.
A senadora Marina Silva (PT-AC), numa carta enviada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pediu demissão do cargo. Oficialmente, a assessoria de Marina informou que a saída ocorreu por causa de uma série de desgastes provocados por ações do governo com as quais não concordava e uma seqüência de insatisfações com as atitudes do próprio presidente. Mas o que pode ser qualificado como “gota d´água” foi, de fato, a escolha de Mangabeira Unger, ministro da Secretaria de Ações de Longo Prazo, para a chefia do conselho gestor do Plano Amazônia Sustentável.
Marina sentiu-se desprestigiada pelo presidente Lula por não ser a responsável pelas ações que teriam como prioridade garantir a proteção ambiental da região. No fim de semana, reunida com assessores e aliados na sua casa, comunicou que voltaria ao Senado. A declaração de que preferia perder a cabeça, mas não o juízo foi relembrada.
Mangabeira Unger disse ontem que “jamais” teve divergências com Marina. Segundo sua assessoria, o ministro lamentou a demissão. “Nada abalará o compromisso do governo Lula e do Brasil com o desenvolvimento sustentável da Amazônia, que se confunde com o próprio engrandecimento do País”, afirmou.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, lamentou a decisão da senadora Marina Silva de deixar o Ministério do Meio Ambiente. Stephanes fez questão de destacar o bom relacionamento mantido entre ambos e reconheceu o papel significativo de Marina Silva na defesa das causas ambientais do País.
Dirigentes das principais entidades agropecuárias do Brasil avaliaram como positiva a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, à espera de mais ponderação do próximo ministro na definição de uma política visando o desenvolvimento sustentável das regiões ambientalmente mais sensíveis.
“Espero que o próximo ministro não seja tão radical quanto a Marina, porque infelizmente a ministra Marina se pautou muito nas questões ambientais e se esqueceu do principal ente do meio ambiente que é o ser humano”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, em entrevista por telefone.
Os produtores mato-grossenses, além daqueles situados no Estado vizinho, o Pará, com forte atuação na pecuária, passaram a ser mais fiscalizados durante a gestão de Marina Silva. Eles argumentam que a ministra esteve por trás de uma série de restrições ao setor, que inclusive impediram alguns de obter novos financiamentos para desenvolver suas atividades.
A ministra argumentava que houve um aumento do desmatamento no final do ano passado, que acompanhou a alta nos preços das commodities agrícolas. Após a divulgação dos dados sobre o desflorestamento no Norte e Centro-Oeste, o governo disparou a chamada Operação Arco de Fogo, para combater o comércio ilegal de madeira, que contou com a participação da Polícia Federal.
O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho, avaliou que o próximo ministro deveria ter uma posição mais equilibrada e menos ideológica sobre o meio ambiente.
“A gente defende mais equilíbrio e mais bom senso, e menos ideologia… Ela é representante dessas correntes de preservação internacionais, muito contraditórias e muito ideológicas”, declarou Ramalho.
Na mesma direção foi o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso, Glauber Silveira. “Nós precisamos de um interlocutor que não tenha preconceitos”, disse.
De acordo com o dirigente da Aprosoja, Marina Silva nunca pensou no desenvolvimento sustentável, ao contrário, pensou no ´não´ desenvolvimento. “O problema da ministra é que ela não tem gestão ambiental, o que ela fez foi simplesmente restrição ambiental.”
Para ele, Marina simplemente ficou lançando normas para “mascarar a ineficiência governamental” e deixou de realizar coisas importantes, como a regularização de propriedades rurais.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo.