No dia 4 de abril, será realizado o BeefSummit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento será organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O BeefSummit Sul vai reunir nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A expectativa é de um público de 400 pessoas, entre produtores e investidores, tornando o BeefSummit uma excelente oportunidade de gerar novos negócios.
No dia do evento, o BeefPoint irá homenagear as pessoas que fazem a diferença e têm paixão pela pecuária de corte no Sul do Brasil com o Prêmio BeefPoint Edição Sul. Há vários finalistas, em 13 categorias diferentes.
O público irá escolher através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor os indicados, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.
Conheça Ricardo Zuliani, finalista na categoria Produtor – Destaque Integração Lavoura-Pecuária.
Ricardo Zuliani mora em Bagé (RS), é zootecnista formado pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, tem especialização em produção de gado de corte pela Louisiana State University, nos USA e pós graduação em Administração Rural pela Lincoln University, na Nova Zelândia.
Também é sócio gerente da empresa Zuliani Agropecuária em Aceguá (RS), onde trabalha com terminação de bovinos de corte e lavoura de soja e arroz irrigado.
BeefPoint: O que você implementou de diferente no quesito ILP (ou ILPF), em sua propriedade, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Sul 2014?
Ricardo Zuliani: Implementei um sistema intensivo de manejo de pastagens (rotativo em faixas móveis) para a terminação de bovinos a pasto. Este sistema adaptei de um sistema neozelandês que conheci quando morei lá.
O interessante é que com este sistema consigo terminar 4 cabeças por hectare ao ano, somente a pasto sem sal ou ração produzindo ao redor de 1000 kg de peso vivo por hectare ao ano. Assim, este sistema deixa uma margem bruta por hectare similar a produção de soja e arroz.
BeefPoint: O que vem te trazendo mais resultados quando o assunto é ILP (ou ILPF)?
Ricardo Zuliani: Meu pai – o Sr. Helio Zuliani – é descendente de italianos e foi para a região de Bagé na década de 60 arrendar terras para plantio de arroz irrigado. Com a agricultura, teve muito sucesso e iniciou a comprar terras e então se tornou pecuarista, entretanto, vale destacar que a pecuária sempre desempenhava um papel secundário na empresa.
Quando iniciei a trabalhar na empresa iniciamos a intensificar a pecuária e aumentar o número de cabeças abatidas. Também há 6 anos iniciamos o plantio de soja com o objetivo de rotação com o arroz e para renovação de pastagens de azevém e trevos degradada. Nota-se que temos tentado realizar esta rotação e integração entre arroz, soja e invernada de forma a não beneficiar ou prejudicar nenhuma das atividades e sim tirar o máximo dos benefícios desta integração para que cada atividade atinja o melhor de sua produção. Acredito que este seja o desafio do dia a dia deste sistema de produção.
BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?
Ricardo Zuliani: O que fiz de errado foi demorar a implantar ideias que acreditava serem capazes de trazerem resultados. Não podemos nunca perder tempo em tentar melhorar, mesmo que em muitas vezes seja arriscado fazer/mudar.
BeefPoint: O que você considera mais importante em uma fazenda de ILP (ou ILPF)?
Ricardo Zuliani: Creio que é importante ter sempre em mente que a integração entre as culturas e pecuária é para o benefício de todas as atividades e não mais de uma em detrimento de outra. Ou seja, não podemos beneficiar ou prejudicar nenhuma das atividades e sim tirar o máximo dos benefícios desta integração para que cada atividade atinja o melhor de sua produção.
Temos que estar sempre aprimorando os conhecimentos técnicos e ao mesmo tempo tentando aprender observando muito no dia a dia o comportamento das lavouras e pastagens em relação as respostas aos diferentes manejos adotados. Acredito que este seja o desafio do dia a dia deste sistema de produção.
BeefPoint: Como é o relacionamento entre os agricultores e pecuaristas em sua região?
Ricardo Zuliani: É muito bom. Inclusive participamos há 6 anos de um grupo de troca de experiências entre produtores onde nos reunimos mensalmente para trocarmos ideias e experiências. Desta forma os integrantes do grupo cresceram muito com essa iniciativa e continuam melhorando. Assim, penso que todos os produtores deveriam participar e formar grupos como esse, pois é uma forma de entrarmos num ritmo de melhoria contínua pois, se alguém para, logo o grupo cobra.
BeefPoint: Qual o maior desafio da ILP no Brasil hoje?
Ricardo Zuliani: Manter a sustentabilidade ambiental e a viabilidade econômica de todas as atividades envolvidas na integração.
BeefPoint: Em relação ao quesito gestão de pessoas, qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando inovar em gestão de pessoas?
Ricardo Zuliani: Precisamos de alguma forma estimular a juventude a trabalhar no campo. Temos que mostrar atrativos para que o jovem permaneça ou venha trabalhar em empresas agropecuárias.
BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2014, no quesito ILP (ou ILPF)? E por quê?
Ricardo Zuliani: Implantar novas espécies forrageiras com o intuito de aumentar a produtividade animal e também melhoria do solo para as culturas subsequentes.
BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro na ILP (ou ILPF), no Sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?
Ricardo Zuliani: Existem inúmeros produtores fazendo um ótimo trabalho de ILP no Rio Grande do Sul, principalmente na metade sul do estado – onde está o maior rebanho bovino- pois é uma tecnologia que em muitos casos mostrou ser a única forma do produtor manter a viabilidade econômica do empreendimento.
BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?
Ricardo Zuliani: Precisamos saber mostrar a importância do setor para a sociedade e economia do país e com isso talvez despertar mais interesse na juventude para que trabalhem no campo.
BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?
Ricardo Zuliani: Precisamos manter a união, pois somos poucos e precisamos ser mais e melhor representados em Brasília! Ou seja, é importante que os produtores estejam em contato com a sua associação de classe local e sempre que possível levem demandas e ajudem que estas cheguem aos nossos representantes no legislativo.
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1 Comment
O trabalho desta família é o melhor exemplo do que se pode fazer com a terra no RS.
Confirma a premissa de que com semelhante nível tecnológico, a pecuária é competitiva com a produção de grãos no uso da terra.
Excelente trabalho, merecidamente reconhecido