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Mercado de reposição e relações de troca 2006-07

O mercado de reposição entra em 2007 com preços mais altos em relação ao início de 2006 na maioria das regiões, principalmente para animais mais novos. Se utilizarmos como referência o indicador Esalq/BM&F - bezerro, com base no Mato Grosso do Sul, vemos preços 10,28% superiores em relação a janeiro do ano passado.

O mercado de reposição entra em 2007 com preços mais altos em relação ao início de 2006 na maioria das regiões, principalmente para animais mais novos. Se utilizarmos como referência o indicador Esalq/BM&F – bezerro, com base no Mato Grosso do Sul, vemos preços 10,28% superiores em relação a janeiro do ano passado. Na verdade, o preço do bezerro macho no MS começa a recuperar o patamar negociado no início de 2005, quando os preços iniciam uma queda até 2006.

A relação de troca, calculada pelo indicador Esalq/BM&F, está em 1:2,42, um pouco melhor para o invernador (+0,74%) de que os 1:2,40 em que o mercado trabalhava em janeiro de 2006. Isso porque os preços do boi gordo, hoje (R$ 53,80/@ a vista), estão 11,09% superiores aos R$ 48,43/@ em 24/01/06. O bezerro, que vale R$ 367,33/cabeça, pelo indicador Esalq/BM&F (MS), está 10,28% acima de 2006, em relação a 24/01, e 1,24% abaixo da mesma data em 2005. Veja, no gráfico 1, como se comportaram os preços do bezerro nos últimos anos, pelo indicador Esalq/BM&F.

Gráfico 1. Evolução do indicador Esalq/BM&F bezerro (MS), desde 2002, diário


Nas diversas regiões de negociação de gado de reposição no Brasil, na média os preços estão 12,18% maiores para o bezerro de 8 meses a sobreano, extrapolando o que sinaliza o indicador Esalq/BM&F. Em Pelotas/RS, com o desestímulo a atividade e seca que afetou a fertilidade do rebanho, os preços dos animais nessa era são 37,04% superiores à mesma data no ano passado.

Por outro lado, há situações opostas, mesmo que com menor intensidade. Os animais desta era em Sinop/MT e Vitória da Conquista/BA registraram queda no período. Os animais de maior era tendem a registrar preços inferiores a 2006 com maior freqüência, como pode ser observado na tabela 1. As mesmas variações também são ilustradas no gráfico 2.

Tabela 1. Preços do bezerro e variação em relação a 24/01/2006


Gráfico 2. Variação dos preços na reposição, em relação a 24/01/06


O estado do TO teve variações menos significativas em relação a outras regiões produtoras. É interessante notar que, mesmo no seu estado vizinho, Goiânia/GO teve valorização de 10,45% no bezerro na primeira era analisada, 12,00% para animais de 18 a 24 meses e 6,90% para animais de 24 a 30 meses. Nas mesmas categorias, Araguaína/TO registrou, respectivamente + 3,03%, -2,04% e -9,91%. Na última categoria, de boi magro, Gurupi/TO teve -5,45% em relação a janeiro de 2006. Veja a evolução dos preços do bezerro macho, de 8 meses a sobreano, em algumas praças no gráfico 3.

Gráfico 3. Evolução dos preços do bezerro macho, nelore, de 8 a 12 meses em 2006


No mesmo sentido, no gráfico 4 é possível acompanhar a evolução dos preços do boi magro em 4 regiões de comercialização. Em alguns casos, como Rondonópolis/MT, é possível notar que os preços entram com cotações elevadas de 2005, caindo com os primeiros negócios em 2006. Nesta praça, em 04/01/06, o boi magro estava cotado a R$ 630,00/cabeça a prazo, e despenca para os R$ 500,00 no final de janeiro. Hoje está em +8,00/% acima de 24/01/06, cotado a R$ 540,00/cabeça a prazo.

Gráfico 4. Evolução dos preços do boi magro macho, nelore, de 18 a 24 meses em 2006


Relações de troca

Observando as médias entre os estados, o que prevalece, em relação a janeiro do ano passado é uma redução na relação de troca considerando os animais mais novos. No caso do boi magro, na maioria dos estados a relação aumentou, ou seja, o poder de compra do pecuarista de engorda ou recria melhorou em relação ao boi magro, mas caiu em relação ao bezerro. Os gráficos 4 e 5 representam as relações médias nos estados analisados e a variação, em relação à mesma data em 24/01/06.

Gráfico 5. Relações de troca média nos estados


Gráfico 6. Variação da relação de troca, 24/01/07 x 24/01/06


No Rio Grande do Sul, que devido a uma restrição sanitária estadual não pode fazer a reposição com animais proveniente de outros estados, teve uma redução significativa das relações de troca em todas as categorias. O estado teve uma melhora significativa em 2006 para a atividade, com a abertura de mercados importantes, como Chile e Rússia, enquanto outros estados estiveram fechados para estes mercados. Por outro lado, com a redução nos investimentos, seca prolongada e muitos anos de abates de matrizes, a reposição encareceu em 2006. Em Porto Alegre/RS, a valorização do boi gordo em relação a janeiro de 2006 é de 21,21% e, ainda assim, a relação de troca caiu 11,31%, de 1:2,98 para 1:2,64 boi gordo:bezerro de 8 a 12 meses.

Gráfico 7. Relações de troca na reposição no RS, em 25/janeiro de 2006 e 2007


As relações de troca nas diferentes regiões brasileiras tornam difícil visualizar uma mudança de ciclo pecuário. Somente no RS, onde mesmo com o aumento significativo de preços do boi gordo, as relações de troca caíram, indicando aumento ainda maior nas cotações de gado jovem. Nos outros estados, como pode ser observado no gráfico 6, ainda há pontos conflitantes.

A relação de troca com bezerros de 180 kg diminuiu em quase todas as praças, mas as relações de troca de animais mais pesados e mais velhos chegou a aumentar em várias regiões. A evolução das relações de troca na média Brasil, mesmo incluindo RS, é positiva para animais de 285 e 320 kg. Ao se analisar 24/01/07 em relação a mesma data do ano passado.

O estado do Tocantins é um exemplo interessante, pois no decorrer de 2006, os preços do boi gordo se valorizaram mais que o de animais jovens, aumentando a relação de troca nas três categorias de machos analisadas. É importante salientar que mesmo com custos de transporte, há uma inter-relação dos mercados estaduais de animais jovens, como no gado para abate. Diferenças muito grandes de preço entre-estados tende a estimular compras em outras regiões. O TO pode ajudar a segurar os preços de GO, por exemplo.

0 Comments

  1. Antonio Pereira Lima disse:

    Aqui em Campo Grande, nos leilões realizados pela empresa Correa da Costa os animais são rigorosamente pesados ao descerem do caminhão. Portanto se fizermos as comparações levando em consideração Kg/vivo, teremos oscilações ainda maiores do que os 10,28% dos indicadores Esalq/BM&F.

    Em 01/05 bezerro nelore 08 a 10 meses R$ 2.05 Kg/vivo
    01/05 boi magro 24 a 30 meses R$ 1.81 Kg/vivo

    Em 01/06 bezerro nelore 08 a 10 meses R$ 1.65 Kg/vivo
    01/06 boi magro 24 a 30 meses R$ 1.46 Kg/vivo

    Em 01/07 bezerro nelore 08 a 10 meses R$ 2.15 Kg/vivo
    01/07 boi magro 24 a 30 meses R$ 1.90 Kg/vivo
    (boi magro citado também nelore)

    Em 01/05 bezerra nelore 08 a 10 meses R$ 1.52 Kg/vivo

    01/06 bezerra nelore 08/10 meses R$ 1.20 Kg/vivo

    01/07 bezerra nelore 08/10 meses R$ 1.50 Kg/vivo

    Um detalhe, pouca oferta e muita procura por animais de reposição.

  2. Fernando Costabeber disse:

    Obrigado, Antonio.

    Finalmente observo alguém falando em preços bovinos usando a terminologia universalmente aceita, ou o valor por kg de peso. O que significa uma arroba de bezerro? Ele é abatido, tem sua carcaça pesada e este peso é dividido por 14,689 kg?

  3. Luciano Abrão Fagundes disse:

    Caros amigos

    Acompanhamos estas oscilações desde 1998, onde tivemos uma subida até o ano de 2001, uma descida até 2004 e outra subida até 2007, situação já esperada.

    Nessas oscilações os preços variam de acordo com o preço do boi gordo, em Maio/Junho (safra), de 7@ (2004) a até mesmo 9,7@ (2001). Exemplo: 8,9@ (2002), 8,0 @(2003), 7,1@ (2004), 7,86@ (2005) e 7,8@ (2006). A média da avaliação ficou em 8,17@ de boi. Lembrando que é uma bezerrada de 220Kg de média.

    Será que este ano, devido ao famoso abate de matrizes, teremos preços maiores? Será que as matrizes diminuíram mesmo?

    De onde vem um rebanho nacional em torno de 200 milhões de animais? E acredito piamente que temos no mínimo 10% a mais.

    Com um rebanho dessa amplitude não acredito que as matrizes estão diminuindo.

    Quanto ao aumento dos preços, pelo menos em nossa região, acredito que houve uma procura maior que a do ano passado e em uma época que não é safra do bezerro. Acredito que daqui a uns 30 dias começará a aparecer o bezerro do mês 7 e 8/2006.

    O que acha?

  4. José Leonardo Montes disse:

    Considerando a época, acho que na região do sudoeste goiano é a pior época para repor, como se diz por aqui o magro pega o gordo, a relação custo beneficio fica muito perto para se obter lucro, pois hoje estão praticando 1,3 boi erado por boi gordo é uma margem muito apertada para o invernista.

  5. Roberto Euclydes de Almeida Barros disse:

    Leio com muita atenção os artigos e gosto de analisar as cartas dos amigos pecuaristas.

    A situação é idêntica em todos os lugares. Nós estamos num país que não é bom para o produtor porém é ótimo para rentistas.

    Continuem escrendo,parabéns.

  6. levi clementino da cunha disse:

    Acho que é a vez do criador, pois o abate de matriz foi muito grande nos últimos anos. Os invernistas precisam controlar as vendas para melhorar o preço da @ do boi gordo, equilibrando mais a relação com o preço do bezerro.