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21 de outubro de 2005
Lúcio Cornachini, vice-presidente da Lagoa da Serra
25 de outubro de 2005

O direito de resposta (ou desconstruindo George)

No último dia 18 de outubro, o jornal inglês The Guardian publicou um artigo escrito pelo jornalista George Monbiot sobre a carne brasileira. O título do artigo é sugestivo: “O preço da carne barata: doenças, desmatamento, escravidão e assassinatos”. O sub-título continua dizendo que se não é ético comer carne britânica, é 100 vezes pior comer carne brasileira, mas as importações (do Reino Unido) quase dobraram este ano.

A argumentação usada por Monbiot é um exemplo claro do tipo de crítica de que o Brasil está sendo alvo por ter atingido o posto de maior exportador mundial de carne bovina, ainda mais em um momento difícil como este do surgimento de focos de aftosa em seu território.

Aliás, segundo George, o foco de aftosa no Reino Unido em 2001 teria sido causado por carne importada da América do Sul. Ele dá razão aos produtores britânicos (que ele mesmo chama de neandertais) que querem impedir que a carne brasileira seja importada para a Inglaterra (diga-se de passagem, o país onde nasceu o mal da vaca louca) em nome da sanidade animal.

Ele diz que comer carne brasileira significa apoiar a destruição da Amazônia, o trabalho escravo e a violência no campo. É o tipo de argumento simplista que baseado em falsas idéias dissemina preconceitos entre compradores e consumidores de carne bovina brasileira, e é isso que quero aqui desconstruir.

George Monbiot começa dizendo que na verdade nós não deveríamos comer carne bovina de maneira alguma, já que a conversão alimentar de bovinos é de baixíssima eficiência. Bem, com certeza então a humanidade esteve errada por 9.000 anos, desde que domesticou os primeiros bovinos nas planícies africanas para usá-los como fonte de carne, leite, couro e como força de trabalho.

George certamente desconhece também o potencial produtivo de gramíneas tropicais C4, muito mais eficientes em conversão de energia solar em matéria seca do que as forrageiras de sua Inglaterra natal.

Capins como o Elefante podem produzir nos trópicos até 40 toneladas anuais de matéria seca por hectare. Nós não podemos aproveitar esse potencial, mas ruminantes sim, que por sua vez serão uma fonte de proteína, ferro, vitaminas B12 e outros nutrientes essenciais na alimentação de milhões de pessoas no planeta.

George culpa a pecuária pelo desmatamento da Amazônia no Brasil. É verdade que de 1994 a 2003 o rebanho bovino na área da Amazônia legal tenha passado de 34,7 milhões (21,9% do rebanho brasileiro) para 64 milhões (32,7% do rebanho brasileiro).

É importante notar que a Amazônia legal engloba uma área de cerca de 5 milhões de km2 no Brasil, maior do que a da floresta propriamente dita que ocupa hoje 2,8 milhões de km2.

A grande maioria de produtores médios e pequenos, com menos de 500 cabeças de gado. Porque? Simplesmente porque a atividade pecuária tem maior rentabilidade nesta zona da fronteira onde os custos são menores e o pasto é verde o ano todo do que no resto do país. Mas é um grande erro acreditar que a evolução da produção de carne no Brasil depende da destruição da Amazônia.

Acontece que ao contrário da agricultura onde a maioria das culturas atingiu o máximo potencial produtivo, a produção de forrageiras no Brasil ainda pode aumentar imensamente.

O Brasil tem uma média de lotação em pastagens cultivadas de 0,8UA/ha (Unidades Animais por hectare, sendo 1 UA = 450kg de peso vivo). Com a aplicação de tecnologia adequada, o potencial de lotação de pastagens cultivadas pode ser de 5 a 7 UA/ha, ou seja, o rebanho brasileiro poderia facilmente dobrar ou triplicar com a área atual de pastagens sem que uma única árvore da Amazônia fosse derrubada para isso.

George acusa também os pecuaristas de usarem trabalho escravo e os culpa pelas mortes e pela violência no campo. Ele se esquece de mencionar que o Brasil é citado como um exemplo de combate ao trabalho escravo pelo relatório Aliança Global contra o Trabalho Escravo lançado em maio pela Organização Internacional do Trabalho.

Acho que também é muito difícil para George entender a complexidade das relações entre ONGs, MST, Igreja, agricultores, índios, garimpeiros e madeireiros que constituem a fronteira. É muito mais fácil dizer que os pecuaristas maus atiram nos bons que discordam deles.

Sim, Dorothy Stang morreu e muitos outros morreram e é uma vergonha que essas mortes aconteçam e estejam acontecendo, mas também é uma vergonha que a fronteira agrícola tenha se transformado num campo de batalha ideológico causado principalmente pela ausência de um Estado forte (ou pela conivência de um Estado fraco).

O que George não entende é que o que acontece na fronteira é uma realidade muito distinta da eficiência das empresas de agribusiness do resto do país que abastecem o mundo com a carne e os grãos que produzem.

O que a fronteira precisa é de um choque de capitalismo, e não o contrário. O campo no Brasil não precisa de distribuição de terras, precisa de distribuição de riquezas.

É produzindo-se com eficiência que se diminui o desmatamento, é entrando no mercado global que se elimina o trabalho escravo, é exportando que se gera renda.

A pecuária e a cadeia produtiva da carne são responsáveis pela renda de 7 milhões de brasileiros mas George sugere que os britânicos e europeus parem de comprar carne brasileira.

Eu gostaria de citar aqui um trecho de um artigo de Jacques Attali, escritor francês e antigo conselheiro de François Mitterrand publicado na revista l’Express de 15/08/2002:

“Fechando a esses países saídas razoáveis para seus produtos honestos, nós os forçamos a produzir o que eles sabem poder vender pelos circuitos da economia criminosa onde os países do Norte são as primeiras vítimas. Tudo se encaixa, fabricando miséria provocamos não somente violência, mas produzimos também narcotraficantes. E a droga destruirá o Ocidente com muito mais eficiência do que o terrorismo. A melhor maneira de ajudar a América Latina a sair da crise não é com empréstimos de último minuto, mas de lhes permitir que exportem carne e automóveis, e parar de lhes comprar cocaína e maconha”.

George deveria ler Jacques Attali em vez de Larry Rother. Sim, entre suas fontes George cita Larry Rother, o correspondente do New York Times no Brasil, o mesmo que disse na sexta passada que os brasileiros são propensos a atirar uns nos outros.

Se vocês não se lembram, dos inúmeros assuntos a serem discutidos no Brasil, os dois artigos mais relevantes escritos por Larry Rother nos últimos anos foram um sobre os problemas do presidente Lula com a bebida (e acreditem em mim, de todos os problemas de Lula, a bebida é o menor deles) e outro sobre como as mulheres brasileiras estão ficando gordinhas (este ilustrado com fotos de duas turistas checas em férias no Rio).

Para mim, o artigo de George só confirma a miopia da imprensa internacional quando se trata da complexidade dos assuntos internos de um país de dimensões continentais como o Brasil.

Sim George, diga a todos que parem de comprar carne do Brasil. Ou melhor, parem de comprar produtos agrícolas do terceiro mundo, porque provavelmente eles foram produzidos por crianças e escravos em áreas desmatadas. Pessoas desinformadas certamente acreditarão em você.

Mas lembre-se deste seu conselho quando imagens de imigrantes afogados em praias espanholas ou asfixiados dentro de containers em seus portos aparecerem na sua TV. Lembre-se disso toda vez que alguém for preso tentando vender madeira ilegal, animais silvestres ou cocaína na Inglaterra.

Quem quiser ler na íntegra o artigo de George Monbiot, clique aqui.

A seguir publicamos o artigo de Fernando Sampaio em inglês, para facilitar sua distribuição aos compradores de carne brasileira, no exterior.

The right to answer (or deconstructing George)

In the last 18th October, the British newspaper The Guardian published an article written by journalist George Monbiot about Brazilian beef. The title of the article is suggestive: “The price of cheap beef: disease, deforestation, slavery and murder”. The sub-title continues saying that if it’s unethical to eat British beef, it’s 100 times worse to eat Brazilian – but imports (of the UK) have nearly doubled this year.

The arguments used by Monbiot are a clear example of the kind of critic Brazil is being target for having achieved the number one beef export position, specially in a difficult moment like this when Brazil faces Foot and Mouth Disease outbreaks.

By the way, George says the 2001 FMD outbreak in the UK was caused by imported beef from South America. He gives reason to British beef producers (whom he calls Neanderthals) that want to ban Brazilian beef from England (the birthplace of the mad cow disease) in the name of animal health.

He says that if you eat Brazilian beef, it means that you encourage the destruction of the Amazon rainforest, slave labor and the violence in the Brazilian countryside.

It’s the kind of simplistic argument that based in false ideas disseminates prejudices among buyers and consumers of Brazilian beef, and that’s what I want to “deconstruct”.

George Monbiot starts saying that actually we shouldn’t eat beef at all because the conversion efficiency of feed to meat is so low in cattle.

Well, humanity has been wrong for the last 9.000 years, since the first bovines were domesticated in the plains of Africa to be used as a source of meat, milk, leather and as labor force.

George certainly does not know also the productive potential of tropical gramineous C4, much more efficient in conversion of solar energy in dry matter than the forages of his native England.

Grasses like Elephant grass (pennisetum) can produce in the tropics up to 40 annual tons of dry matter per hectare. We cannot use this potential, but ruminants yes. And they will be a source of protein, iron, vitamins B12 and other essential nutrients in the food of millions of people in the planet.

George blames the cattle-raising for the deforestation of the Amazon region in Brazil. It is true that from 1994 to 2003 the bovine livestock in the area of the legal Amazon region has increased from 34,7 millions (21,9 % of the Brazilian livestock) to 64 millions (32,7 % of the Brazilian livestock).

It’s important to say that the Legal Amazon region is an area of about 5 million km2 inside Brazil, much bigger than the forest itself that represents today about 2,8 million km2.

The majority belongs to middle and small producers, with fewer than 500 heads of cattle. Why? Simply because the cattle activity has bigger profitability in this zone of the frontier where the costs are low and the pasture is green all year long than in the rest of the country. But it is a big mistake to believe that the evolution of the Brazilian meat production lays on the destruction of the rain forest.

It happens that on the contrary of the agriculture where most of the cultures reached the maximum productive potential, the production of pasture in Brazil can still increase a great deal. Brazil has an average animal occupation in cultivated pastures of 0,8UA/ha (Animal Unities per hectare, being 1 UA = 450 kg of live weight).

With the application of appropriate technology, the animal occupation potential on cultivated pastures could be up from 5 to 7 UA/ha. In other words, the Brazilian bovine livestock could easily double or triple on the current area of pastures without knocking down a single tree from the rainforest.

George also accuses the cattle farmers of using slave labor and blames them for all the violence in the Brazilian countryside. He forgets mentioning that Brazil was quoted as an example of combat against slave labor in the report Global Alliance Against Slave Labor released last May by the International Labor Organization.

I think it would be also too difficult for George to understand the complexity of the relations among farmers, NGO’s, MST (landless works movement), Catholic Church, indians, gold miners and wood traders that work in the frontier. Of course it’s much easier to say that bad cattle farmers shoot all the good guys that don’t agree with them.

Yes, Dorothy Stang died and a lot of other people died, and it’s a shame that these deaths happened and still happen. But it is also a shame that the frontier has become a ideological battlefield, mainly caused by the absence of a stronger State (or by the connivance of a weak State). What George doesn’t understand is that what happens in the frontier is a completely different reality from the efficient agribusiness sector of the rest of Brazil that are supplying meat, grains and other products to the world.

What the frontier needs is a capitalism shock, and not the contrary.

The countryside in Brazil doesn’t need land re-distribution, it needs richness distribution.

It’s producing efficiently that we will decrease deforestation, it’s going into global markets that we will eliminate slave labor and it’s exporting that we will generate income.

Cattle raising and the beef production chain are responsible for the income of 7 million Brazilians but George suggests that British and Europeans should stop buying Brazilian beef.

I would like to quote part of an article written by Jacques Attali, a French writer and former adviser of president François Mitterrand, published by l’Express magazine in 15/08/2002:

“…by closing to those countries a reasonable market for their honest products, we encourage them to produce what they know they can easily sell by the circuits of criminal economy, from which the first victims are the Northern countries.

Everything is held: by fabricating misery, we cause not only violence but we also produce drug traffickers. And narcotic will destroy Occident much more efficiently than terrorism.

The best way of helping Latin America get out of this crisis is not to grant them last minute loans, but to allow them to export meat and cars and to stop buying coke and cannabis from them”.

George should read Jacques Attali instead of Larry Rother. Yes, among his sources George quotes Larry Rother, the New York Times correspondent in Brazil, the same one that said last Friday that Brazilians have a startling propensity to shoot each other. If you don’t remember, from all the subjects to be discussed about Brazil, the two most relevant articles written by Larry Rother were one where he comments president Lula’s drinking problem (and believe me, of all the problems Lula has, drinking is the less important) and another one saying that Brazilian women were getting fat (illustrated with a picture of 2 Czech girls in holidays in Rio).

For me, George’s article only confirm the short vision of international press when they treat the complexes internal matters of a continental sized country as Brazil.

Yes George, tell everybody to stop buying Brazilian beef. Or better, stop buying all agriculture products from the third world, they are all probably produced by children and slaves in deforested areas anyway. Less informed people might believe you.

But remember your advise every time you see on your TV images of immigrants drowned on Spanish shores or asphyxiated inside containers in your harbours. Remember that every time someone is imprisoned in your country trying to sell illegal wood, wild animals or coke.

If you want to read George Monbiot’s article, click here.

0 Comments

  1. Fabiano Ribeiro Tito Rosa disse:

    Parabéns, Fernando. É isso aí.

    Um abraço,

    Fabiano

  2. José Roberto Puoli disse:

    Bom dia Fernando,

    Gostaria de saber para quem você mandou sua resposta. Pois, penso que a resposta de um artigo deste nível deve ser feita no mesmo veículo que o artigo original circulou. Acredito fortemente que artigos como este devem ser respondidos prontamente e no mesmo nível de circulação.

    Um ponto que penso que possa ser de relevância e talvez te sirva numa próxima oportunidade é o subsídio agrícola europeu. Se eles diminuíssem significativamente esta prática vergonhosa, então, nosso produto poderia valer um pouco mais. Aí sim, teríamos um pouco mais de remuneração para podermos adubar nossos pastos e não precisar derrubar mais mato.

    Parabéns pela tua resposta e, debaixo da minha humildade, te estimulo a combater sempre este tipo de jogo baixo.

    Forte abraço

  3. Otávio Hermont Cançado disse:

    Meu caro Fernando Sampaio,

    Meus parabéns pelo artigo, que reúne, ao mesmo tempo, conhecimento técnico fundamental para rebater críticas infundadas e recorrentes que o Brasil sofre no mercado internacional, bem como extremo bom senso – algo que os nossos concorrentes deveriam aprender a ter.

    Mas isso é assim mesmo, caro Fernando. Costumo dizer que o comércio internacional é uma guerra. No entanto, essa guerra que estamos presenciando é uma guerra muito baixa e suja. Temos que, dessa forma, ao invés de ficarmos nos lamentando desse e de outros ataques, adotar uma postura muito mais pró-ativa, assim como a sua.

    Não adianta, entretanto, você ou eu, que também venho batendo constantemente em assuntos relevantes e coincidentes com esse explorado por você, sem que o Governo tenha uma efetiva participação e passe a contestar técnica, política e diplomaticamente estes temas.

    A máquina do Governo tem e deve se mexer. A paralisia é vergonhosa.

    Por fim, meus parabéns pelo belo artigo.

    Um abraço

    Otávio Cançado

  4. Geraldo Magela Tavares Costa disse:

    Parabéns pelo artigo oportuno e bem fundamentado.

    Temos, porém, que reconhecer que o espaço para afirmações como as do Sr. Monbiot é dado por nós mesmos. Um problema de ordem sanitária de dimensão global abre caminho para julgamentos inapropriados como os dele. É preciso que passemos a exigir qualidade em função do consumidor brasileiro e não apenas para atender às condições impostas pelos países importadores.

    No momento em que formos tão rigorosos com nós mesmos quanto eles são conosco, estaremos em condição de assumir definitivamente a liderança mundial do mercado de carnes e abocanharmos parte considerável do mercado de lácteos e outros produtos de origem animal. O que não dá é querer ser desenvolvido em termos de comércio internacional e subdesenvolvido em termos de controle sanitário: rastreamento furado, controle de doenças só no papel, normas que não são cumpridas e fiscalização pífia.

    Se não cuidarmos de nossas mazelas outros “Monbiots” sempre estarão a denegrir a nossa imagem. Defesa sanitária e saúde pública não são temas que devam ser tratados de forma tão política, sem a firmeza técnica necessária. São questões que não permitem as concessões e adiamentos que o MAPA tem feito constantemente.

    Façam-se as normas, cumpramos todos e conquistemos credibilidade.

    Geraldo Magela

  5. Eduardo Luiz Ferraz de Souza disse:

    Nosso autor estava num momento brilhante quando escreveu este artigo resposta.

    Acho o tema muito complexo, sou arrendatário na Amazônia, produzo boi a baixo preço e tenho bois no Mato Grosso do Sul a custo alto. Hoje estive na fazenda de custo alto a 60 km de Campo Grande. Em imensas áreas degradadas, baixo preço, baixo ganho, sem dinheiro, sem reforma de pasto, sem curva de nível, sementes e até bons animais, tudo pára.

    O cenário é complexo. Tem aumento de diesel, pauta fiscal do estado para pagamentos de impostos fora da realidade e até falta de representatividade de entidades de classe.

    Me imagino todo dia vivendo em 2 mundos. Tenho acesso a informação como um cidadão de primeiro mundo, produzo como primeiro mundo, mas ganho como no terceiro e convivo com pessoas e propriedades de terceiro.

    Quero ficar quieto, pensar no que vou comer amanha e depois, e só. Produzir é arriscado demais. Quem quiser comer que plante e crie.

    Eduardo Souza
    Veterinario – Produtor

  6. Arthur R. Jerosch Filho disse:

    Honorável Fernando:

    Dar-lhe aqui apenas os parabéns seria minimizar a qualidade de seu relato. Você foi sensacional, formidável.

    Seus esclarecimentos são ricos em realidades brasileiras, inteligentes, substanciosos e de uma diplomacia de deixar o Itamarati com inveja.

    Não sei qual a real penetração deste seu relato aí por essas bandas, mas sinto-me mesmo assim de alma lavada.

    Obrigado e forte abraço de outro brasileiro.

    Arthur Jerosch

  7. Edilza Maria Cazerta Goulart disse:

    Parabéns pelo excelente artigo. Sua argumentação realmente desconstruiu (termo da moda e muito bom) George.

    Nossas lideranças bem que poderiam publicar o seu artigo no The Guardian e no Estadão. Que tal?

    Um abraço,

    Edilza Goulart

  8. Daniel De Stéfani disse:

    Fernando, meus parabéns e obrigado pela matéria.

    Você teve muita competência ao reunir e tratar de vários problemas de informação imprecisas que correm por ai pela mídia nacional e internacional.

    Você está ajudando para que as idéias se cristalizem e tomem forma. Seus argumentos nos mune de subsídios para defendermos e melhorarmos nossa atuação como produtores, argumentarmos junto das pessoas de nosso relacionamento. Creio que isto seja o primeiro sinal de mudanças que poderão vir na opinião pública.

    O preconceito é grande, o caminho é árduo, mas ele precisa ser percorrido. Não há outra saída.

    Daniel de Stéfani
    Presidente da ABCBSenepol

  9. Rodrigo Paniago disse:

    Olá Fernando,

    Meu caro amigo, me permita comentar o seu firme artigo.

    É muito difícil acreditar que o pseudo-jornalista Monbiot seja um ingênuo urbanóide, com visão distorcida da realidade do campo, em especial o brasileiro, ou ainda, um “ecólatra” e pacifista, que esteja muito bem intencionado, procurando de todos os meios uma forma de livrar o mundo do desmatamento e do trabalho escravo. O profissional da informação do The Guardian em seu texto infame deixa claro o seu objetivo oculto, que é o de proteger o mercado britânico da invasão da carne brasileira.

    Cabe salientar, que fica evidente para nós, integrantes da cadeia da carne brasileira, pessoas que vivenciam a realidade desse mercado, e que o mesmo não podemos dizer dos demais brasileiros, quanto menos dos leitores do The Guardian, pois é claro o distanciamento destes em relação ao campo.

    Infelizmente a informação, ou melhor a desinformação, é extremamente perigosa. A lição que nós devemos tirar dessa avacalhação protecionista é de que a informação é a arma do negócio. Portanto, cabe aos indivíduos atuantes nesta cadeia saber usá-la em sua defesa. Agora, só a informação não é suficiente. É preciso saber inseri-la no lugar e momento certo, como bem soube aproveitá-lo o discípulo do Bové, o maldizente Monbiot.

    No momento existem campanhas de valorização da carne vermelha, justificando a sua importância na nutrição humana, porém direcionadas, inicialmente pelo menos, àqueles que já sabem disso, os que labutam na pecuária. É preciso informar os nossos clientes, a exemplo da dona de casa, que efetivamente escolhe o cardápio da família, ou àqueles que influem sobre os mesmos, médicos, nutricionistas, formadores de opinião em geral.

    Assim como, cabe a todos nós transmitir aos demais a verdade de quem luta diariamente contra intempéries, juros exorbitantes, governantes inaptos e concorrência internacional desleal, que estamos trabalhando de forma profissional e responsável. E que não iremos nos contentar em para por aí, pois queremos da agropecuária nacional mais e cada vez melhor, e que isso irá beneficiar a todos, independente de onde more, seja no campo ou na cidade, se trabalha no ar condicionado ou sob o sol, porque estamos evoluindo em produção, proteção ao meio ambiente, geração de empregos e geração de riquezas para o nosso país.

    Inspirado por você, Fernando, estou fazendo a minha parte. Já encaminhei minha carta, leia-se mensagem eletrônica, de repúdio ao The Guardian e aos amigos e conhecidos que não atuam na agropecuária.

    Aproveitemos mais essa lição dos amigos do hemisfério norte e façamos a nossa parte.

    Grande abraço,

  10. Adalberto Rossigalli disse:

    O artigo do britânico George me encheu de revolta, mas a resposta do Sr Fernando Sampaio lavou minha alma. Foi inteligente, técnica e apropriada.

    Tomara que o governo federal leia o artigo e envie a resposta do Fernando Sampaio para o governo inglês como representando o que o Brasil pensa sobre o assunto.

  11. Lincoln Correia disse:

    Li o artigo do jornalista e tenho a comentar o seguinte: ele tem um desconhecimento total da realidade da pecuária de corte do Brasil, ou conhece muito bem e está escrevendo para os interesses da comunidade européia, que não quer abrir seus mercados para a carne brasileira.

    Pelo conteúdo do artigo fico com a ultima hipótese: se houvesse presença do estado, seriam mínimos os prejuízos causados por grileiros de terra – criminosos que praticam trabalho escravo e desmatam áreas de preservação. Os pecuaristas que estão no Amazonas, Pará, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Tocantins, Rondônia, têm suas terras tituladas e praticam uma pecuária profissional. Não escravizam e não roubam madeira. Produzem alimentos, geram divisas e empregos.

    Finalizando, a Abiec, CNA, Sindipec e outras associações de classe e de produtores, juntamente com o MAPA, deveriam promover uma visita de jornalistas europeus para um circuito pecuário no Brasil.Este seria um tapa-boca.

  12. Janete Zerwes disse:

    Caro Fernando,

    Como produtora rural e Coordenadora em Tecnologia e Pecuária da Comissão de Produtoras Rurais da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso, agradeço sua iniciativa em meu nome, e em nome de todos os produtores rurais de nosso estado.

    Ainda ontem, aqui na FAMATO, durante reunião da Comissão de Meio Ambiente, constatamos – em meio aos atropelos legais, fundiários e ambientais, que recaem sobre o setor agrícola nesse momento – os efeitos das críticas expostas na mídia, sobre a relação agricultura/ meio ambiente; e, a necessidade urgente de esclarecer a opinião pública sobre a realidade econômica, social e ambiental desse setor econômico.

    É preciso corrigir as distorções provocadas por informações apoiadas em cenas de mídia e desprovidas de conteúdos com fundamentos científicos sobre a relação agricultura/meio ambiente/alterações climáticas, especialmente aqui no estado de Mato Grosso.

    Acredito que a aparente passividade demonstrada pelo setor agrícola não se manifestando mais fortemente contra os discursos pagos por interesses protecionistas (quando partem de nossos concorrentes de mercado); políticos (quando pretendem manobrar opinião pública para apoiar ações que desconsideram o processo democrático e/ou pretendem desrespeitar direitos garantidos constitucionalmente); foi determinada pela certeza de que o discernimento lógico se sobreporia aos conteúdos vazios desses discursos.

    Infelizmente nos inteiramo-nos dos efeitos da parcialidade da informação, da arbitrariedade que ultrapassou os canais da mídia, quando nossos filhos e netos, chegam da Escola envergonhados por sermos agricultores.

    Logo a escola! Que deveria se apoiar na clareza e na isenção científica para transmitir conhecimentos e formar pensadores com autonomia e discernimento próprios!

    Se nossos filhos desvalorizam ou se envergonham de nossas vocações, o que podemos esperar dos consumidores de nossos produtos.

    Até onde a dignidade de produtor rural pode ser atingida, antes de deixarmos de produzir e nos orgulhar por garantir 23% do PIB?

    Qual o valor das competências dos produtores brasileiros? Alguém já pensou em calcular esse patrimônio e publicar na mídia?

    Sugiro que se parta do custo de capacitação mínima para agricultura, e se chegue aos custos de capacitação máxima, onde o indivíduo seja capaz de atingir, com autonomia, técnica e eficiência gerencial, por exemplo, os índices de produtividade em solos de cerrado, e, se publiquem fatos positivos sobre o setor agrícola.

    Abraço,
    Janete Zerwes