Mercados Futuros – 03/04/08
3 de abril de 2008
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7 de abril de 2008

O desafio do vestido

Falar sobre a questão feminina presente no campo, não quer dizer, falar sobre "coisas de mulher". Não que não seja importante falar sobre saúde reprodutiva, violência doméstica, igualdade ou mesmo equilíbrio entre os sexos, mas, desta vez, vamos falar dos desafios que a mulher enfrenta e dos resultados que ela busca, de forma específica, no agronegócio.

Falar sobre a questão feminina presente no campo, não quer dizer, falar sobre “coisas de mulher”. Não que não seja importante falar sobre saúde reprodutiva, violência doméstica, igualdade ou mesmo equilíbrio entre os sexos, mas, desta vez, vamos falar dos desafios que a mulher enfrenta e dos resultados que ela busca, de forma específica, no agronegócio.

Um desses desafios é apresentar um trabalho com tecnologia e qualidade, associando-o à manutenção da família e o cuidado da continuidade do negócio para as futuras gerações.

Numa pesquisa não muito demorada podem-se destacar pelo menos oito oportunidades, atuais e futuras, relacionadas ao agronegócio:
• Certificação de produtos e rastreamento completo de safra e rebanho: o agronegócio promove muitas oportunidades, dentre elas, a rastreabilidade, pois, em todo o mundo, o consumidor quer identificar a origem de qualquer produto disponível nas prateleiras.
• Grande oportunidade para os prestadores de serviços de certificação e pesquisadores de tecnologia de rastreabilidade.
• Agregar valor as commodities existentes: cebola doce (que evita o choro ao ser descascada e mau-hálito quando ingerida); algodão colorido (marrom, verde, safira e rubi que reduz os custos de produção para a indústria têxtil e dispensam o uso de corantes), chocolate de cupuaçu, o cupulate (arvore nativa da Amazônia, a gordura do cupuaçu que entra na formulação do chocolate custa cerca de um terço da gordura do cacau, é mais saudável, pois tem uma substancia estimulante (teobrina) que tem o teor menor que o cacau): tecnologia promovendo incrementos aos produtos comerciais existentes.
• Produtos saudáveis, de alto valor protéico, orgânicos e frutas, hortaliças e carnes alternativas: devido ao aumento de expectativa de vida, o consumidor procura mais produtos saudáveis. Oportunidade para as empresas que fazem o processamento dos produtos agropecuários, com a fabricação de produtos semi-prontos e para comerciantes que vendem produtos naturais e outros.
• Silvicultura, uma das grandes oportunidades de negócio: a preocupação mundial com a Amazônia e outras florestas promoverão o surgimento de novas técnicas para os problemas de desmatamento. Técnicas de recuperação de florestas, síntese ou produção de substâncias hoje extraídas das florestas, técnicas avançadas de replantio.
• Turismo Rural: “Fazenda Urbana” – “day-use”, Utilização para lazer de famílias nos finais de semana, espaço para reuniões e confraternização das empresas.
• Animais silvestres: avestruz, ema, capivara, javali – Criadouros comerciais.
• Óleos vegetais comercializados brutos ou nas indústrias de biocombustíveis: cana, dendê (palma), coco, mamona, pinhão manso, outras forragens tropicais. Em 2005, especialistas reunidos no 1º Congresso Americano de Biocombustível na Argentina analisaram que a América do Sul, especificamente a Argentina e o Brasil, tem a oportunidade de transformar-se em uma espécie de Golfo Pérsico do biocombustível. No sertão cearense, desde 2004 uma comunidade (Serrinha de Santa Maria) saiu da escuridão graças à energia produzida pelo biodiesel extraído da mamona. Em dois anos, foram atendidas 26 residências, uma escola e um centro comunitário. Todo o processo de produção foi conduzido pela população, desde o plantio até a produção e distribuição da eletricidade. Neste ano, o projeto está sendo executado em outra cidade do Ceará (Cacimbas). Desenvolvimento do etanol de 2ª geração, feito com restos da produção agrícola e outros produtos.
• Tecnologia de informação – software e hardware para melhor controle de produção e gestão. Tecnologia: aumento da produtividade no campo, com controle das plantações via satélite, identificação do gado pela fotografia da retina, mangueiro eletrônico, que permite a ampliação do controle da produção do animal (o chip é colocado no gado de forma que os animais são identificados na tela do computador e o sistema mostra todos os dados referentes ao animal).

Pode-se constatar, portanto, que o agronegócio apresenta muitas oportunidades de inserção e crescimento. Ele é responsável pela geração de um terço dos empregos nacionais e por um terço do PIB e devemos trabalhar para que ele seja visto pela população como um setor progressista e competitivo.

Diferentes de antigamente, as mulheres hoje estão estudando e se formando em Veterinária, Zootecnia, Administração e outras áreas do agronegócio. Elas analisam o resultado da colheita ao tipo de veneno que foi utilizado. Avaliam o custo do saco de sal e as melhores opções financeiras, aprendem a investir!

O mundo corporativo pede atenção, gentileza, cuidado, cooperação, colaboração, trabalho em equipe e essas características estão presentes no universo feminino.

Portanto, meninas, mãos à obra, tendo sempre em mente, as palavras de Madre Teresa de Calcutá “O milagre não é realizarmos esse trabalho, mas que sejamos felizes fazendo-o”.

Sucesso!

0 Comments

  1. stella bacha disse:

    Excelente o artigo da Miriam Junqueira Netto, principalmente para o nosso estdo (MS). A mulher no agronegócio é uma realidade e mais que isso, é uma possibilidade. Por isso, peço a ela que continue falando para estas mulheres (inclusive).

    Sucesso pra Miriam também.

  2. Janete Zerwes disse:

    Prezada professora Miriam,

    Adorei sua matéria (especialmente o título). Há muito os desafios impostos às mulheres nos mercados de trabalho e nos empreendimentos empresariais perderam os vestidos como referencia principal. Esse é um fato que não se refere apenas à mulher urbana, mas também é parte da realidade da mulher que trabalha no campo.

    Hoje nós produtoras rurais, nos deparamos com os mesmos desafios que a mulher urbana enfrenta em seus trabalhos: evoluir profissionalmente e garantir o sustento da família. Ocupamos junto com o homem um espaço de trabalho que até pouco tempo atrás era bastante restrito para nós mulheres. Nesse aspecto como em muitos outros, o Estado de Mato Grosso tem características jovens e pioneiras. Foi criada na Federação da Agricultura e Pecuária, uma Comissão de Produtoras Rurais para representar as mulheres que atuam na agricultura e pecuária.

    Aos poucos nós produtoras rurais, vamos adquirindo visibilidade e voz, participando da construção de políticas voltadas ao desenvolvimento agrícola/econômico; da gestão dos usos dos recursos naturais; dos estudos para as adequações da legislação ambiental entre outros assuntos.

    Além da busca constante por novos mercados que absorvam nossa produção, como listou muito bem em seu artigo, ainda nos deparamos com os desafios relativos à preservação ambiental.Embora muitos pensem o contrário, a cultura matriarcal está latente em nossas naturezas, e, se traduz na preocupação com a terra, com os recursos naturais de solos, águas, fauna e flora.

    Pensamos, pesquisamos, adotamos e consolidamos tecnologias que reduzam os desequilíbrios provocados pela antropização e produção agrícola. Com isso queremos garantir que a próximas gerações possam também realizar como nós a vocação de trabalhar com a terra.

    Abraço,Janete ZerwesCoordenadora em Tecnologia e PecuáriaComissão de Produtoras Rurais – FAMATO

  3. Miriam Junqueira Netto disse:

    Prezado Janete Zerwes,

    Agradeço sua apreciação pelo meu artigo.

    Todas as contribuições feitas por nós mulheres, serão de grande valia para o aperfeiçoamento do agronegócio, sem abrirmos mão de nossas principais
    características, quais sejam, atenção, cuidado, gentileza, cooperação e trabalho em equipe.

    Fico à disposição para quaisquer “troca de experiências”, pois trabalho para uma empresa rural onde está sendo implantado um programa de Gestão de Pessoas com foco em resultados gerenciais.

    Mais uma vez, muito obrigada!

    Abraços.
    Miriam Junqueira Netto

  4. Miriam Junqueira Netto disse:

    Prezada Stella Bacha,

    Agradeço suas palavras gentis. Há muito do que se falar sobre a crescente presença feminina no campo e, principalmente, sobre Gestão de Pessoas no Agronegócio.

    Com certeza, continuarei escrevendo e trocando experiências!

    Obrigada pelo apoio.
    Abraços.
    Miriam Junqueira Netto

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