Os exportadores brasileiros de carne bovina acreditam que este é um bom momento para pressionar a Europa pela retirada do sistema de quotas para a importação do produto. O setor vem tentando reduzir as barreiras comerciais impostas pela Europa desde 1974, sem sucesso. Agora, com a febre aftosa, os europeus ficam numa situação mais vulnerável à quebra de medidas protecionistas.
As exportações brasileiras de carne in natura registram um aumento de 13,1% referente aos primeiros dois meses do ano. Um dos motivos é a perda de credibilidade na carne européia, que faz com que o Brasil consiga penetrar em mercados que tradicionalmente compravam da Europa, como os países do Oriente Médio. A Rússia, também cliente da Europa, é outro grande mercado que pode ser conquistado. Os russos já vêm procurando obter informações sobre os frigoríficos do Brasil, e os primeiros embarques devem ocorrer a partir do segundo semestre deste ano.
Para o diretor-executivo do Fundepec (Fundo de Desenvolvimento da Pecuária), João Gilberto Bento, a crise da pecuária européia deixa o Brasil em uma posição privilegiada. A pecuária nacional, que tinha uma imagem de atraso, agora é vista como um método mais seguro de produção. Mas ele vê a situação com cautela, porque acredita que “no médio prazo, a falta de credibilidade da carne como produto é muito negativa”. Ele diz que, apesar de a aftosa não ser transmissível aos humanos, a doença reforça nos consumidores o trauma causado pelo mal da vaca louca.
Bento também lembra que o problema da febre aftosa no Brasil não está resolvido. No ano passado, 42 focos da doença foram registrados no Nordeste, que não exporta.
fonte: Folha de São Paulo, adaptado por Equipe BeefPoint