A tentativa de dar escala ao manejo florestal no Brasil, estagnado há alguns anos, poderá ganhar impulso esta semana: a validação de um formato mais realista de certificação destinado a comunidades ribeirinhas e territórios indígenas do país.
A mudança está em discussão por delegações internacionais do FSC (sigla em inglês para o Conselho de Manejo Florestal), reunidas em sua 8a Assembleia Geral no Canadá, e visa levar a certificação a essas populações, ainda pouco atendidas.
Até sexta-feira, as dezenas de delegados do FSC deliberarão sobre esta e outras 60 moções, na tentativa de trazer mais inclusão e dinamismo ao selo florestal mais respeitado do mundo, que enfrenta desafios para crescer em mercados cruciais como o Brasil.
A chegada a novos públicos é vital para expandir a base territorial certificada brasileira – de 7 milhões de hectares, a maioria esmagadora representada pelas florestas plantadas, segundo Aline Tristão, diretora- executiva da FSC Brasil. “O grande desafio aqui ainda é crescer a certificação na floresta nativa”, diz ela.
As mudanças em análise pelo FSC tratam com mais objetividade a realidade de comunidades menores ou mais pobres que vivem nas florestas nativas remanescentes. A cartilha do FSC prevê conceitos de difícil aplicação para essas populações, como planos de gestão de resíduos sólidos, ou a exigência de um cipoal de documentos inexistente nas tribos, onde a tradição oral impera.
Segundo o FSC, a ampliação pode mudar o fiel da balança para a proteção florestal, sobretudo da Amazônia: ao menos 27 milhões de ribeirinhos vivem nesta região do país, e 98% da área total de terras indígenas demarcadas no Brasil estão localizados no bioma.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.