O mercado já exige um consultor com novas habilidades

Por Lineo Carvalho, médico veterinário e especialista em áreas relacionadas ao desenvolvimento humano, PNL e coaching

Se o nosso setor da agropecuária está em um estágio onde temos acesso a altas e inúmeras tecnologias, que seja na reprodução, manejo, solo, plantas, biologia animal, administração. Fica uma pergunta no ar… Por que nosso setor é tão atrasado? O que acontece que em sua maioria os projetos de um consultor não dura mais que 3 anos?

Porque o empresário rural assiste algumas palestras e frequenta alguns cursos que há 10 anos, falam praticamente a mesma coisa. Mas pouco ele fez?

Há um pressuposto que diz: “se fizermos sempre as mesmas coisas, teremos sempre os mesmos resultados”. Se os resultados não estão sendo o esperado tanto para o consultor quanto para o empresário rural, qual o processo que vem fazendo? o que tem que mudar? Para que consiga um resultado diferente do que já venho obtendo.

Atualmente, no cenário mundial da globalização, pode-se dizer que a peça mestre desse quebra-cabeça para você chegar ao sucesso e mantê-lo chama-se comunicação.

Não se refere às mídias sociais, publicidade e propagandas. Os dois ingredientes mágicos dessa receita é a comunicação intra e interpessoal, nessa ordem. O novo consultor tem como premissa a compreensão sistêmica, o pensamento sistêmico e a capacidade de ensinar  e desenvolver esta habilidade, que é como uma “arte”, pois você passa a ver conexões, interações que antes você não via e isso faz a diferença, pois amplia as suas possibilidades.

Também para a sobrevivência nesse cenário o consultor precisará muito mais do que dominar tecnicamente apenas a área em que atua, ele precisará se comprometer com o desenvolvimento e evolução com harmonização de todo o sistema, pré e pós ao seu trabalho. Com objetivos a curto, médio e longo prazo.

Nesta oportunidade abordaremos sobre comunicação e relacionamentos. Onde no setor da agropecuária, fala-se pouco sobre a importância do capital humano e faz-se menos ainda.

Uma frase adaptada fala tudo: “empresas rurais não se transformam, pessoas sim. É necessário transformar as pessoas para que haja mudanças na empresa rural.”

O profissional com o compromisso de mudar a realidade à que seu projeto propõe o mesmo não impõe as informações que julga ser certo ou errado, conforme a visão da realidade que possui. Ele se transporta para a realidade do cliente e a partir daí cria a oportunidade para que o seu cliente perceba, compreenda, aprenda e compre a necessidade de sua ideia e projeto por si só e de outro ponto de vista.

Para que isso aconteça, tem que ter e saber usar as ferramentas certas para transpor as barreiras da cultura e crenças do cliente, assim de forma inconsciente o cliente somaticamente terá a permissão, aceitação com congruência e desta maneira haverá comprometimento e confiança do cliente com o projeto e processos. É necessário esse alicerce ser muito bem construído, para que  as paredes e telhados não ruírem à curto e médio prazo.

O novo consultor terá que ter as ferramentas certas e polidas prontas para serem usadas para diagnosticar e sanar quando houver ruídos envolvendo a liderança vertical ou até mesmo a horizontal.  Pois tem a consciência que o capital humano é a peça mestre para que seu projeto tenha o sucesso esperado, por isso ele tem o comprometimento muito além do que passar apenas o conhecimento técnico.

Muitas das vezes precisará usar as ferramentas para desenvolvimento pessoal com as pessoas envolvidas, para que consiga de forma harmônica desenvolver as habilidades e competências necessárias para determinada função.

A importância da comunicação

Nesse mundo acelerado e com mudanças constantes, a comunicação é a primeira atitude que temos para nos atualizarmos, para nos relacionarmos com tudo e com o todo. A comunicação com ruídos pode ser uma arma, a palavra proferida age como um gatilho, uma vez acionado não há volta. Ela pode abrir horizontes imagináveis como também atirar pessoas em abismos, podendo destruir sonhos, afetando gerações. Somos feitos de palavras, elas são a nossa única realidade ou, pelo menos, o único testemunho de nossa realidade.

A influência da  comunicação intrapessoal

A comunicação intrapessoal é o diálogo interno que temos com nós mesmos. É a forma como nós recebemos as informações e como as interpretamos, como se nós fossemos o emissor e receptor ao mesmo tempo. E é dessa maneira que são formadas as nossas crenças (nos dão ou não permissão), valores (motivação), competências, hábitos e demais comportamentos, ou seja, a nossa realidade. Que irá influenciar a nossa comunicação intrapessoal.

Vários estudos comprovaram que o sucesso é construído por 80% de influência da inteligência emocional e 20% do alto desempenho (QI). Provavelmente você já passou por alguma situação onde o emocional te influenciou negativamente. Precisamos ter esse equilíbrio interno para que consigamos usar mais eficientemente nossas habilidades, sejam elas quais forem. Inclusive em relação a nossa comunicação, para nos relacionarmos com o mundo eficientemente.

Uma prova viva dessa interferência foi a atuação da nossa seleção no dia 08/07 contra a Alemanha.

O Agronegócio brasileiro

O agronegócio, por vários motivos (cada setor com suas particularidades) está sendo forçado a evoluir drasticamente. E essa evolução consiste em aumentar a produtividade eficientemente, mas nem sempre esse objetivo tem como resultado o aumento da lucratividade, em muitas situações tem sido apenas para manter o ROI (Retorno sobre o Investimento) positivo. E se analisarmos através de uma visão sistêmica, um dos principais motivos pela busca incessante de tecnologias, é que a cada ano que se passa a margem do lucro líquido, vai se estreitando.

E qual a realidade? Nós estamos em uma “era tecnológica” onde se tem acesso a muitas pesquisas e tecnologias de ponta, a cada dia tem novo equipamento no mercado, novos conceitos e novos processos. Se regredirmos no tempo e voltarmos a 20 anos atrás, onde jamais imaginaríamos que muitas dessas evoluções seria possível. E nesse contexto, pudéssemos olhar para hoje com uma visão analítica…

Com essa visão imaginarmos o panorama atual como uma metáfora de uma balança, onde de um lado tenha “era tecnológica” e o outro lado tenha todo o contexto da realidade atual do nosso Brasil Agropecuário, onde esse contexto é relevante, pois é necessário para que esses novos conceitos e tecnologias possam ser implantados eficientemente com responsabilidade e equilíbrio com tudo e todos para que se consiga obter o mais alto ROI (Retorno sobre Investimentos) sem efeitos colaterais. Facilmente chegamos a conclusão que o dinheiro na escada de valores – está acima do fator humano- somatizando com o fator onde cada um olha somente para o próprio umbigo não se importando com o  impacto  que poderá causar no sistema (teoria do “caos”). Mais cedo ou mais tarde, o sistema irá entrar em colapso.

Em nossa cultura cada vez mais está se valorizando e estimulando profissionais cada vez mais focados em um ponto só e proporcional à esse status ostenta-se um ego que  cada vez o deixa autosuficiente, isolado.  Só que estão esquecendo que esse ponto é apenas mais uma peça do quebra cabeça e para a imagem se formar, existem inúmeras peças que precisam se harmonizar, se encaixar, e para que isso aconteça é preciso chamar a responsabilidade pelas interferências que possam ocasionar no sistema. E uma das peças principais desse quebra cabeça é fator humano.

A bola da vez

O setor de RH está se tornando uma realidade no Agronegócio Brasileiro, extremamente necessário. Onde nesse momento percebe-se que o capital humano está sendo um dos maiores gargalos para evoluir e até mesmo se manter no mercado

E nesse momento a atenção está começando a se voltar para o capital humano, onde muitos estão percebendo o quanto esse ponto é tão delicado e ao mesmo tempo o quão importante é para a evolução do sistema.

Por Lineo Carvalho, médico veterinário e especialista em áreas relacionadas ao desenvolvimento humano, PNL e coaching