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12 de maio de 2010
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14 de maio de 2010

Mercado do boi gordo fecha semana com preços em queda e lentidão nos negócios

Durante esta semana, os frigoríficos que conseguiram manter as escalas mais confortáveis apresentaram pouca disposição em pagar preços mais altos pela arroba e voltaram a pressionar por recuos. O pecuarista não está satisfeito com os preços ofertados, principalmente porque a relação de troca piorou, e segue negociando apenas pequenas quantidades. Com este cenário, o mercado do boi gordo teve uma semana de poucos negócios.

Durante esta semana, os frigoríficos que conseguiram manter as escalas mais confortáveis apresentaram pouca disposição em pagar preços mais altos pela arroba e voltaram a pressionar por recuos. O pecuarista não está satisfeito com os preços ofertados, principalmente porque a relação de troca piorou, e segue negociando apenas pequenas quantidades. Com este cenário, o mercado do boi gordo teve uma semana de poucos negócios.

Diante da pressão exercida pelos compradores dos frigoríficos, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista recuou 1,19%, sendo cotado a R$ 80,23/@. O indicador a prazo foi cotado a R$ 81,03/@, na última quarta-feira, registrando queda de 1,09%. No mês de maio, a variação acumulada até o momento é de -0,90%.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

No sentido contrário ao movimento do indicador, os contratos de boi gordo negociados na BM&FBovespa apresentaram valorização durante a semana. O primeiro vencimento, maio/10, apresentou variação positiva de R$ 0,47 no período (05/05 a 12/05), fechando a R$ 80,38/2 no último pregão. Os contratos que vencem em outubro/10 fecharam a R$ 84,39/@ (quarta-feira) acumulando alta de R$ 0,42 na semana.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 05/05/10 e 12/05/10

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea), a queda na temperatura nos últimos dias trouxe muitas especulações ao mercado pecuário. “Frigoríficos, com escalas um pouco mais alongadas, retraíram-se na expectativa de aumento da oferta. Pecuaristas, no entanto, não mostram, por enquanto, interesse em intensificar os negócios, mantendo as ofertas limitadas a pequenos lotes”, comentam os analistas do Cepea.

Os frigoríficos paulistas seguem pressionando os preços da arroba, mas de maneira geral completam suas escalas trazendo animais de fora do Estado, o que dá uma sensação incorreta de aumento das ofertas e os negócios seguem em ritmo lento.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

A reposição segue aquecida e o recuo da relação de troca preocupa os pecuarista que precisam comprar animais magros. O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 721,21/cabeça, acumulando valorização de 1,50% durante a semana.

Com o boi gordo apresentando variação negativa e o preço do bezerro em alta, a relação de troca recuou para 1:1,84. Se fizermos as contas considerando os valores praticados no Mato Grosso do Sul, a situação é ainda pior, ficando em 1:1,76.

A margem bruta na reposição (R$ 602,59) também piorou, sendo a pior desde 30 de dezembro de 2009. A média dos últimos 12 meses é de R$ 663,75, ou seja, o valor calculado hoje está 9,21% abaixo desta média. A margem bruta na reposição, representa o que sobra da venda de um boi gordo de 16,5@ e compra de um bezerro de reposição e será utilizada para investimentos, pagamento de contas e salários e lucro. Acreditamos que este indicador representa melhor o poder de compra do pecuarista, já que normalmente essa é a operação realizada pela maioria dos invernistas.

A venda de terneiros de outono no Rio Grande do Sul chega ao final do primeiro mês da temporada com elevação de 9% no preço médio em relação ao circuito passado. A média exata para o mês foi de R$ 3,00 para o quilo vivo dos machos contra R$ 2,75 registrados em 2009.

Com base no atual cenário, o presidente do Sindicato dos Leiloeiros do Rio Grande do Sul (Sindiler), Jarbas Knorr, acredita que até o final do circuito, no mês de junho, será possível superar o faturamento total do ano passado, de R$ 31,17 milhões. Na época, as vendas foram golpeadas pela seca sobre as pastagens e pelos resquícios da crise financeira mundial. “O produtor rural está capitalizado, a soja e o arroz estão com bons preços se considerarmos a média histórica, e há comida sobrando nos campos”, justifica Knorr.

O presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul, Francisco Schardong, reforça a valorização da pecuária gaúcha. Ele assegura que os preços são satisfatórios e cobrem o custo de produção. O dirigente acrescenta que, nas feiras que estão oferecendo animais castrados ou de alta qualidade, o preço médio está acima de R$ 3,00.

De acordo com notícia do jornal Correio do Povo/RS, a 8ª Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas da Fenasul deverá somar R$ 1 milhão em negócios. A projeção foi feita, essa semana, no lançamento do evento, na Farsul.

O leiloeiro Alexandre Crespo salientou que, em 2009, os preços estavam favoráveis ao comprador e que a expectativa para este ano é de bons negócios para quem compra e quem vende.

Segundo o Boletim Intercarnes, a instabilidade vai acentuando-se nos preços do atacado visto que a procura (distribuidores) segue em ritmo lento e muito irregular. Isso vai contrariando de forma bem significativa as expectativas previstas de uma semana com boa reposição. As ofertas de carne com osso estão, efetivamente, com volumes mais expressivos e superiores a demanda. A tendência é que o mercado de carne se mantenha indefinido, pois aparentemente não há perspectiva de recuperação quanto a procura a curto prazo e as ofertas tendem a permanecer em regulares, principalmente com a aproximação da 2ªquinzena mês quando as vendas devem ficar ainda mais retraídas.

No atacado paulista, o traseiro foi cotado a R$ 6,30, o dianteiro a R$ 4,00 e a ponta de agulha a R$ 3,80. O equivalente físico foi calculado em R$ 76,17/@, com desvalorização de 3,07%. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente subiu para R$ 4,06/@.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

Confinamento

No final da semana passada Juan Lebron, diretor-executivo da Assocon, disse que o número de animais confinados em 2010 deve pelo menos repetir o desempenho do ano passado. “Estamos na fase final de nossa pesquisa sobre a intenção do confinador, mas acreditamos que seja um número igual a 2009 ou mais”, afirma Lebron.

A expectativa positiva se deve ao baixo preço da alimentação para o gado confinado. Tanto os preços do milho quanto da soja e outras matérias-primas estão em baixa. A soja em Sorriso (MT), por exemplo, recuou 32% em 12 meses, enquanto o preço do milho no Paraná caiu 17%. Segundo Juan Lebron, o que determinará a manutenção e a intensidade do crescimento do número de animais confinados neste ano será o preço do boi magro.

Já o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) acredita que a atividade de em Mato Grosso este ano deverá apresentar queda de 7,03% em relação aos números de 2009. De acordo com levantamento de intenção de confinamento divulgado na semana passada, em 2010 deverão ser confinados 593.190 animais, contra 637.983 do ano anterior. Segundo o gestor do Núcleo de Análise e Conjuntura do Imea e responsável pela pesquisa, Otávio Celidonio, a queda se deve a dois fatores básicos: falta de um planejamento antecipado do produtor para este ano e alto custo do boi magro.

No primeiro levantamento do ano, o Imea identificou 221 propriedades com estrutura de confinamento no Estado, sendo que dessas unidades confinadoras, 90% foram contadas pela equipe do instituto. Dentre os produtores entrevistados, 43 não pretendem confinar em 2010 e, 42, demonstraram interesse em fazer o confinamento, mas não têm previsão de entrega dos animais ou pretendem confinar, porém não possuem ainda uma noção do volume.

O Imea informou que 115 propriedades já possuem previsão de entrega tanto do volume de animais que será confinado quanto dos meses de entrega dos mesmos. O resultado deste levantamento apontou recuo de 44.793 animais em relação ao total confinado em 2009.

“Com base neste levantamento podemos concluir que o mercado ainda está indeciso quanto ao futuro do preço da arroba do boi, uma vez que ele está pagando caro pelo preço do boi magro”, avalia Celidonio. Ele disse que os preços dos insumos hoje estão favoráveis ao produtor, porém o custo do animal a ser confinado está caro.

“A margem do confinamento é pequena, mas o giro é rápido e por isso o pecuarista acaba decidindo pelo confinamento”, analisa Celidonio, que não vê a queda de 7,03% no número de animais confinados como significativo para o mercado. “Esta queda mostra apenas que o produtor está receoso quanto à remuneração da atividade face ao custo do boi magro, por isso prefere agir com cautela”.

Celidonio diz que se a atividade de confinamento confirmar a queda este ano, poderá haver menor oferta de boi gordo no mercado, durante o período da entressafra, mas não o suficiente para gerar escassez. Na avaliação do diretor executivo da Associação dos Produtores Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, a decisão de confinar mais ou menos vai depender de três fatores fundamentais: preço do boi magro, custos de engorda (confinamento) e preço de comercialização. “O pecuarista deve ter muita cautela antes de decidir se é vantajoso para ele optar pelo confinamento este ano”, acrescenta.

A opinião é avalizada pelo zootecnista Bruno Andrade, da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). “É preciso tomar alguns cuidados, como ficar de olho nos custos de produção e nos preços do boi magro, controlar bem a rotina do confinamento e ter uma boa gestão de custo. Se surgir uma boa oportunidade de venda no mercado futuro, o pecuarista não deve pensar duas vezes”.

Turquia

O Ministério da Agricultura informou que a Turquia vai liberar a compra de carne bovina e de aves do Brasil. A decisão foi comunicada ao Ministério das Relações Exteriores no dia 28 de abril, informação que foi repassada ao ministério. A Turquia nunca importou carne do Brasil, informou o governo. Nos próximos dias, o governo da Turquia vai comunicar ao ministério as condições para a importação. Também será definido o volume a ser importado, compras que poderão ser feitas por meio de cotas anuais ou a partir da concessão de licenças de importação.

O governo brasileiro não soube estimar o potencial do mercado da Turquia. Para fontes do setor, a abertura do mercado turco é uma tentativa de conter a alta dos preços no mercado local. O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, acredita que a Turquia pode representar mais um importante mercado para a carne de frango brasileira. “Trata-se de um país com grande potencial de consumo”, afirmou. Segundo Turra, atualmente o Brasil exporta carne de frango para a Turquia indiretamente, via países vizinhos, como o Iraque. A entidade não tem números sobre o potencial do mercado turco, mas, segundo Turra, a reação à medida anunciada foi imediata.

“Os importadores já começaram a se movimentar para comprar diretamente do Brasil”, disse. No caso da carne bovina, não deve ter impacto significativo no curto prazo, mas pode abrir caminho para flexibilização nas negociações entre o Brasil e a União Europeia (UE), já que a Turquia é um país candidato a aderir ao bloco econômico, avalia Otávio Cançado, diretor da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec). “A UE consulta todos os países sobre as suas relações do candidato a aderir ao bloco e, se a situação for menos favorável do que a que temos atualmente com o bloco, podemos reivindicar algumas mudanças nas regras de comércio entre UE e o Brasil”, disse Cançado.

As importações de carne bovina com origem no Brasil foram proibidas por autoridades turcas em 2002, devido a focos de doenças no País, como a febre aftosa. Apesar da suspensão da proibição das importações diretas do Brasil, ainda falta a formulação de um modelo de Certificado Sanitário Internacional (CSI) entre as autoridades brasileiras e turcas, o que começa a ser negociado entre os dois países, segundo Otávio Cançado. Atualmente, é necessário que sejam emitidas licenças de importação pelo país importador para cada embarque brasileiro destinado àquele país, exigência que, na prática, acaba inviabilizando o comércio entre os dois países.

Brasileiros aumentam os gastos com alimentos

Os brasileiros estão comprando mais alimentos nos supermercados e retomaram o hábito de fazer as refeições em casa. É o que revela a pesquisa Retratos do Varejo da Associação Paulista dos Supermercados (Apas). Depois de manter-se estável em 2008, no ano passado a aquisição de alimentos nos supermercados aumentou 13%, no país. O gasto médio atingiu R$ 1.663, 8% maior do que no ano anterior, R$ 1.558. O mesmo percentual de alta foi constatado em relação à renda média (R$ 1.686,00).

O vice-presidente de comunicação da Apas, Martinho Paiva, disse que os dados indicam uma mudança no comportamento dos consumidores. Em 2005, a renda média era 3% inferior ao gasto médio, que somou R$ 1.378. No ano seguinte, houve uma inversão com a renda em R$ 2.393, superando em 2% o montante gasto.

Em 2007, o brasileiro ganhava em média 3% mais do que o desembolso para o consumo (R$ 1.417). Em 2008 foi mantido o ganho maior (R$ 1.558) do que o gasto (R$ 1.540), mas diminuiu a diferença (1%). A mesma relação foi registrada no ano passado e classificada por Paiva como uma demonstração de “equilíbrio”.

Segundo ele, o aumento na oferta de crédito levou a um gasto acima da renda e, passada a euforia inicial, “veio o ajuste das contas porque o consumidor percebeu que tinha de diminuir os gastos”. No período da crise financeira internacional, conforme acentuou, a ação foi de alerta.

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