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O que a Minerva viu na Austrália para dobrar a aposta

Por muitos anos, a brasileira Minerva Foods defendeu a estratégia de concentrar a operação industrial na América do Sul, região do mundo mais competitiva para a produção de carne bovina, o que a distinguia das concorrentes JBS e Marfrig — ambas fizeram incursões bilionárias nos Estados Unidos e Europa.

De 2021 para cá, no entanto, o approach mudou. A América do Sul continua sendo a plataforma prioritária para a produção de carne bovina — a Minerva é a maior exportadora da região —, mas o negócio dos Vilela de Queiroz está cada vez mais interessado em investir do outro lado do mundo.

Depois de estrear na Austrália no ano passado, com a aquisição de dois abatedouros de cordeiro no oeste do país, a Minerva deu ontem à noite sua maior tacada no país dos cangurus. Por R$ 1,3 bilhão, comprou a Australian Lamb Company (ALB), a maior indústria de cordeiros do país.

O que explica o interesse pela Austrália? O Pipeline conversou com Fernando Galletti de Queiroz, o CEO da Minerva sobre o mais recente investimento da empresa brasileira.

Com a aquisição, a Minerva se tornou a maior frigorífico de cordeiros da Austrália — o país da Oceania é também o maior player global nessa proteína —, agregando 15% de market share (capacidade de abate de 4,8 milhões de cabeças ao ano) e receita anualizada de R$ 3 bilhões.

O negócio foi feito em sociedade com os sauditas da Salic — os brasileiros detêm 65% de uma joint venture criada no ano passado para investir na Austrália —, o que por si só é um indicativo do interesse estratégico do Oriente Médio na importação de carne de cordeiro.

De acordo com Galletti de Queiroz, a pandemia mudou a dinâmica no comércio de cordeiro. Por razões sanitárias, o Oriente Médio passou a importar mais carne ao invés de comprar os animais vivos como costumava fazer. A própria Salic, aliás, cria cordeiros na Austrália.

A experiência da Minerva no trading de proteínas também despertou o interesse do grupo para entrar na produção. “Por ser de nicho, é um negócio de boas margens”, acrescentou Edison Ticle, o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia. Atualmente, ALB opera com uma margem Ebitda próxima de 13%, enquanto a Minerva fez perto de 9% no primeiro semestre.

A transação também saiu a um múltiplo (EV/Ebitda) próximo aos da Minerva, de 4,8 vezes, o que deve ajudar a criar valor com o M&A, acrescentou Ticle. “Seguimos nossa disciplina financeira. Nos últimos anos, reduzimos o endividamento e pagamos dividendos”, disse o executivo.

No sell side, os primeiros relatórios avaliaram o negócio de forma positiva. Thiago Duarte e Henrique Bustolin, do BTG Pactual, escreveram que a aquisição terá um impacto pequeno sobre o endividamento da companhia.

“Mesmo sem considerar o Ebitda da ALC, o índice de alavancagem do Minerva deve aumentar apenas 0,3 e fechar o ano em um nível confortável de 2,3 vezes (ou 2,2 vezes ao incorporar os números da ALC, o que ainda permitiria um payout alto de 50%”. disseram os analistas.

O BTG reiterou a recomendação de compra dos papéis da Minerva, com preço-alvo de R$ 21, o que embute um potencial de valorização de quase 50%. Em bolsa, a companhia dos Vilela de Queiroz está avaliada em R$ 8,6 bilhões.

Fonte: Pipeline.

1 Comment

  1. Josimar lopes cordeiro disse:

    Muito bom parabéns
    Minerva foods