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“O alerta está sempre aceso”, diz Luis Rua sobre febre aftosa

Na última sexta-feira, 10, a Alemanha confirmou um surto de febre aftosa em um rebanho de búfalos no estado de Brandemburgo, próximo à capital Berlim. O país era considerado livre da doença desde 1988. Em entrevista ao Agro Estadão, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (Mapa), Luis Rua, disse que, no Brasil, “o alerta está sempre aceso para todas as doenças de notificação obrigatória”, independente do cenário internacional.

Segundo o secretário, desde 2021, o Brasil tem ampliado as áreas livres de febre aftosa sem vacinação, o que é considerado o melhor status sanitário pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Hoje, esse reconhecimento internacional abrange os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Acre e Rondônia.

“Eu costumo brincar que é mais fácil entrar no banco central de um país do que entrar dentro de uma granja no Brasil, tamanho são os cuidados que se tem que ter. Isso tem ajudado o país a ter esse status de excelência. Não à toa, o Brasil é líder na exportação de carne de aves e bovina, e está cada vez mais avançando na exportação de carne suína, indo para a terceira colocação”, comenta Luis Rua.

Oportunidades no mercado externo

No início desta semana, Reino Unido e Coreia do Sul suspenderam a importação de carnes da Alemanha, como medidas de prevenção sanitária. O secretário Luis Rua destaca que, junto com Vietnã, o Reino Unido e a Coreia do Sul formam os três principais destinos das exportações de carnes da Alemanha. 

“A depender da gravidade do foco e da demora em retorno do status de livre da aftosa, o Brasil, que já pode exportar para o Vietnã e para a Coreia do Sul, muito possivelmente pode ser um dos países chamados a contribuir. O Brasil tem disponibilidade de produto para entregar nestes destinos”, avalia Rua.

O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Luíz Caron, disse à reportagem que outros países importadores da carne alemã também podem suspender a compra do produto. “Os Estados Unidos e o restante da Europa podem embargar a Alemanha e passar a comprar do Brasil. No entanto, esse impacto depende se este surto é único, isolado, se teve alguma ocorrência devido a uma contaminação específica da propriedade, ou se outras propriedades estão envolvidas”, ressalta.

Reintrodução da febre aftosa em territórios livres da doença

O último surto de febre aftosa na Alemanha ocorreu na Baixa Saxônia em 1988, enquanto na Europa foi registrado na Bulgária em 2011, disse em nota o Instituto Friedrich-Loeffler (FLI), órgão federal de saúde animal da Alemanha.

No Brasil, o último registro de febre aftosa ocorreu em 2006, no estado de Mato Grosso do Sul. A OMSA deve divulgar, em maio deste ano, o resultado da análise que pode reconhecer internacionalmente todo o território nacional como livre de febre aftosa sem vacinação.

O especialista da Embrapa explica que o status de território livre de aftosa sem vacinação é o cenário ideal, porque vacinar todo o rebanho de um país tem um custo muito elevado. “Além disso, em muitos casos, o animal pode desenvolver uma lesão no local da vacinação. E vacinar o rebanho não é garantia de que ele estará livre da doença. Então é preciso ter um sistema de controle para garantir que o rebanho vai continuar livre da aftosa”, ressalta.

Segundo Luiz Caron, na América do Sul, o maior risco para o Brasil são os países vizinhos que ainda enfrentam dificuldades em fazer o controle sanitário, como a Venezuela e a Bolívia. O pesquisador esclarece que a febre aftosa é um vírus muito resistente ao ambiente. “Ele pode ser transportado facilmente, principalmente em dias mais frios, na sola dos sapatos, junto com barro e com carne curada, não cozida, e produtos de origem animal que estejam contaminados. Inclusive, o ser humano pode carregar o vírus no próprio trato respiratório por até 48 horas”, detalha.

Caron ressalta que a febre aftosa é uma doença que acomete animais de casco fendido, como bovinos, búfalos, caprinos, ovinos e suínos, com raríssimos relatos de casos sintomáticos em seres humanos.

Fonte: Estadão.

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