A Beyond Meat e a Impossible Foods tiveram sucesso com os hambúrgueres produzidos a partir de plantas. Agora, elas esperam repetir o desempenho com os nuggets de base vegetal que imitam a proteína de frango, segmento que cresce em ritmo acelerado, mas que já tem muitos concorrentes.
Na última segunda-feira, a Beyond Meat informou que sua nova criação, feita à base de feijão-fava, chegará aos supermercados dos Estados Unidos em outubro. As redes Walmart, Jewl-Osco e Harris Teeter estão entre as primeiras a comercializar a novidade. A Impossible Foods, por sua vez, começou a vender neste mês seus nuggets feitos de soja em varejistas como Walmart, Kroger e Albertsons. Até o fim do ano, afirma a companhia, o produto deve estar à venda em 10 mil lojas.
As duas startups, ambas baseadas na Califórnia, ajudaram a redefinir os hambúrgueres à base de vegetais. Os da Beyond foram os primeiros a dividir as prateleiras dos supermercados com os produtos convencionais de carne, em 2016; os da Impossible juntaram-se a eles alguns anos depois.
Mas, dessa vez, Beyond e Impossible estarão em freezers já abarrotados de opções equivalentes. Segundo o Good Food Institute, que acompanha o mercado de produtos à base de plantas, os supermercados americanos já oferecem mais de 50 marcas de nuggets, tenders e costeletas produzidos a partir de vegetais. Algumas concorrentes, como Quorn e Morningstar Farms, produzem carnes à base de vegetais há décadas, mas, das 50 marcas, 15% estrearam em 2020. Entre as novatas estão a Nuggs, da startup Simulate, de Nova York, e a californiana Daring Foods.
Mercado em crescimento
Todas elas querem uma fatia de um segmento que ainda é muito menor que o mercado de carnes de origem animal, mas que cresce rapidamente nos EUA. As vendas de tenders e nuggets de frango congelados feitos de vegetais cresceram 29% no país no intervalo de 52 semanas encerrado em 28 de agosto, chegando a US$ 112 milhões, segundo a Nielsen IQ. No mesmo período, as vendas de tenders e nuggets convencionais cresceram 17%, para US$ 1,1 bilhão.
No mundo, a comercialização dos substitutos da carne deverá crescer 2% entre 2021 e 2022, para 4,6 milhões de toneladas, segundo a empresa de pesquisas de mercado Euromonitor. Já as vendas de carnes processadas deverão permanecer estáveis no mesmo período, em 18,9 milhões de toneladas.
Tom Rees, um gerente da Euromonitor dedicado ao setor, diz que a demanda por carnes à base de vegetais já estava em alta antes da pandemia. Em uma pesquisa global feita pela empresa, quase 25% dos consumidores disseram estar reduzindo o consumo de carne por razões de saúde.
Pandemia ajudou o consumo
Mas a pandemia também deu impulso às carnes à base de plantas porque, em sua busca por coisas novas para preparar em casa, muitas pessoas resolveram experimentar o produto. Além disso, afirma Rees, a falta de carne e os surtos de covid-19 em frigoríficos também levaram muitos consumidores a repensar o consumo de carne convencional.
Celeste Holz-Schietinger, vice-presidente de Inovação de Produtos da Impossible Foods, diz que foi importante começar com os hambúrgueres feitos de vegetais porque a produção de carne bovina contribui bastante para as mudanças climáticas. Ao longo de 2020, a empresa trabalhou no desenvolvimento de tenders a partir de vegetais como parte de seu objetivo de substituir toda a pecuária por alternativas mais sustentáveis até 2035.
A Beyond Meat vem testando sua alternativa ao frango há mais tempo ainda. A companhia lançou iscas de frango em 2012, mas tirou o produto do mercado há dois anos, alegando que precisava dedicar mais capacidade de produção aos hambúrgueres. Ethan Brown, presidente e CEO da Beyond, diz que a empresa passou mais de uma década pesquisando várias fontes de proteínas e que não quer se limitar a apenas uma.
Segundo Dariush Ajami, diretor de inovação da Beyond, imitar a textura fibrosa e a distribuição de gordura do frango foi o maior desafio com os novos tenders. A companhia ainda está longe de aperfeiçoar o peito de frango à base de vegetais ou um bife marmorizado, mas ela tem 200 cientistas e engenheiros trabalhando nisso, afirma ele. “O objetivo é reduzir a diferença entre nosso produto e a carne animal”, diz.
Mas está claro que muitas pessoas estão dispostas a experimentar as proteínas de base vegetal. Em julho, a Panda Express, cadeia de restaurantes especializada em comida chinesa, vendeu rapidamente o “frango” com laranja da Beyond Meat em testes que fez em Los Angeles e Nova York. A rede de fast food diz que está estudando a possibilidade de ampliar o número de unidades que oferecem o produto, desenvolvido especialmente para a marca.
Seja como for, os nuggets empanados – de origem animal ou vegetal – não são exatamente um alimento saudável. Uma porção do tender de frango da Beyond Meat contém 12 gramas de gordura, 450 miligramas de sódio, 11 gramas de proteínas e 210 calorias. Os nuggets da Impossible Foods, por sua vez, têm 10 gramas de gordura, 320 miligramas de sódio, 10 gramas de proteínas e 200 calorias. Para efeito de comparação, uma porção de tamanho similar dos nuggets de frango da Pilgrim’s contém 14 gramas de gordura, 10 gramas de proteínas, 460 miligramas de sódio e 220 calorias.
Fonte: Valor Econômico.