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Não adianta produzirmos um bezerro por vaca por ano precisamos produzir um bezerro de qualidade/vaca/ano

A pecuária brasileira está assistindo profundas mudanças nos paradigmas que a norteiam. Contudo, para atingir maior lucratividade a pecuária brasileira terá de adaptar-se às exigências, no que diz respeito à qualidade da carne produzida. A produção deverá intensificar-se, porque os sistemas mais intensificados tenderão a apresentar maior rentabilidade. Esta intensificação levará ao aumento da necessidade de decisões técnicas e econômicas e para usufruir destes benefícios será preciso adaptar-se às mudanças.

A pecuária brasileira está assistindo profundas mudanças nos paradigmas que a norteiam. Contudo, para atingir maior lucratividade a pecuária brasileira terá de adaptar-se às exigências, no que diz respeito à qualidade da carne produzida. A produção deverá intensificar-se, porque os sistemas mais intensificados tenderão a apresentar maior rentabilidade. Esta intensificação levará ao aumento da necessidade de decisões técnicas e econômicas e para usufruir destes benefícios será preciso adaptar-se às mudanças.

Nestes tempos de intensas mudanças, os pecuaristas de corte ainda têm significativas perdas econômicas quando as matrizes não desmamam um bezerro/ano, o que é conseqüência de períodos de anestro prolongado em vacas com cria ao pé. O atraso na concepção ou a não concepção podem causar o descarte de matrizes por falha reprodutiva. Fêmeas zebuínas possuem período de gestação de, aproximadamente, 290 dias e considerando o objetivo de obter a desmama de um bezerro por vaca ano, estas têm que estabelecer nova gestação dentro de no máximo 70 a 80 dias após o parto, visando manter a mesma época de parição.

A inseminação artificial (IA) é um método eficiente para acelerar o melhoramento genético de rebanhos, apresentando ainda relação custo/benefício muito interessante, pois através da IA é possível se obter genética de animais valiosos, que agregam eficiência de ganho aos produtos, por um custo favorável. Na população de bovinos de corte mundial estima-se que menos de 5% dos animais de reposição sejam oriundos de inseminação artificial (IA). No Brasil, em 2006, foi comercializado em torno de 3,8 milhões de doses sêmen de raças de corte. Considerando uma taxa de concepção média entre 50 e 60%, em 2006 devem ter nascido entre 1,9 e 2,3 milhões de bezerros provenientes de IA, ou seja, menos de 7% dos bezerros nascidos foram provenientes de IA.

Para que o progresso genético possa ser intensificado deve-se avançar na utilização de IA através de avanços na tecnologia de sêmen e nos programas de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). A associação de estratégias para induzir ciclicidade e de IATF, sem a necessidade de detecção de estro, podem colocar a IA como um dos mais importantes veículos de disseminação de genes desejáveis.

Índices Zootécnicos Relacionados à Eficiência Reprodutiva

Existem várias formas de avaliar a eficiência reprodutiva do rebanho em gado de corte. A forma mais utilizada pelos pecuaristas se resume a porcentagem de vacas gestantes ao final da estação de monta, ou seja, a razão entre o total de vacas gestantes ao final de um período e o total de vacas disponíveis. Entretanto este índice não leva em consideração o momento em que os animais se tornaram gestantes dentro da estação de monta.

A época de nascimento dos bezerros é fundamental para o seu desenvolvimento. É sabido que animais que nascem no início da estação de parição (“animais do cedo”) apresentam melhor desenvolvimento do que aqueles que nascem no final da estação. O gráfico abaixo ilustra o desenvolvimento dos bezerros (ganho de peso médio) de acordo com o calendário julianio (dia 1 de janeiro é o primeiro dia do calendário e o dia 31 de dezembro é o dia 365 do calendário julianio) para o estado de São Paulo, ou seja, animais que nascem ao redor de 240 dias do calendário julianio apresentam melhor desenvolvimento até a desmama e conseqüentemente apresentarão melhor peso a desmama. É bom ressaltar que este gráfico foi realizado com dados de animais do estado de São Paulo e que outros estados devem apresentar uma pequena variação na curva tanto para a direita como para a esquerda, mas o importante é que fique a idéia de que existe um momento ótimo para o nascimento dos bezerros.

Como conseqüência direta do melhor desenvolvimento dos bezerros em decorrência da época de nascimento pode-se esperar, por exemplo, uma maior proporção de animais terminados aos 24 meses no caso dos machos, ou ainda maior proporção de novilhas ciclando no início da estação de monta já que estas estarão com 24 meses enquanto que as que nasceram no final da estação estarão com 20 a 21 meses se a estação for de 3 meses.

De forma geral, pode-se considerar que há probabilidade superior a 90% de machos nascidos no mês de setembro serem abatidos a pasto até os 30 meses de idade. Já para animais nascidos em novembro, a probabilidade de abate até os 30 meses cai para menos de 40%, com aproximadamente 40% dos animais sendo abatidos entre 30 e 36 meses, e 20% sendo abatido com idade superior a 36 meses.

Finalmente, para bezerros nascidos em janeiro, a chance de abate antes dos 30 meses é praticamente nula, e aproximadamente 65% dos animais poderá ser abatido somente após os 36 meses.

A fase de cria é o período em que o animal apresenta a melhor conversão alimentar, e por isso investimentos para otimizar os ganhos nessa fase são os de maior retorno dentro do ciclo de produção. O consumo de forragem passa a ter maior importância na dieta de bezerros a partir de aproximadamente 60 dias de idade. Associado a isso, as vacas zebuínas apresentam persistência de lactação desfavorável, de forma que a produção de leite declina acentuadamente após o pico de lactação. Essa característica explica as diferenças de desenvolvimento entre bezerros nascidos no início da primavera (“cedo”) vs. final do verão (“tarde”). Os bezerros nascidos no “cedo” começam a consumir forragem em maior quantidade em um período em que as pastagens apresentam alta qualidade, enquanto os bezerros nascidos no “tarde” iniciam o consumo de forragem em um período em que a qualidade das forragens no Brasil encontra-se em declínio. Além disso, devido a fatores climáticos, principalmente precipitação e temperatura, os bezerros nascidos no “cedo” são submetidos a menos desafios ambientais nas primeiras semanas de vida, apresentando assim menor mortalidade.

Portanto, não adianta produzirmos um bezerro por vaca por ano precisamos produzir um bezerro de qualidade por vaca por ano!

Este texto é parte do módulo 1 do Curso Online Gestão da Reprodução em Rebanhos de Corte: foco em resultados, ministrado pelo Prof. Dr. José Luiz Moraes Vasconcelos – médico veterinário e pesquisador da Unesp – e Ocilon Gomes de Sá Filho – médico veterinário, mestre na área de reprodução animal e doutorando na área de produção animal também pela Unesp. O curso terá início no dia 19 de julho.

Clique aqui para ver a programação completa e faça sua inscrição.

0 Comments

  1. Luciano de oliveira Debs disse:

    Acredito que os pecuaristas aindam não utilizam IA e IATF com maior ferquência , devido aos custos elevados do sêmen e dos hormônios utilizados. Hj na pecuária de corte pagar em média 20 reais a dose de sêmen de touros provados com DEP”s positivas para caracteristicas econômicas e reprodutivas, é algo muito oneroso….coloque numa planilha ….vc pensará duas vezes , ou reduzirá o número de matrizes para inseminar.Vai ai uma sugestão para as empresas e donos de touros em centrais …..barateiam que o retorno é certo.Já pensaram o quão de melhoramento Genético se, pelo menos 25% dos bezerros nascidos no Brasil fossem provenientes de IA ?

  2. José Manuel de Mesquita disse:

    Pois é…

    A que custo? e os eventuais ganhos (se houver)… dificilmente serão para quem cria.

    Recriador algum pagará os custos de IATF, e os frigoríficos também não pagarão.

    E a concentração de animais para venda em um mesmo período? com certeza baixará o valor de venda, afinal muita oferta, o preço é determinado por quem compra…

    Como tese é interessante, mas na pratica é economicamente inviável… afinal não é muito difícil conseguir 1 bezerro a cada 13 meses, e o custo de manutenção de uma fêmea por 30 dias fica na faixa de R$18 a R$20… desmamando machos aos 8 meses na faixa de 200kg, na brachiária, sem rações ou proteínados…

  3. Ricardo Queiroz de Almeida disse:

    Concordo plenamente com o companheiro produtor de bezerro….

    Ainda mais agora com essa diminuição de abate de fêmea, ai sim havera maior numeros de bezerros no mercado.

  4. Márcio Fonseca disse:

    Acredito que a IATF seja uma ferramenta no auxílio da meta “bezerro”/vaca/ano, e auxilia, é claro, na melhora genética dos produtos. Mas também não pode ser tratada como milagrosa com tem sido feito. A IATF possibilita que os partos se concentrem no inicio da estação, justificando o seu uso como demonstrado nesse artigo, através da produção de um terneiro do “cedo”. Mas seu custo tem que ser comparados a outras ferramentas possíveis de serem usadas, como ao custo da manutenção do touro na propriedade, diluindo seu custo pelos anos de serviço e contabilizando a mantença desse touro quando não está em serviço.
    A genética embora seja de grande importância, vem após a nutrição. Com manejos que melhorem a nutrição do rebanho a resposta produtiva será mais evidente que a instalação de um manejo que busque a melhora genética sem uma satisfatória nutrição.

    Acredito que a busca pelo “bezerro de qualidade” seja alcançada com a nutrição em primeiro plano, permitindo que as vacas emprenhem mais cedo, ou saiam do anestro pós-parto e retornem a ciclicidade mais rápido.
    O produtor deve utilizar o acompanhamento do indice zootecnico para uma melhora na produção avaliando custos.

  5. Adolfo Batista Carneiro disse:

    O Luciano de Oliveira e o Márcio Fonseca foram pertinentes, pensam de modo prático de acordo com os resultados, sem demagogia. A data juliana é fato , portanto adicionada e trabalhos de melhoria das pastagens e manejo obtem-se ganhos mais seguros e de controle e resultado mais fácil , depende mais do produtor que do mercado , já a melhoria genética por inseminção depende mais do mercado e ainda é muito cara, por conta da falta de visão dos produtores de semem que preferem ganhar muito vendendo pouco. Outro ponto de vista, para melhoria do rebanho, é que a embrapa e o governo estudem um meio de facilitar oas pequenos retireiros a aquisição de reprodutores provados, só nesta atitude a qualidade do rebanho melhoria muito.

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