O governo de Mato Grosso do Sul aproveitou a presença de observadores da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados e representantes do comando do Exército para cobrar a transferência de R$ 19,5 milhões do governo federal – R$ 3,5 milhões em verbas já prometidas e R$ 16 milhões em recursos emergenciais. O dinheiro é esperado para bancar os altos custos de fiscalização e controle da zona tampão e principalmente iniciar o pagamento das indenizações pelos animais sacrificados, além de garantir renda mínima às centenas de pequenos pecuaristas que dependem da venda de leite.
Desde o surgimento do primeiro foco confirmado de aftosa na região, foi suspensa a entrega do leite produzido na região, principal atividade de renda em quase todos os assentamentos de reforma agrária. “Esse dinheiro tem de chegar rápido. Temos de começar a indenizar os produtores. Se não, eles podem começar a esconder um foco e isso é prejudicial a nós e ao País”, diz o secretário de Produção do Estado, Dagoberto Nogueira. Segundo ele, o início das indenizações reduziria o ceticismo dos produtores. É fácil constatar que não há um só produtor que acredite na promessa de indenização dos governos estadual e federal.
A desconfiança é talvez, agora, um adversário mais poderoso do que o vírus da aftosa, que obrigará a Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal (Iagro) a abater mais de 6 mil animais, segundo as regras dos organismos internacionais. “No momento em que eles sentirem que serão indenizados, eles continuarão denunciando os possíveis focos na região”, diz secretário. Caso contrário, o Estado teme perder esse aliado.
A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado Ronaldo Caiado, visitou barreiras de controle e desinfecção em Eldorado. Ontem, a Defesa Civil, responsável pelo controle operacional e logístico das barreiras, instalou mais 11 postos, a maioria na zona de fronteira, na chamada linha internacional que divide Brasil e Paraguai.
Caiado deu especial atenção ao problema da fronteira. Além de cobrar agilidade na liberação de recursos para indenizar proprietários e pequenos produtores rurais, a comissão pedirá ao presidente Lula que ordene a transferência de tropas do Exército para a região de fronteira. O assunto está nas mãos do vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar. Os representantes do Exército informaram que não receberam ordem nesse sentido ainda.
Fonte: O Estado de S. Paulo (por Agnaldo Brito), adaptado por Equipe BeefPoint