O governo de Mato Grosso estuda para os frigoríficos um incentivo de 3%. O percentual será único para todas as plantas existentes no estado. Somente com Serviço de Inspeção Federal (SIF) são aproximadamente 43 unidades; destas, 19 fecharam nos últimos dois anos por falta de animais para o abate. De acordo com entidades do setor produtivo, o rebanho bovino mato-grossense precisa ser revisto diante a atual situação.
Em Mato Grosso, de acordo com dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), existem cerca de 28 milhões de cabeças de gado. Entre 2010 e 2013 Mato Grosso levou mais fêmeas ao abate. Entre os motivos estava a pastagem e arroba em baixa. A falta de animais a partir de 2014 para serem levados aos frigoríficos já era esperada, visto que os bezerros que deveriam ter nascido naquela época estariam hoje sendo terminados.
No primeiro semestre de 2015 seis plantas frigoríficas fecharam as portas em Mato Grosso, levando em torno de 4 mil pessoas ao desemprego. “Paralelo a isso, você teve um processo de incentivo muito forte tanto do governo federal quanto do governo estadual para a abertura e ampliação de novas unidades frigoríficas dentro do estado e do Brasil. Esse efeito não teve na mesma proporção (incentivo) para o aumento da produção”, comentou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Seneri Paludo.
Questionado sobre a questão dos incentivos fiscais, Paludo declarou que o governo do Estado já estuda três pontos para a cadeia. Um deles é a implantação de um incentivo único de 3%. O secretário revela que gestões passadas baixaram de 7% para 3,5% a carga mínima, além de através de conceder mais incentivos individuais por meio do Prodeic.
“Hoje, temos frigoríficos pagando 3,5%, frigoríficos pagando 1,8% e frigoríficos que não pagam nada. Então, dá esse desnivelamento da cadeia. Já estamos em conversa com os frigoríficos e vamos criar uma carga única. A nossa proposta nem é os 3,5% e sim 3% para todos”, frisa. Segundo ele, o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo-MT) solicita 2%, alegando que nos outros estados da região, é menor, mas Paludo negou que isso ocorra, dizendo que em Goiás a carga tributária para o setor é de 3%, enquanto para o Mato Grosso do Sul entre 4% e 5%.
Outro ponto estudado pelo governo do Estado para a cadeia pecuária e frigoríficos é a questão da carga tributária do boi em pé para que este não saia de Mato Grosso para ser abatido em outro estado. “O terceiro ponto estudado é um programa de médio e longo prazo para o incentivo ser para o produtor. Para o pecuarista voltar a produzir”.
Se Mato Grosso possui cerca de 28 milhões de cabeças de bovinos espalhados pelos pastos, à pergunta feita hoje, até mesmo pelas entidades de classe, é onde estão estes animais. “Nós estamos analisando os dados de Mato Grosso sob uma ótica dos números que temos. Esses números que o Indea diz termos cremos que não seja a realidade atual. Esse é o nosso sentimos. O fechamento dos frigoríficos mostra uma realidade de que não temos animais. Eles alegando que o problema é falta de matéria-prima e essa matéria-prima realmente acreditamos que não tem. Esses números (rebanho) precisam ser revistos”, comenta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Rui Prado.
Segundo ele, o ideal seria haver em Mato Grosso frigoríficos menores para haver uma maior concorrência no mercado. “Havendo maior competição no mercado essa competição se traduz em um alimento melhor, porque a concorrência faz essa exigência, bem como o consumidor. O que Mato Grosso precisa é de mais empresas trabalhando nesse ramo, mas não com mais capacidade”.
A pergunta de “Onde estão os bois?” também é feita pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), de acordo com o superintendente Olmir Cividini. “Estamos preocupados com esse tamanho do rebanho e com essa falta, digamos, para a terminação. Talvez seja a hora de rever estes números. A causa da redução se confirma”.
Cividimi comentou que o elevado abate de fêmeas entre 2010 e 2013 fez também com que o estoque de animais machos fosse o maior dos últimos 9 anos. “Os bezerros que deveriam ter sido gerados naquela época estariam prontos hoje para o abate. Outro ponto para a falta de animais, hoje, é a sazonalidade dentro da cadeia no corrente, ou seja, estamos entrando na seca e o animal que está indo para o confinamento será enviado ao frigorífico a partir de setembro. Além disso, como o bezerro está mais valorizado hoje, os pecuaristas estão retendo fêmeas para cria”.
Cividini destaca ainda que ao contrário do que os frigoríficos falam sobre a saída de animais em pé, um estudo encomendado pela Acrimat ao Imea mostrou que a saída é de apenas 2% dos animais destinados ao abate. “Dentro de um mês significaria entre 11 e 12 mil cabeças. É muito pouco para justificar também o fechamento de frigoríficos”.
O Indea disse que os números do rebanho do MT são baseados no número de animais existentes nas propriedades com base nas comunicações da vacinação da febre aftosa na etapa de novembro e atualizado conforme os pecuaristas emitem as Guias de Trânsito Animal (GTA).
Fonte: Olhar Direto, adaptada pela Equipe BeefPoint.