A empresa de nutrição animal Nutripura reuniu cerca de 60 pecuaristas de Mato Grosso em um grupo voltado à compra de insumos e à venda de gado em grandes quantidades. Com a iniciativa, batizada de Canivete Pool, a companhia pretende agregar valor ao negócio de seus clientes e incentivar o uso de seus produtos. A Nutripura prevê comercializar 100 mil animais e adquirir 120 mil toneladas de insumo em 2022.
A lógica da empresa de Rondonópolis, no sul do Estado, é que, se o pecuarista consegue economizar algum dinheiro, ele pode investir em tecnologia para alimentar o rebanho – e nutrição é o carro-chefe da Nutripura. “Além de gerar volume, conseguimos padronizar processos de produção e valorizar as boas práticas, que respeitam a legislação ambiental e o bem-estar animal”, diz Lainer Leite, diretor da empresa.
Para produtores como Renil Polato Neto, de Primavera do Leste, participar do Canivete Pool é um bom negócio, já que, em grupo, os produtores conseguem ter mais poder de barganha. O produtor tem cerca de 12 mil cabeças em sua fazenda, uma das 108 mil propriedades rurais que se dedicam à criação de gado em Mato Grosso. No Estado, o rebanho soma 32,7 milhões de animais, segundo a estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pecuária é relativamente nova na fazenda de Neto: sua família trabalha na agricultura desde o começo da década de 1980, mas a criação de gado só começou de forma estruturada em 2012. Mas o produtor controla o rebanho com o mesmo pulso firme que adota na lavoura. “A melhor estratégia, para mim, é vender bem o ano inteiro e garantir margem”, afirma.
A opção de Neto de aderir ao grupo mostrou-se acertada, ele conta, no fim do ano passado, quando a China impôs um embargo de mais de três meses à carne bovina brasileira. A medida causou prejuízos de quase R$ 120 milhões à pecuária de Mato Grosso, conforme estimativa do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Ao contrário de muitas de suas concorrentes, que têm ampliado suas operações em todo o território nacional, a Nutripura quer concentrar sua atuação em Mato Grosso, onde seus produtos são utilizados em 1,8 milhão de cabeças, ou 5,5% do rebanho total no Estado. “Ainda existe muito espaço para crescer aqui”, afirma Leite.
Segundo ele, a equipe de pós-venda é o trunfo da empresa para fidelizar os clientes. Iniciativas como o Canivete Pool mantêm a companhia próxima da clientela.
Em 2015, em outro esforço do gênero, a empresa criou um centro de pesquisa em Pedra Preta, a 50 quilômetros de Rondonópolis, onde a Nutripura treina 25 colaboradores de fazendas parceiras por ano. Lá também são validadas novas tecnologias que a Nutripura pretende levar ao mercado.
Fonte: Valor Econômico.