Atípico fevereiro
Que houve uma guinada de preços na arroba do boi gordo no estado de janeiro/14 para fevereiro/14 não é nenhuma novidade, porém os fatos novos que chegaram ao mercado ocorreram devido à divulgação das exportações pela Secex e o abate pelo Indea-MT, bem como pelo acompanhamento da escala média dos frigoríficos feito pelo Imea.
Pelo lado da oferta, o que se viu foi uma diminuição de 25,65% no volume de animais abatidos em Mato Grosso, com uma queda mais acentuada para os bovinos machos (39,76%) e uma queda mais tímida para os bovinos fêmeas (9,16%). O outro lado da moeda, a demanda, trouxe números interessantes para a cadeia da bovinocultura de corte mato-grossense, registrando no período de janeiro/14 para fevereiro/14 um aumento de 16,62% no volume embarcado pelo estado.
Nesse cenário, de oferta restrita – com escalas de abate em torno de cinco dias – e demanda elevada no mercado internacional de carnes, os preços nominais de Mato Grosso se valorizaram e atingiram os maiores níveis já cotados pelo animal terminado, o que é bom para quem já tem tempo de margens apertadas.
Oferta e demanda
Os dados de trânsito de animais do Instituto de Defesa Agropecuária do estado de Mato Grosso (Indea-MT), copilados pelo Imea, revelaram uma queda acentuada no abate de bovinos. Em fevereiro/14 foi abatido um total de 415,71 mil cabeças de bovinos, uma queda de 25,65% quando comparado ao abate de janeiro/14 (559,15 mil cabeças).
No mesmo horizonte de análise e por sexo dos animais enviados ao abate no estado, percebe-se uma redução de 39,76% no volume de machos, atingindo a quantidade de 181,56 mil cabeças em fevereiro/14. Mesmo que tenha apresentado a mesma tendência, a intensidade da queda das fêmeas foi mais leve, isto é, a redução relativa foi menor.
Numericamente isso significa que o volume de fêmeas enviadas ao abate no mês de fevereiro/14 (234,15 mil cabeças) e em janeiro/14 (257,75 mil cabeças) não se alterou muito. Assim, a participação das fêmeas no abate de bovinos de Mato Grosso atingiu o valor de 56,32%.
Preços da semana
A arroba do boi gordo atingiu novo recorde em Mato Grosso nesta semana, sendo cotada a R$ 106,97, ou seja, uma valorização de 2,19% em relação à média da semana anterior (R$ 104,67). A arroba da vaca gorda demonstrou variação positiva de 2,11% em comparação à semana passada, quando estava cotada a R$ 96,02. Nesta semana a arroba da fêmea fechou com uma cotação de R$ 98,05.
Noroeste: com o menor preço do Estado, a média semanal foi cotada a R$ 104,71/@, apresentando uma valorização de 2,11% ante a última cotação (R$ 102,54/@).
Norte: o preço médio da arroba do boi gordo nesta região foi de R$ 104,54, uma alta de 2,34% em relação à média da semana passada, que foi de R$ 102,15.
Nordeste: com a maior valorização do estado (2,70%), o preço da arroba do boi gordo nesta região encerrou a semana atual com cotação média de R$ 105,19.
Médio-Norte: o preço médio da arroba do boi gordo nesta região foi de R$ 105,15, alta de 2,32% em relação à média da semana passada, que foi de R$ 102,76.
Oeste: o terceiro maior preço da arroba do boi gordo encontra-se aqui. Atualmente o preço referência da região é de R$ 108,94/@, aferindo uma valorização de 1,96% em relação à média semanal anterior (R$ 106,85/@).
Centro-Sul: com variação positiva semanal de 2,33%, a região apresentou uma movimentação de preços da arroba do boi gordo de R$ 106,95 na semana anterior para R$ 109,45 nesta semana. Segundo os preços de referência do Imea, no município de Cuiabá as cotações foram de R$ 109,97/@, na sexta-feira.
Sudeste: aqui se encontra o maior preço da arroba do boi gordo dentre todas as macrorregiões. Na semana atual os preços médios foram de R$ 109,63/@, apresentando variação positiva de 1,70% em relação à média semanal passada de R$ 107,80/@.
Reposição
As cotações do Imea demonstraram que o spread entre o boi magro e o boi gordo diminuiu nos últimos sete meses. Analisando os dados da arroba do boi magro percebe-se que esta valorizou 9,80% no período de análise, saindo de R$ 98,58 em agosto/13 para R$ 108,25 em março/14. A arroba do boi gordo demonstrou alta mais acentuada, variando 19,98% no período analisado, despontando de R$ 88,26 em agosto/13 para R$ 105,90 em março/14.
Com essas alterações nos preços, o spread caiu de 11,70% em agosto/13, a segunda melhor marca da série histórica do Imea, para 2,22% em março/14, a pior marca desde novembro/12. Esse cenário é bom para bovinocultores de corte que já têm bois gordos prontos para a comercialização e que desejam adquirir bois magros.
Relação de troca
Aproxima-se a temporada de confinamento e o planejamento da aquisição dos insumos alimentares é primordial para os ganhos. Neste contexto, dois dos principais insumos apresentaram valorização em Lucas do Rio Verde. O primeiro, o farelo de soja, partiu de R$ 705,00/t em março/13 para R$ 1.000,00/t em março/14, alta de 41,84%.
O milho avançou 0,74% nas cotações, sendo no mês de março/13 sua cotação de R$ 304,00/t e em março/14 está em R$ 306,26/t. O caroço de algodão, por outro lado, desvalorizou 29,22%, saindo de R$ 607,50/t em março/13 para R$ 430,00/t em março/14. No período citado, a arroba do boi gordo valorizou 22,17%, atingindo os maiores preços médios nominais da história do estado, e o resultado é uma melhora no poder de compra do bovinocultor de corte para quase todos os insumos (tabela abaixo).
Fonte: IMEA, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.