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29 de setembro de 2008
Mercado Físico do Boi – 30/09/08
1 de outubro de 2008

Níveis ótimos de inclusão de NNP em dietas de bovinos

A utilização de nitrogênio não protéico (NNP) como fonte de proteína para ruminantes é utilizada a muito tempo nos sistemas de produção, por ser uma forma de baratear o custo da dieta final e maximizar a produção de proteína microbiana através do "ajuste fino" das exigências em N dos microorganismos ruminais. Para a otimização da produção de proteína microbiana é necessária a sincronização entre fermentação energética e a degradação da protéica, dentre outros fatores. As concentrações de nitrogênio amoniacal, oriundas da degradação protéica no rúmen, alteram dependendo do tempo pós alimentação e o tipo da fonte protéica ingerida.

A utilização de nitrogênio não protéico (NNP) como fonte de proteína para ruminantes é utilizada a muito tempo nos sistemas de produção, por ser uma forma de baratear o custo da dieta final e maximizar a produção de proteína microbiana através do “ajuste fino” das exigências em N dos microorganismos ruminais. Para a otimização da produção de proteína microbiana é necessária a sincronização entre fermentação energética e a degradação da protéica, dentre outros fatores. As concentrações de nitrogênio amoniacal, oriundas da degradação protéica no rúmen, alteram dependendo do tempo pós alimentação e o tipo da fonte protéica ingerida. Os picos para dietas com uréia ocorrem de 1 a 2h após a alimentação e de 3 a 5h para dietas ricas em proteína vegetal.

A deficiência de proteína degradável no rúmen (PDR) e, conseqüentemente, baixo teor de nitrogênio amoniacal (N-NH3), é o principal fator limitante para digestão da fibra devido à menor atividade bacteriana.

O aumento linear de N-NH3 com o aumento dos teores de proteína influenciam positivamente a digestibilidade e ingestão de matéria orgânica. Porém, ao associar teores de alta proteína com alta energia, há decréscimo nos teores de amônia ruminal. Grande quantidade de substratos prontamente disponível para a fermentação (carboidratos e proteínas) com conseqüente produção de proteína microbiana, parece incrementar o desaparecimento do nitrogênio amoniacal, enquanto que o pH mais baixo e o fluxo de líquidos mais lentos favorecem o seu acúmulo no líquido ruminal.

Os trabalhos realizados nos últimos anos têm demonstrado que a taxa e a quantidade de nutrientes degradados no rúmen podem ter grande impacto nos produtos finais da fermentação ruminal e, conseqüentemente, no desempenho animal. A formulação de dietas deve ser feita de modo que sincronize a degradação da proteína e dos carboidratos. Se a taxa de degradação de proteína exceder a de carboidratos, grandes quantidades de nitrogênio podem ser perdidas na forma de amônia. Por outro lado, se a degradação de carboidratos for maior que a de proteína, a síntese microbiana vai ser menor.

Tanto os níveis adequados de proteína degradável, quanto o de carboidratos não estruturais, aumentam a eficiência microbiana, com melhoria na digestão dos alimentos, aumento na produção de ácidos graxos voláteis e, conseqüentemente, maior síntese de proteína microbiana.

A uréia é uma fonte de NNP bastante utilizada para substituir parcialmente a proteína verdadeira no rúmen, porém, as condições devem ser favoráveis para que os microorganismos possam usar de maneira efetiva, ou seja, deve-se garantir a energia prontamente solúvel (amido) para melhor eficiência microbiana em usar o N.

Chizzotti, et al. (2008), avaliaram a inclusão de níveis crescentes de NNP em relação a quantidade total de N fornecido a bovinos, mostrando não haver diferenças em relação ao desempenho dos animais, até o nível máximo de 46,5% de NNP em relação ao total de N fornecido na dieta. O trabalho foi realizado com animais ½ Nelore x Holandês com peso médio de 350 kg, e com ingestões de 15,5; 31 e 46,5% do N total de dieta em NNP, de acordo com as dietas experimentais descritas abaixo.

Tabela 1. Composição das dietas experimentais utilizadas

Não foram observadas diferenças em ingestão de matéria seca para os diferentes níveis de inclusão de NNP, até o valor de 46,5% do N total da dieta (tabela 2). Também não foram observadas diferenças em relação ao ganho de peso e conversão alimentar para os diferentes tratamentos (tabela 2).

Tabela 2. Ingestão matéria seca, ganho de peso e conversão alimentar para os diferentes níveis de inclusão de NNP em dietas de bovinos confinados

Os resultados evidenciam a possibilidade de inclusão de NNP, seja na forma de uréia ou sulfato de amônio, até os níveis de 46,5% do nitrogênio total de dieta, sem alterações de ingestão de matéria seca, ganho de peso e conversão alimentar para bovinos com dietas a base de silagem de milho.

Deve-se lembrar que o fator mais importante em relação à utilização de altos níveis de NNP em dietas de bovinos confinados é a presença de energia disponível para a utilização dessa fonte de nitrogênio pelos microorganismos ruminais. Ocorrendo as condições descritas acima, teremos a manutenção da eficiência de crescimento microbiano possibilitando a manutenção de fluxos adequados de proteínas para o intestino.

Referências bibliográficas

ARELOVICH, H.M.; OWENS, F.N.; HORN, G.W.; VIZCARRA, J.A. Effects of supplemental zinc and manganese on ruminal fermentation, forage intake, and digestion by cattle fed praire hay and urea. J. Anim. Sci., v. 78, p. 2972-2979, 2000.

CHIZZOTTI, F.H.M.; PEREIRA, O.G., TEDESCHI, L.O.; VALADARES FILHO, S.C., CHIZZOTTI, M.L.; LEÃO, M.I.; PEREIRA, D.H. Effects of dietary nonprotein on performance, digestibility, ruminal characteristics, and microbial efficiency in crossbred steers. J. Anim. Sci., v. 86, p. 1173-1181, 2008.

STANTON, T.L. Urea and NPN for cattle and sheep. Livestock Series. Colorado State University – Cooperative Extension, 6/98, 2003.

0 Comments

  1. Nelson de Araujo Ulian disse:

    Muito interessante o artigo!

    Sou estudante de zootecnia e estou fazendo a matéria de Nutrição, e estou vendo temas relacionados com NNP.

    Vou conversar com meu professor e passar estes dados.

    Parabéns!

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