O ano de 2006 prometia para a carne brasileira. A diminuição do rebanho da União Européia e a consequente redução da oferta em seu mercado interno provocou uma demanda sem precedentes por carne importada. No entanto, as ofertas de carne do Mercosul para a Europa têm escasseado neste começo de ano.
A Argentina sofreu no ano passado uma diminuição de seu rebanho, provocada pela expansão da soja e pelo aumento do consumo interno, fruto da melhora de sua economia. Em consequência seus preços aumentaram tanto no mercado interno como para a exportação. Temeroso por seu índice de inflação, o Ministro da Economia argentino mandou taxar a exportação de carne em 25%. Isto tem afetado muito mais a exportação do que o foco de aftosa de Corrientes.
O Uruguai, que já tinha emplacado sua carne nos Estados Unidos, México e Canadá ganhou de bandeja o mercado chileno, que fechou as portas para Brasil e Argentina. Os uruguaios conseguem nestes mercados preços ainda melhores do que conseguiriam na Europa, e apesar de terem hoje o maior rebanho que já tiveram nos últimos anos mal dão conta dos mercados que conquistaram.
Enquanto isso no Brasil, o problema está na falta de animais rastreados para abate e também na falta de animais que sejam adequados para a produção de carne Hilton.
Vale lembrar que se a aftosa não tivesse ocorrido, ou tivesse sido melhor controlada essa situação poderia ser diferente.
Para completar, segundo o site Primeira Leitura, o relator da proposta orçamentária no Congresso, o petista Carlitos Merss, resolveu dar um corte nos recursos reservados à defesa agropecuária.
A emenda que estabelecia recursos para o trabalho de defesa sanitária estimava um valor de R$ 140,4 milhões para essa atividade em 2006. No corte promovido por Merss, o valor caiu para R$ 47,5 milhões. Segundo o presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso, Homero Pereira: “Parece brincadeira de mau gosto”.
Até o momento em que escrevo, os brasileiros já pagaram R$ 141,6 bilhões em impostos só neste ano. Pagamos impostos escandinavos por serviços africanos. Diogo Mainardi tem razão quando diz que no Brasil não existe luta de classes, existe uma luta entre Estado e Sociedade. Alguém tem que dizer ao governo que se eles não querem ajudar, que ao menos não atrapalhem.
E na Europa, por falta de oferta o consumo de carne bovina baixou em 2,1% no ano passado.
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É complicado entender quais são as reais intenções do governo perante a diversos assuntos. O ano passado já tivemos problemas com o contingenciamento orçamentário para a defesa sanitária e agora vem mais esse.
Falta inteligência para compreensão dos fatos que ocorrem em nosso país. É provável que maior sofrimento seja enfrentado visto que em ano de eleições o agrado será maior a parte da população mais carente (que por um acaso é a maior!). O ano ainda promete muita coisa, resta saber se são coisas boas ou ruins.
Parabéns pela matéria.
Acho que a observação da “falta de animais adequados à Cota Hilton” remete-nos a algumas perguntas. Por exemplo, o zebu produz carne adequada aos padrões europeus? Nós temos mercado para carne que não sejam “especiais”, a preço equivalente aos da Austrália e Argentina, ou vamos continuar exportando para países de terceiro mundo?
Lamentável a emenda proposta pelo petista Carlitos Merss.
A falta de rastreabilidade e de animais adequados para a produção de carne Hilton e o dólar baixo…enquanto isso, no Brasil, a carne de boi saiu das promoções e encareceu, levando consumidor a migrar para o ovo de galinha.
Caro Fernando,
A situação do setor que produz alimentos é desesperadora. A redução dos recursos destinados aos programas de controle sanitário do rebanho, é mais uma evidência clara de que o governo federal não está nem aí para agricultura e pecuária.
Quero ver de onde esse governo vai tirar recursos mais adiante, para seu programa fome zero, para equilibrar a balança comercial, quando parece querer acabar com as atividades agrícolas nesse país.
Valeu pelo artigo, precisamos colocar essas questões na mídia. É necessário que a nação tenha conhecimento dos fatos que ocorrem, determinados por uma postura política irresponsável da parte do governo.
Não é possível entender uma redução de verbas para controle sanitário do rebanho nacional, quando o mundo vê assustado a proliferação de doenças como a gripe aviária.
Janete Zerwes
Coordenação de Tecnologia e Pecuária
Comissão de Produtoras Rurais – FAMATO – MT
Belo artigo.
Proposta de tal envergadura, própria de partido de corruPTos e incomPTentes.
Caro colega, curso a faculdade de agronegócio em Barra do Garças/MT, creio em minha concepção analisado os fatos que a tendência das exportações brasileiras da carne tende somente a cair. O Brasil tem perdido muito o seu mercado de venda de sua carne, perdendo até para a Argentina, que esta investindo maciçamente no melhoramento genético e outros atributos para a excelência da produção de sua carne, principalmente a carne in natura que tem grande valor comercial na Europa, então chego a um veredito que se as atuais políticas públicas do atual governo continuarem, ignorando cada vez mais as questões sanitárias do país, em breve a economia nacional terá um colapso com a queda brusca e fatal do agronegócio brasileiro…