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Mercado firme, UE volta a comprar carne brasileira

Março chega ao final e o mercado do boi gordo registra mais uma semana de alta. No calendário estamos em plana safra, mas na prática não é isso que acontece, a oferta de boi segue reduzida e os preços firmes, sem perspectiva de recuo no curto prazo. O frigorífico Independência anunciou que irá retomar as exportações à UE, na semana que vem devem ser embarcadas 50 toneladas de carne bovina in natura para a Europa.

Março chega ao final e o mercado do boi gordo registra mais uma semana de alta. No calendário estamos em plana safra, mas na prática não é isso que acontece, a oferta de boi segue reduzida e os preços firmes, sem perspectiva de recuo no curto prazo.

O frigorífico Independência anunciou que irá retomar as exportações à UE , segundo comunicado da empresa, na semana que vem devem ser embarcadas 50 toneladas de carne bovina in natura para a Europa. No mercado da carne se comenta que outras empresas também estão de olho no retorno das exportações para a UE e já estão negociando a compra de animais com fazendas aptas à exportar para o bloco europeu. Analistas acreditam que essa primeira venda depois das restrições da UE é positiva, pois esses animais estão sendo negociados a preços mais altos do que os bois destinados ao mercado interno e isso tende a puxar os preços para cima.

Na semana, o indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista teve valorização de 0,34%, sendo cotado a R$ 76,42/@, nesta quarta-feira. O indicador a prazo foi cotado a R$ 77,21/@, alta de 0,25% na semana. Em relação ao mesmo período do ano passado a valorização foi de 37,29%, no dia 26 de março de 2007 a cotação do boi gordo a prazo era de R$ 56,24/@. O dólar acumulou valorização de 1,43% na semana. Com isso o preço da arroba do boi gordo recuou para US$ 44,22 (-1,07%), apesar da alta registrada na cotação em reais.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


Com o Esalq/BM&F bezerro MS apresentando valorização maior do que o indicador de boi gordo, a relação de troca recuou para 1:2,41. O indicador de bezerro registrou alta de 0,62% (R$ 3,22) na semana. De acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Em termos nominais, o indicador do bezerro tem batido recordes sucessivos há mais de um ano – desde 23 de março de 2007.

Gráfico 1. Indicador Esalq BM&F bezerro MS à vista x relação de troca


Segundo análise do Cepea, esse mercado firme reflete a baixa oferta de animais disponíveis para reposição. Para o produtor que realiza o sistema recria, a compra de animais representa cerca de 14% dos custos efetivos da produção pecuária – média de dez estados do levantamento de custos do Cepea em parceria com a CNA. A valorização do bezerro somada ao aumento de outros importantes itens da pecuária, como o sal mineral e fertilizantes, trazem preocupação aos produtores que realizam as etapas seguintes da atividade de cria.

Vilson Dantas, de Canarana/MT, informou ao BeefPoint que na região está muito difícil encontrar bons lotes de bezerro e os animais que estão sendo ofertados estão com preços bastante elevados. Os pecuaristas que precisam fazer reposição estão tendo que buscar animais cada vez mais longe. Ele ressalta que os grandes confinamentos da região não devem enfrentar grandes problemas, pois começaram a se programar com antecedência e a maior parte dos animais de serão confinados já foram adquiridos.

Os frigoríficos de todo país continuam com dificuldades para adquirir animais para abate. As escalas continuam curtas, em São Paulo as programações de abate atendem em média 3 dias e nos outros estados a situação é bastante semelhante. A oferta pequena segue sustentando os preços do boi gordo e em muitas praças os compradores tiveram que reajustar os preços para conseguir fechar negócios.

Tabela 2. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 19/03/08


Sérgio Paschoal, do escritório Pantaneiro, de Campo Grande/MS, comenta que muitos pecuaristas estão segurando seus animais prontos no pasto, pois não conseguem fazer a reposição. Ele explica que além dos preços altos, está bastante difícil encontrar animais para repor o rebanho e isso tem deixado o pecuarista mais cauteloso na hora da negociação. Esperando achar lotes de bezerros que atendam suas necessidades para casar os negócios, vender o boi e compra a reposição.

No Rio Grande do Sul, os frigoríficos devem continuar sofrendo com a oferta enxuta de gado, situação que deve se agravar com o início das exportações de gado em pé para o Líbano. Os árabes, que em 2007 importaram grande quantidade de animais vivos do Pará, agora também estão comprando no RS e a expectativa é que isso aumente a concorrência pelo gado gaúcho, dando firmeza aos preços.

A Abrafrigo tem criticado este tipo de comércio , alegando que essa operação não traz ganhos para o país. “Nós consideramos esse tipo de negócio um retrocesso para o país porque não agrega valor algum a economia regional e a exportação é isenta de qualquer tipo de taxa ou imposto. Deixamos de processar o couro, o sebo e a carne e, além disso, já está havendo falta de matéria-prima em estados como o Pará e o Rio Grande do Sul”, afirma o presidente da Abrafrigo, Péricles Pessoa Salazar.

O leitor do BeefPoint, Antonio Carlos Gonçalves, de Pelotas/RS, reporta que no mercado gaúcho o boi gordo está sendo negociado por valores entre R$ 2,30/kg vivo e R$ 2,40/kg vivo (que corresponde a uma arroba de R$ 73,50) e que a oferta segue ajustada. Ele ressalta que a reposição ainda está valorizada com o bezerro desmamado sendo negociado a R$ 2,90/kg e comenta que os produtores do estado estão voltando a investir na atividade, fato que pode ser notado pela grande procura por fêmeas em idade de reprodução, reprodutores e medicamentos, principalmente aqueles usados em protocolos de sincronização de cios e inseminação artificial.

O mercado futuro também teve uma semana de valorizações consecutivas, acompanhando a firmeza do indicador e a pouca oferta no mercado físico. O primeiro vencimento teve valorização de R$ 0,05 na semana. Para os contratos com vencimento em maio/08, a variação foi de R$ 0,92. Outubro/08, que fechou a R$ 82,92/@, nesta quarta-feira, acumulou alta de R$ 1,08.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 19/03/08 e 26/03/08


No atacado da carne, os três cortes primários reagiram durante a semana, apresentando valorização de R$ 0,10. O traseiro foi cotado a R$ 5,50, o dianteiro a R$ 3,90 e a ponta de agulha a R$ 3,30. Com estas valorizações o equivalente físico foi calculado em R$ 68,85/@, alta de 2,23%. Com o equivalente acumulando alta maior do que o indicador de boi gordo, o spread recuou para R$ 7,57/@ (-R$ 1,24 na semana), este valor ainda é superior à média dos últimos 12 meses (R$ 6,47/@). Quanto maior for o spread menor será a margem bruta do frigorífico.

Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina


As indústrias continuam reclamando que não conseguem repassar as altas do boi gordo para o varejo e por isso não podem reajustar os preços da arroba. O mercado de carnes está um pouco mais enxuto em relação a oferta. Mas vendedores comentam, que no mercado interno, ainda existe muita oferta de cortes de traseiro e outras carnes que eram exportadas, o que não permite valorizações maiores. Estamos entrando no mês de abril e com o pagamento dos salários espera-se um consumo maior e melhora nos preços do atacado.

Gráfico 3. Spread entre indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista e equivalente físico


Os produtores agropecuários argentinos querem a renúncia do ministro da Economia, Martín Lousteau, que baixou medidas que prejudicam o setor. Em greve há dez dias, a categoria protesta contra a aplicação de pesados tributos sobre as exportações de produtos agropecuários. Os produtores acusam o governo de aplicar os impostos para poder prosseguir com a política de elevado gasto público, e ao mesmo tempo, contar com fundos suficientes para manter o superávit fiscal.

Enquanto isso o governo de Cristina Kirchner deixou claro ontem, em declarações feitas pelo ministro de Economia, Martín Lousteau, que não vai ceder à pressão dos agricultores. “Não recuaremos”. “Não aceitamos o método de bloquear as estradas por parte dos agricultores”. Enquanto o impasse continua, o desabastecimento de alimentos faz aumentar a irritação da população com o governo.

0 Comments

  1. Estêvão Domingos de Oliveira disse:

    “A Abrafrigo tem criticado este tipo de comércio , alegando que essa operação não traz ganhos para o país. “Nós consideramos esse tipo de negócio um retrocesso para o país porque não agrega valor algum a economia regional e a exportação é isenta de qualquer tipo de taxa ou imposto. Deixamos de processar o couro, o sebo e a carne e, além disso, já está havendo falta de matéria-prima em estados como o Pará e o Rio Grande do Sul”, afirma o presidente da Abrafrigo, Péricles Pessoa Salazar.”

    Impressionante… Minha família trabalha com gado de corte há décadas e nunca fomos remunerados pelo couro e subprodutos… Caso o Sr. Péricles queira realmente estimular os produtores a investir na atividade, vender para o mercado interno e não vender gado em pé para os árabes, basta remunerar melhor o produtor… É muito simples…

  2. José Eterno Leal disse:

    Bom dia Senhores.

    Sobre a retomada de exportações para a União Européia é preocupante a situação tendo em vista as últimas visitas que não foram como esperavamos, portanto, na minha opinião, precisamos nos preocupar em retomar primeiramente a fatia que nos era de direito, ao menos junto a UE, para depois pensarmos em ampliações das mesmas. Mesmo porque para ampliação precisamos que no Brasil, em um todo, façamos a nossa parte, desde o governo federal ampliamdo a fiscalização, e até mesmo apoiando o produtor rural no que ele precisa, assistência técnica, e aliando uma parceria junto as índustrias frígorificas em prol da busca de qualidade total em todas as industrias frigorificas e propriedades rurais. Que hoje, pelo próprio governo Brasileiro, são consideradas como o vilão, o que realmente não são, e o governo Brasileiro sabe bem disso.

    Tem outra, o empresariado do ramo frigorifico ja busca outras alternativas e outros mercados também viaveis a ampliação de exportação de carnes e seus derivados, a UE que abra o olho em relação as sua exigências.

    Quanto as industrias frigorificas, precisam realmente profissionalizar e valorizar mais seu quadro de funcionários em geral, desde a produção a administração em geral, buscando mais, com beneficios e outras alternativas aliadas junto aos governos Federal/Estaduais/e Municipais.

    Focar um pouco mais o mercado interno, pois o consumidor Brasileiro esta exigente tanto quanto a UE e paga muito caro também pelo que é produzido no próprio país, tudo isto sim é valvula de escape, é apenas colocar em prática, fazendo pesquisas de mercado Interno e Externo.

    No mais faço votos que a industria Frigorifica Brasileira sobreviva com saude, porque é geradora de muitos e muitos empregos pelo Brasil, espero que sejamos por muitos e muitos anos, grandes exportadores de carne e que o açucar, o alcool, e o biodisel sobresaia também, sem atrapalhar também a cadeia produtiva da carne.

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