A nova lei agrícola dos Estados Unidos, que visa aumentar os subsídios agrícolas, pode ser votada na próxima semana, mesmo contra a vontade do governo norte-americano. Contratadas por grandes fazendeiros, algumas empresas de “lobby” estão pressionando o Congresso a votar a lei depois do feriado prolongado do “thanksgiving” (dia nacional de ação de graças), que acontece amanhã.
O projeto, que foi aprovado na Comissão de Agricultura do Senado, aumentou para US$ 174 bilhões – em dez anos – o volume de subsídios já previstos em projeto aprovado na Câmara dos Deputados (de US$ 170 bilhões). Da maneira como está, se aprovado, o projeto certamente vai desrespeitar os acordos comerciais dos EUA e provocar a reação de parceiros importantes do país, como a União Européia.
O governo Bush vem tentando adiar a votação do projeto para o próximo ano, quando a atual lei agrícola vai expirar. Os “lobistas” do setor têm alegado, no entanto, que, até lá, não haverá mais recursos orçamentários que assegurem o financiamento da agricultura nesses patamares.
Desde a aprovação do projeto da Câmara, o governo norte-americano vem se opondo ao aumento dos subsídios agrícolas. Os especialistas acreditam que, de maneira geral, serão dois os principais efeitos da lei agrícola, que eleva, de forma recorde, os subsídios para a produção de grãos e algodão: o aumento do excesso de produção e a queda dos preços internacionais, que já se encontram deprimidos em função do desaquecimento da economia global.
O governo dos EUA – republicano – não conseguiu evitar que o projeto da Câmara, onde tem maioria, fosse aprovado sob a liderança do deputado Larry Combest, do Texas. Agora, as chances de barrar o projeto do Senado serão ainda menores, na medida em que lá a maioria pertence ao Partido Democrata.
O presidente Bush terá, agora, que tentar vetar os projetos, o que não é tarefa fácil num momento como o atual, em que o país está em guerra e o presidente precisa do apoio da maioria dos parlamentares para aprovar aumentos de gastos em outras áreas, como segurança e defesa. O projeto do Senado, além de aumentar os subsídios, consagra um dos conceitos básicos da lei aprovada na Câmara – a adoção de preços mínimos.
Fonte: Valor Online (por Cristiano Romero), adaptado por Equipe MilkPoint