Morreu, nesta terça-feira (21/9), Paulo Sentelhas, especialista em agrometeorologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). A informação foi confirmada oficialmente pela Esalq, em nota. Professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas, ele era um estudioso do impacto das condições climáticas sobre diversas culturas agrícolas.
Sentelhas estava internado tratando-se contra a Covid-19, mas não resistiu. “Neste momento de tristeza e dor, manifestamos nossas condolências aos familiares e amigos”, declarou a Esalq, no comunicado. De acordo com a instituição, o velório será restrito à família e o corpo será cremado.
Paulo Cesar Sentelhas era formado em Engenharia Agronômica pela Universidade de Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal). Pela Esalq, concluiu o mestrado e o doutorado em Agronomia. Também concluiu o pós-doutorado na Universidade de Guelph, no Canadá.
“Tinha atuação destacada na área de Agronomia, com ênfase em Agrometeorologia. Como docente, lecionava na graduação as disciplinas Meteorologia Agrícola e Agrometeorologia Aplicada e, na pós-graduação, a disciplina Agrometeorologia e Doenças de Plantas”, informa a Esalq, no comunicado.
Sentelhas também ocupou cargos de direção em entidades brasileiras e internacionais ligadas ao estudo da agrometeorologia. Além de colaborador de publicações científicas sobre agronomia e meteorologia.
Em 2018, em uma entrevista concedida à Globo Rural, Sentelhas já alertava sobre como as mudanças climáticas e seus efeitos poderiam mudar os padrões da produção agrícola brasileira. Na época, usando como exemplo a cultura da soja, o pesquisador destacou que, com o ciclo mais curto e uma janela de plantio mais estreita, as condições de manejo também são importantes, além do melhoramento genético.
Na entrevista, ele disse acredita que, com uma aumento de 20% na eficiência da produção, o rendimento das lavouras brasileiras de soja poderia passar de 55 para cerca de 80 sacas por hectare. E estimou que, com uma ótima condição de manejo, considerando os efeitos do clima, a produtividade poderia chegar a 130 sacas por hectare.
Na entrevista, ele comentou que o clima seria responsável por cerca de 50% da variabilidade da produtividade das lavouras. E destacou a importância dos estudos climáticos para a produção rural.
“Eles mostram situações de risco. Se vou para uma região para cultivar determinada cultura e tenho um risco de 50%, significa que o dinheiro que eu ganhar nos cinco anos que produzir bem é para pagar o prejuízo dos cinco anos que vou produzir mal. Temos estudos climáticos justamente para mostrar esses cenários. Todas as empresas que trabalham com compra e venda de propriedades agrícolas lançam mão de estudos agroclimatológicos para calcular o risco de a produção ficar abaixo do custo de produção naquela região”, disse ele.
Fonte: Globo Rural.