Foto: Divulgação Minerva
A busca por proteínas alternativas – com menor pegada de carbono – ganhou um reforço da Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul e dona de um faturamento anual de R$ 20 bilhões.
O braço de venture capital do grupo brasileiro vai investir US$ 5 milhões em uma joint venture com a Amyris, uma firma de biotecnologia que já desenvolveu adoçante sem calorias e canabinoide, composto tipicamente retirado de cannabis para tratamentos médicos, a partir do xarope de cana-de-açúcar.
A sócia da Minerva na nova joint venture domina a técnica da fermentação, com a utilização de leveduras geneticamente modificadas. Listada na Nasdaq desde 2010, a Amyris já vale mais de US$ 5 bilhões, mas ainda é uma companhia que tem foco no desenvolvimento de moléculas e não gera caixa.
Com o know-how tecnológico da Amyris e a estrutura de distribuição e comercialização da Minerva, a nova joint venture quer entrar em mercados ainda não explorados. No foco, está o desenvolvimento de um conservante natural – a partir da fermentação – que ajude a estender o prazo de validade da carne e menor nível de emissões de CO2.
A expectativa é que os primeiros produtos sejam lançados em um ano e meio. A Minerva terá 60% da sociedade, de acordo com o presidente da companhia, Fernando Galletti de Queiroz.
A parceria também contempla o desenvolvimento de proteínas alternativas, um nicho que explodiu nos últimos anos com o hambúrguer vegetal da americana Beyond Meat – uma foodtech atualmente avaliada em mais de US$ 8 bilhões.
“Ao invés de deixar empresas novas, como Beyond Meat, tirarem o mercado, achamos que a Minerva pode ser líder”, afirmou, em entrevista ao Valor, o CEO da Amyris, o português John Melo.
Criada em 2003 por cientistas da Universidade da Califórnia, a Amyris recebeu, ainda em seus primeiros anos de atuação, um prêmio da Fundação Bill & Melinda Gates pelo desenvolvimento de um remédio contra a malária.
No Brasil, a Amyris está construindo uma fábrica em Barra Bonita, no interior de São Paulo, um investimento da ordem de US$ 75 milhões que deverá ficar pronto no próximo ano.
A cana-de-açúcar, muito usada na técnica de fermentação da biotech, faz do Brasil um país relevante para a Amyris, que também conta com uma fábrica-piloto em Campinas – a companhia mantém uma parceria com a holandesa DSM para usar uma unidade em Brotas, também no interior paulista, que já pertenceu a ela.
Nos EUA, a biotech tem uma fábrica-piloto em Emeryville, na Califórnia, e outra na Carolina do Norte. A Amyris também atua na Espanha com um parceiro. O faturamento da biotech é de pouco mais de US$ 100 milhões.
Considerando a sociedade com a Amyris, a Minerva já comprometeu quase metade dos US$ 30 milhões destinados ao fundo de venture capital lançado no ano passado – o primeiro investimento foi na startup americana Clara, que desenvolve alternativas veganas, e na brasileira Shopper, um serviço de compras de alimentos por assinatura. Não há prazo para a Minerva concluir os US$ 30 milhões em aportes, disse Edison Ticle, diretor financeiro e de relações com investidores da Minerva.
Fonte: Valor Econômico.