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O que aconteceu em fevereiro

O mercado físico do boi gordo operou firme e estável em fevereiro, comportamento
atípico para um mês de safra, ainda mais se considerarmos a comedida demanda por carne bovina.

No decorrer do mês, as programações de abate raramente se estenderam para mais de 4 dias, não havendo espaço para recuos.

Ocorreram reduções nos volumes diários de abate e falhas, sobretudo no Paraná, onde por alguns momentos os compradores precisaram de animais para entrega imediata.

Amargando um constante aumento nos custos de produção, o pecuarista reteve seus animais em engorda, à espera de melhor remuneração. A ótima condição das pastagens permitiu a estratégia.

Quem tentou derrubar os preços não obteve sucesso, pois com o dólar próximo a R$3,60/@, e a exportação de vento em popa, o produtor, bem informado, não aceitava a redução de suas margens, já estreitas.

Ao longo do período, na média das 25 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, houve uma ligeira desvalorização do boi gordo, 1%, o que não é significativo. O destaque negativo foi Santa Catarina, onde o recuo chegou a 4%. Nas regiões de Redenção e Marabá (PA), destaques positivos, a cotação do boi gordo subiu 2%.

Ao que parece, as maiores surpresas ficaram reservadas para o pós carnaval.

A “paradeira” tradicional do período, que tende a derrubar o consumo, mas também dificultar os abates, deve influenciar de maneira variada a evolução dos negócios nas diferentes praças pecuárias, dependendo da amplitude das escalas até a proximidade do feriado.

Atacado

As expectativas de melhoria da demanda por carne bovina, com a volta às aulas em fevereiro, frustraram-se. O consumo permaneceu retraído e os preços chegaram a recuar logo no início do mês.

Após isso, com a redução da oferta de carne, em função da dificuldade em conseguir boi para abate, os preços do atacado encontraram certa sustentação, permanecendo estáveis na maior parte do mês.

Mais para o final do período, o enxugamento do mercado, aliado ao bom desempenho das exportações, e à pressão dos frigoríficos, o atacado retornou aos patamares do início do mês: R$3,90/kg para o traseiro (avulso e casado), R$2,60/kg para o dianteiro (avulso e casado), R$1,95/kg para a ponta de agulha para charque e R$2,80/kg para a vaca casada.

Os indicadores econômicos inibem qualquer esperança de retomada do consumo. O nível de desemprego permanece alto e as tarifas de serviços públicos, além das cargas tributárias, estão cada vez mais elevadas.

Para o carnaval, o consumo tende a se retrair ainda mais. Espera-se que uma provável diminuição do volume de abates impeça a queda dos preços.

Exportações

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) as exportações brasileiras de carne bovina em 2002 alcançaram 966 mil toneladas em equivalente carcaça, proporcionando um faturamento recorde, US$1,096 bilhão.

2003 começou prometendo. A China entrou para a carteira de clientes e o volume exportado em janeiro/03 foi 39% superior ao embarque de janeiro/02.

É possível que o Brasil desponte esse ano como o principal fornecedor de carne bovina no mercado mundial. Isso porque uma estiagem severa e prolongada vem levando à diminuição sistemática do rebanho australiano, atualmente o primeiro do ranking.

Reposição

O mercado de animais para reposição operou em ritmo normal, com preços firmes e estáveis. No entanto, o volume de negócios está aquém do que esperavam os vendedores.

Acreditava-se que, em função da boa recuperação das pastagens e da forte valorização do boi gordo, recriadores e invernistas iriam adotar uma postura mais franca nesse início do ano.

Em função de um forte movimento de retenção de matrizes, espera-se por uma boa safra de bezerros este ano. Estes animais devem começar a chegar em peso ao mercado a partir do final de março.

Dependendo do volume ofertado, os preços podem até recuar caso a demanda não aumente.

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